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Empresas abrem vagas de home office; a entrevista á virtual
Só na última semana de junho, 1,4 milhão de pessoas perderam o emprego, diz IBGE.
Em 27/07/2020 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
O home office superou as expectativas das empresas. Muitas criaram vagas específicas nesse modelo, principalmente para profissionais mais escolarizados em setores que tiveram demanda elevada na quarentena.
Um dos piores efeitos colaterais da pandemia é o desemprego. Só na última semana de junho, 1,4 milhão de pessoas perderam a ocupação, segundo o IBGE, elevando a taxa de desemprego a 12,4%. Num cenário desafiador como este, parece muito remota a chance de se conquistar uma vaga. Mas executivos de empresas de recrutamento afirmam que é possível encontrar oportunidades surgindo em meio ao caos, especialmente no trabalho remoto, uma necessidade imposta pela pandemia que veio para ficar.
O home office superou as expectativas das empresas. Muitas criaram vagas específicas nesse modelo, principalmente para profissionais mais escolarizados em setores que tiveram demanda elevada na quarentena.
O diretor-geral do LindkedIn na América Latina, Milton Beck, destaca as áreas de Tecnologia da Informação (TI), vendas, engenharia, call-center e cargos como gerente de contas e analista de negócios. Os processos seletivos para essas novas vagas também são 100% on-line. Há contratos fixos e temporários.
“Tivemos queda de 30% na oferta de emprego desde março e agora uma leve subida, o que sugere que o pior momento já passou”, diz o executivo da rede social profissional. Ele continua:
“Imaginávamos que a área de saúde seria a mais aquecida, mas nem sempre o óbvio acontece. Muitas empresas estão passando por transformação digital, e isso exige novos profissionais. Quem conhece bem e-commerce, cadeia de suprimentos e tecnologia tem oferta de trabalho.”
Falta de mão de obra qualificada
Mariana Ramos, fundadora da empresa de seleção Gupy, acrescenta que uma outra área aquecida é a de atendimento:
“Todas as empresas estão buscando segurar seus clientes. Por mais que aumente o desemprego, há escassez de mão de obra qualificada. O que vai fazer a empresa parar ou ir para frente são as pessoas”.
A especialista de marca empregadora Carolina Dinis configura bem o novo tipo de profissional procurado nessa crise. Atuante na área de tecnologia, ela foi demitida no início da pandemia e ficou dois meses desempregada.
Há três semanas, começou — em home office — a trabalhar em outra empresa de TI. Mas sua principal função é justamente atrair outros talentos neste momento de transformação.
“Foi um baque ser demitida. Tirei duas semanas para descansar. Depois, usei o tempo para estudar sobre o mercado e ampliar o networking. Além de atualizar currículo e LinkedIn, contei com a ajuda da antiga empresa na recolocação”, conta Carolina. “As empresas precisam rever a força de trabalho para inovarem. “
Chefe sem rosto
Neste novo panorama, com a interação digital dominando da entrevista de emprego até o treinamento e o trabalho em si, os profissionais precisam dominar a tecnologia. Pode ajudar na conquista de uma vaga saber fazer um vídeo-currículo, no qual o profissional fala de suas habilidades e interesses, e treinar para entrevistas e reuniões virtuais
O arquiteto de automação de rede Renê Sobral mudou de emprego na pandemia em um processo seletivo todo virtual. Ele mora na Flórida, nos EUA, e até hoje não viu nem o rosto do seu chefe, que fica em uma unidade da empresa de tecnologia no Brasil. Embora trabalhe em casa há oito anos, ficou surpreso com o processo.
“Não fiz um contato por videoconferência. Não sei se porque as pessoas não estavam saindo nem para ir ao barbeiro, mas até hoje meu chefe não apareceu para mim”, brinca.
Carolina, que também fez toda a seleção virtualmente, gostou da experiência:
“Foi melhor do que muitos processos presenciais que já fiz. Acho que há mais cuidado em entender se há encaixe com a cultura da empresa.”
Sofia Esteves, presidente do Conselho de Administração da Cia de Talentos, uma das principais empresas de recrutamento para multinacionais, diz que a seleção pela internet continuará após a pandemia: “O RH vai ficar ainda mais digital. As empresas estão gostando muito, não tem retorno ao modelo antigo. Uma boa surpresa é que treinamentos virtuais têm 30% mais participação que os presenciais. Como não há deslocamento, ficam mais ágeis.”
Beck lembra que, apesar do imperativo da tecnologia, profissionais precisam desenvolver habilidades que máquinas não têm e que serão valorizadas no pós-pandemia, como adaptabilidade, persuasão, resiliência e empatia:
“Uma dificuldade é se conectar com a cultura da empresa à distância. Tecnologia não substitui olho no olho. O candidato tem que pesquisar sobre a empresa e os executivos e se manter informado. Há menos, mas há vagas. É preciso focar em como se preparar para ter mais chances.”
Vagas remotas
Na Cia de Talentos, há vagas nas áreas de infraestrutura, alimentos, bens de consumo, química, bancária, farmacêutica, agrícola, seguros, bancária e em start-ups. O trabalho remoto abre a possibilidade de contratação fora da cidade onde estão as empresas.
Em São Paulo, a fintech facilitadora de pagamentos Listo abriu 90 vagas. As de desenvolvimento de sistemas, finanças, RH, marketing, estratégia, operações e atendimento são para quem mora na capital paulista, mas as da área comercial podem ser preenchidas por pessoas em outras cidades.
Na Caricanecas, que contratou 39 pessoas na pandemia, há dez vagas para novos desenhistas para produtos customizados em home office.
“É um modelo que adotamos na pandemia e que provavelmente vai ser o novo padrão da empresa, já que estamos conseguindo gerir a equipe a distância, com boa parte inclusive sendo mais produtiva trabalhando de casa”, diz o fundador Wdson Sandenys.
Entre as startups do ecossistema Cubo Itaú, a Dootax, de pagamentos de tributos, abriu oportunidades nas áreas comercial, de marketing e desenvolvimento. Para desenvolvedor Java, por exemplo, o salário é de R$ 10 mil. Analistas de suporte técnico podem ganhar até R$ 2 mil. A Cognizant oferece 150 vagas para analistas, desenvolvedores e arquitetos de dados. (Agência O Globo)