ECONOMIA INTERNACIONAL
Eurogrupo volta a se reunir neste domingo para discutir futuro da Grécia.
No sábado (11), reunião do Eurogrupo terminou sem acordo.
Em 12/07/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Os ministros das Finanças e da Economia da zona do euro voltam a discutir neste domingo (12), a partir das 6h, a ajuda a Grécia. A reunião dos Eurogrupo de sábado (11) terminou sem acordo.
Os ministros estiveram reunidos por mais de sete horas no sábado para avaliar as propostas apresentadas na véspera pelo governo grego em troca de ajuda financeira ao país, que tem dívidas superiores a 150% de seu Produto Interno Bruto (PIB).
Os ministros reconheceram as dificuldades no debate. "Foram discutidas as questões de credibilidade e confiança, além das questões do financiamento relacionadas, mas não chegamos a uma conclusão", afirmou o holandês Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo. "Ainda é muito difícil, mas o trabalho ainda está em progresso."
Sob a presidência dele, o fórum começou às 10h30 (horário de Brasília) a analisar o plano de reformas solicitado pelo governo de Alexis Tsipras para que a Grécia receba um novo resgate, por um período de três anos e por um valor de cerca de € 50 bilhões.
As últimas propostas do governo grego, no entanto, estão longe de serem suficientes para a concessão de um terceiro pacote de ajuda financeira a Atenas, disse o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, em Bruxelas. "A confiança foi destruída de uma maneira inacreditável nos últimos meses", disse o alemão, acrescentando que não poderia "confiar em promessas" para aceitar continuar a ajudar a Grécia.
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, anunciou o cancelamento da cúpula de chefes de Estado e do governo da União Europeia (UE) prevista para este domingo, embora se mantenha o encontro dos líderes dos dezenove países que fazem parte do euro.
Propostas
Na quarta-feira (8), os gregos entregaram uma carta com um pedido formal para um empréstimo de resgate ao Mecanismo Europeu de Estabilização (ESM, na sigla em inglês), órgão responsável por fornecer ajuda financeira aos integrantes do bloco.
Na carta, assinada pelo ministro das Finanças da Grécia, Euclidis Tsakalotos, o país solicita ajuda, em valor não especificado, por três anos, e se compromete a realizar "reformas e medidas amplas a serem implementadas nas áres de sustentabilidade fiscal, e crescimento de longo prazo".
Em troca, se compromete a "implementar imediatamente um conjunto de medidas, a partir da próxima semana, incluindo mudanças relacionadas a reforma tributária e a pensões".
As medidas foram detalhadas em plano entregue na quinta (9). As propostas não foram oficialmente divulgadas.
De acordo com a Reuters, no entanto, o governo grego pede € 53,5 bilhões de euros para cumprir obrigações até o final de junho de 2018. Em contrapartida, se comprometeu a cumprir uma meta de superávit primário de 1% este ano, e de 2% em 2016. Os impostos sobre restaurantes seriam elevados para 13%, enquanto hotéis teriam alíquota de 13%.
A proposta prevê ainda elevação dos impostos para empresas; fim dos benefícios tarifários para as ilhas até o final de 2016; fim de alguns benefícios previdenciários até o fim de 2019; alta de impostos para empresas de transportes marítimos; e criação de uma tarifação sobre a publicidade na televisão. Além disso, o texto prevê, ainda de acordo com a Reuters, o corte de € 300 milhões nos gastos militares até o final do próximo ano.
Datas para privatização dos portos gregos deverão ser anunciadas ainda em outubro deste ano. A proposta também prevê que a privatização de aeroportos será facilitada.
Programa de ajuda expirado e dívida vencida
No último dia 30, expirou o programa de ajuda à Grécia, existente desde 2012 e firmado por meio de um mecanismo criado pelos europeus para ser temporário, conhecido como EFSF. A Grécia ainda tinha € 1,8 bilhão a receber por meio desse mecanismo, mas o governo recusou as condições de austeridade impostas, que incluíam aumento de impostos e cortes nas aposentadorias. Na mesma data, a Grécia deixou de pagar uma dívida de € 1,6 bilhão de euros ao FMI e entrou em moratória.
RESUMO DO CASO
- A Grécia enfrenta uma forte crise econômica por ter gastado mais do que podia.
- Essa dívida foi financiada por empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do resto da Europa.
- Em 30 de junho, venceu uma parcela de € 1,6 bilhão da dívida com o FMI. Então, o país entrou em "default" (situação de calote), o que pode resultar na sua saída da zona do euro. Essa saída não é automática e, se acontecer, pode demorar. Não existe um mecanismo de "expulsão" de um país da zona do euro.
- Como a crise ficou mais grave, os bancos estão fechados para evitar que os gregos saquem tudo o que têm e quebrem as instituições.
- A Grécia depende de recursos da Europa para manter sua economia funcionando. Os europeus, no entanto, exigem que o país corte gastos e aumente impostos para liberar mais dinheiro. O prazo para renovar essa ajuda também venceu em 30 de junho.
- Em 5 de julho, os gregos foram às urnas para decidir se concordam com as condições europeias para o empréstimo, e decidiram pelo "não".
- Os líderes europeus se reuniram esta semana para discutir a situação grega e deram um ‘ultimato’ ao governo grego, exigindo uma proposta até dia 9 de julho.
- A Europa pressiona para que a Grécia aceite as condições e fique na zona do euro. Isso porque uma saída pode prejudicar a confiança do mundo na região e na moeda única.
- Para a Grécia, a saída do euro significa retomar o controle sobre sua política monetária (que hoje é "terceirizada" para o BC europeu), o que pode ajudar nas exportações, entre outras coisas, mas também deve fechar o país para a entrada de capital estrangeiro e agravar a crise econômica.
Fonte: G1