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Enchente deixa os moradores de bairro de Ilhéus sem casa

Semana começou trágica no bairro de Sambaituba, bairro da zona rural de Ilhéus, na Bahia.

Em 31/12/2021 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Foto: © Camila Souza/GOVBA/Direitos reservados

Nesta sexta-feira (31), a enchente está recuando, mas as casas mais próximas do rio estão com a água na altura do telhado.

A semana começou trágica no bairro de Sambaituba, bairro da zona rural do município baiano de Ilhéus. No domingo (26), os moradores acordaram com a água invadindo ruas e casas. As fortes chuvas que caíram no estado provocaram a cheia do Rio Almada, que margeia a região, e transformaram Sambaituba em um bairro parcialmente submerso. O barco se tornou o principal meio de transporte no local. 

Nesta sexta-feira (31), a enchente está recuando, mas as casas mais próximas do rio estão com a água na altura do telhado. Em outras ruas, onde a água também chegou próximo às telhas das casas, ela já abaixou. Na maior parte do bairro ainda se anda de barco ou com a água, no mínimo, no meio da canela.

“A minha rua se encontra com nível de água alto. Da minha casa eu não pude retirar nada, porque à medida que ia chovendo, a água subia muito rápido, o nível se elevava muito rápido. Então, saímos de lá com a roupa do corpo”, conta Thainara Santos, 26.

Ela, o marido e o filho de 7 anos estão abrigados em uma escola local. Ela agora espera as águas abaixarem para ver o que pode salvar dos móveis e eletrodomésticos.


A água recuou nos últimos dias em Sandaituba, mas muitas casas ainda estão alagadas. Foto: Camila Souza/GOVBA/Direitos reservados

De muitas casas ainda só se vê o telhado. Aos moradores de casas de dois andares, restou a mudança para o pavimento superior, junto com os móveis do primeiro andar. Mas muitos não tiveram essa opção. Um morador da cidade, ao perceber que a água tomou as ruas mais próximas ao rio, foi até o local para oferecer ajuda. Encontrou um casal de idosos e os ajudou no resgate e na retirada de alguns dos móveis. Quando retornou, deparou-se com a própria casa já tomada pela água. Foi a vez dele precisar de ajuda. E isso aconteceu com frequência.

“O que está nos mantendo alimentados e vestidos são as pequenas ONGs [organizações não governamentais], é a solidariedade do povo. O povo é que nos ajuda”, disse Thainara.

Ela e outros moradores relataram à Agência Brasil que a enchente trouxe à tona uma solidariedade entre os moradores. Muitos ajudando os outros na retirada dos móveis, a salvar o que pode ser salvo e acolhendo quem teve sua casa submersa.

“A gente está passando uma situação muito difícil com a enchente. Desde domingo que estamos ilhados, sem poder sair. Muita gente desabrigada. Mas tem muita gente ajudando, helicópteros trazendo comida para a população e o povo está se virando como pode”, disse José Carlos Nascimento, 51.

José Carlos também precisou deixar sua casa, onde a água invadiu e subiu cerca de um metro. Com a trégua da chuva e o lento recuo das águas, ele confia em uma melhora do cenário nos próximos dias.

“As águas começaram a baixar. Espero que daqui uns quatro ou cinco dias a gente esteja em uma situação mais confortável”.

Não bastasse a fúria da natureza contra o bairro simples de Ilhéus, a ação de ladrões traz uma preocupação extra àqueles que precisaram deixar suas casas. Saqueadores estão aproveitando as casas vazias para roubá-las.

“A nossa situação é lastimável, estamos isolados, ilhados. E além do medo de chover novamente, do nível da água elevar, temos o receio das nossas casas serem arrombadas, porque é o que está acontecendo aqui em Sambaituba”, acrescenta Thainara.

Alimentos, cobertores, dentre outros itens, estão chegando. Helicópteros do Corpo de Bombeiros e da Marinha chegam ao município para levar doações. A prefeitura também tem colaborado com cestas básicas e quentinhas, mas alguns moradores reclamam da lentidão do poder público local em oferecer apoio, além da burocracia. Isso porque o governo municipal decidiu fazer um cadastramento das famílias que necessitam de ajuda e muitos moradores estão sem os documentos, que ficaram nas casas tomadas pela água.

Prefeitura

A prefeitura informa que o formulário a ser preenchido pelos moradores “visa mapear a situação da população afetada e de maior vulnerabilidade, seu perfil e suas necessidades mais urgentes, para prover subsídios e ofertas socioassistenciais”. A reportagem questionou a prefeitura de Ilhéus sobre as providências a respeito da assistência emergencial aos moradores, bem como a possíveis auxílios aos que perderam móveis e eletrodomésticos, além de providências em relação aos saques denunciados pelos moradores. Mas até o fechamento desta matéria não recebeu resposta.

Em um boletim divulgado pela prefeitura de Ilhéus na última terça-feira (28), o município tinha 946 pessoas desabrigadas acolhidas em 18 escolas municipais que recebem as pessoas que tiveram que sair de casa e que dependem de um abrigo provido pelo poder público. Somente em Sambaituba são 330 pessoas acolhidas na escola local.

O município tem recebido doações de alimentos, itens de higiene, dentre outros. Segundo a responsável da prefeitura pelo recebimento das doações, a coordenadora de projetos da Secretaria Municipal de Promoção Social e Combate à Pobreza, Luana Messias, existe necessidade de alimentos, colchonetes, itens de higiene pessoal, material de limpeza e medicamentos como dipirona, loratadina e paracetamol.

Uma conta bancária foi criada pela prefeitura especificamente para receber as doações financeiras de quem puder doar. Segundo a prefeitura, esses recursos serão convertidos em materiais necessários para as pessoas vulneráveis. Banco do Brasil Agência 0019-1, Conta Corrente 81998-0, CNPJ 13.672.597/0001-62. Pix: sefaz@ilheus.ba.gov.br. (Por Marcelo Brandão/Agência Brasil)

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