SAÚDE

ES está sem receber testes de dengue do governo federal há 4 meses.

Sesa tem priorizado os casos mais graves.

Em 12/02/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Há mais de quatro meses, a Secretaria de Estado de Saúde (Sesa) não recebe os kits de sorologia usados em exames de detecção de dengue. O atraso do Ministério da Saúde na entrega dos testes também tem ocorrido em outros estados. A solução no Espírito Santo tem sido contingenciar os exames, priorizando casos mais graves.

Em média, a Sesa realiza 300 testes de dengue todo mês, que são feitos por amostragem. Para tanto, o Ministério da Saúde repassa para o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), uma quantia mensal de cerca de 400 exames.

Mas o subsecretário de Saúde do Estado, Magnus Thezolin, afirma que o último repasse do governo federal aconteceu em setembro do ano passado, quando 384 testes foram entregues. Desde então, o diagnóstico está sendo realizado apenas em gestantes, pacientes graves e para a confirmação da doença em casos de óbitos suspeitos.

O ministro da Saúde, Marcelo Castro, informou que a demora se deve a um atraso na licitação para compra do material, mas garantiu que a distribuição está sendo normalizada.

De acordo com Thezolin, o Ministério da Saúde informou que enviará mais 480 exames até o dia 22 de fevereiro. No entanto, como a tendência é que os casos de dengue aumentem nessa época do ano, a Sesa utilizará recursos próprios para comprar outros 30 mil testes ao longo de 2016.

O subsecretário destaca que o diagnóstico correto é importante para o monitoramento das condições epidemiológicas do estado.

Já o infectologista Lauro Ferreira Pinto lembra que a dengue ainda é uma doença perigosa, que pode levar à morte. Portanto, o atraso na confirmação pode prejudicar o tratamento, principalmente porque os sintomas da doença são semelhantes aos da zika e da chikungunya, que são doenças novas.“Nesse momento de epidemia é muito importante a agilidade do médico em confirmar diagnóstico, até porque os sintomas dessas doenças se confundem muito. Isso facilita o serviço das unidades de saúde e o trabalho do profissional que está atendendo”, pontua.

Outra promessa do Ministério da Saúde, anunciada em janeiro é de que um teste capaz de fazer o diagnóstico simultâneo de dengue, zika e chikungunya esteja disponível ainda neste primeiro semestre.

Mais 1,7 mil casos em uma semana
Mais de 1,7 mil casos de dengue foram registrados no Espírito Santo nesta última semana. De acordo com o boletim divulgado ontem pela Secretaria de Estado de Saúde (Sesa), o número de pessoas afetadas pela doença já chega a 10.718, enquanto na semana passada eram 8.973.

Desse total, 28 casos são suspeitos da forma grave da doença e uma morte, que pode estar relacionada ao vírus, está sendo investigada.

Também seguindo uma tendência de crescimento, as notificações de suspeitos de infecção por zika vírus passaram de 1.526 para 1.542, sendo 20 casos confirmados laboratorialmente (15 em Vitória, dois em Vila Velha, um em Aracruz e um em São José do Calçado).

Mais seis bebês, nascidos ou gestação, foram diagnosticados com microcefalia nesta última semana. Agora, o número de crianças afetadas pela malformação já chega a 60 no Espírito Santo, embora ainda não haja confirmação da relação entre a doença e o zika vírus.

De acordo com a chefe da Vigilância Epidemiológica da Sesa, Célia Marcia Birchler, neste primeiro momento há uma propensão de crescimento do número de casos de infecção por zika vírus, inclusive em função da sensibilidade dos profissionais de saúde, que estão atentos no registro dos casos.

Por outro lado, ela também ressalta as condições favoráveis do Estado para a proliferação do Aedes aegypti. “O Espírito Santo tem uma temperatura média anual que favorece o mosquito e, consequentemente, a presença da doença”, justifica.

Fonte: G1-ES