CIDADE

Entra em vigor a proibição do sal em mesas de restaurantes do ES.

Multa para bares e restaurantes que desobedecerem será de R$ 1.343,55.

Em 09/07/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Se será eficaz ou não só o tempo vai mostrar. Fato é que a partir desta quinta-feira (9) sachês ou recipientes com sal vão ter que ficar longe das mesas e balcões de bares e restaurantes. O estabelecimento que desobedecer vai ser multado em R$ 1.343,55.

É o que determina a lei estadual nº10.369/2015, que entrou em vigor hoje, 45 dias após ser sancionada pelo governo do Espírito Santo.

Por nota, o governo do estado justificou que a proposta é uma forma de desestimular a ingestão de sal, “levando em consideração o elevado consumo de sódio pela população brasileira, sua influência na prevalência de hipertensão arterial e a importância de controlar esse consumo, o que poderá trazer consequências positivas para toda a sociedade capixaba”.

A Secretaria de Estado da Saúde tem pelo menos 263 mil pessoas cadastradas com hipertensão. Pela lei, os clientes podem solicitar o sal extra ao estabelecimento.

A população ainda se mostra dividida sobre o sucesso da lei. “Acho válida. Tendo na mesa, as pessoas pegam pelo hábito. Não consumo muito sal, só o que já vem na comida. Mas vai diminuir o consumo. O pessoal é tão preguiçoso que não vai se levantar para pegar”, acredita o empresário Diego Friques, 26 anos.

De maneira oposta pensa o seu colega, o também empresário Luciano Santos, 24 anos. “Não vai adiantar muito porque o cliente pode pedir o sal. O número de clientes que desistem do sal é pequeno”, afirma Luciano.

Bares
Na avaliação do presidente do Sindicato dos Restaurantes, Bares e Similares (Sindbares), Wilson Calil, a lei vai “tumultuar bastante o funcionamento dos negócios”. “Com certeza essa obrigatoriedade vai atrasar o atendimento”, afirmou o presidente por nota.

O governo do Estado apontou que a proposta veio em resposta “às demandas da sociedade para adoção de ações voltadas à redução do consumo de sódio”. E acrescentou que o Sindbares pode apresentar sugestões, “que serão muito bem vindas e levadas em consideração”.

Somente após o decreto que regulamentará a lei ficará definido a quem caberá a fiscalização. Isso acontecerá em 15 dias.

Profissionais da saúde defendem a nova lei contra tempero
Profissionais ligados à área da saúde defenderam a lei que proíbe bares e restaurantes de deixarem sal disponível nas mesas e balcões para clientes. Reconhecem que ela isolada não vai diminuir o consumo, mas que, associada a outras medidas, vai ajudar na redução.

“Você não vai conseguir reduzir de uma hora para outra. A lei vai dar uma pequena contribuição para que, com outras, reduzam o consumo”, afirmou o fisiologista José Geraldo Mill, que coordena pesquisa sobre consumo de sal em Vitória e que serve de parâmetro para todo o país.

O consumo máximo diário recomendado é de cinco gramas por dia. Mas a média diária ingerida é de 11 ou 12 gramas, segundo o pesquisador.

O sódio é consumido em três frentes: no já existente nos alimentos, no usado para o seu preparo e no acrescentado pelos consumidores depois de pronto. “Essa lei atua em uma dessas três frentes”, reforça Geraldo Mill.

A nutricionista Ana Maria Bartels Rezende alerta que o maior perigo está no consumo de alimentos industrializados, que concentram maior quantidade de sal. “Essa medida é uma das estratégias. Não é a única nem a principal, mas é uma medida importante”, diz ela, que é doutora em Saúde Pública e coordenadora do curso de Nutrição da UVV.

Fonte: G1-ES