NEGÓCIOS
Ex-bancário transforma rescisão em um negócio de R$ 18 milhões.
Raniery Queiroz, da MTCred: abriu o negócio com o dinheiro de sua última rescisão de contrato.
Em 15/01/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
São Paulo – Um investimento polpudo não garante um negócio de sucesso. Da mesma forma que grandes investimentos podem evaporar diante de uma má gestão, empreendimentos com pouco capital inicial podem acabar dando muito certo.
Esse segundo caso resume bem a trajetória do empreendedor Raniery Queiroz: ele começou seu negócio com 13 mil reais – o dinheiro de sua rescisão, logo após ter sido demitido do seu cargo de gerente de banco. Com um bom conhecimento da concorrência e de quais diferenciais poderia trazer, seu pequeno escritório deslanchou.
Assim nasceu a MTCred: uma rede de pequenos escritórios de crédito consignado (empréstimo descontado diretamente da folha de pagamentos da pessoa física).
Só no ano passado, o negócio faturou 18 milhões de reais – e, para o ano que vem, quer dobrar o faturamento e chegar a 100 unidades.
Demissão, mudança de vida e diferenciais
Queiroz trabalhou durante dez anos no setor bancário, em agências de Cuiabá (Mato Grosso). Porém, em 2008, a filial onde trabalhava fechou – e ele perdeu o emprego de gerente. “Tinha de buscar algo para fazer, e não queria mais voltar para as grandes redes de bancos. Acabei virando empreendedor por essa pressão mesmo”, conta.
O ex-bancário pensou nas habilidades que havia adquirido na carreira, e optou abrir um empreendimento na área de crédito consignado – com a qual havia trabalhado por um ano. O investimento inicial de 13 mil reais, vindo da rescisão do seu último emprego.
“Usei o dinheiro para montar a estrutura do meu escritório, em julho de 2008. Em seis meses, éramos o principal agente pequeno de crédito consignado do estado”, diz Queiroz.
Segundo o empreendedor, sua experiência em grandes bancos foi fundamental para fazer o empreendimento, chamado de MTCred, destacar-se no meio da concorrência.
“No lado das pequenas empresas, havia um mercado amador, formado por gente não profissionalizada e sem estrutura para expandir, por exemplo. Viemos com a proposta de realmente ter uma empresa organizada, com fluxo de caixa, processos e setores bem definidos”, defende Queiroz.
Ao mesmo tempo, o negócio tem um custo menor do que os grandes bancos e, assim, pode oferecer taxas mais atrativas – e um melhor atendimento, segundo o empreendedor
“A gente consegue oferecer os mesmos serviços dos bancos, só que com mais personalização. Eu atendo o cliente em casa, de forma remota e fora do expediente, por exemplo. No começo tínhamos uma jornada de 14 a 15 horas por dia, para realmente fazer acontecer.”
A taxa cobrada pela MTCred para o crédito consignado começa em 1,70% ao mês. Segundo a empresa, a média praticada pelo mercado é de 2,34%.
Reestruturação e expansão
Com isso, a MTCred chegou a ter 35 unidades próprias em 15 estados, por meio de parcerias concentradas em alguns sócios regionais. Porém, os planos não foram como esperado e algumas lojas não tinham uma boa operação.
“Percebemos que o nosso negócio depende muito do cuidado do dono: é preciso prospectar ativamente os clientes e mostrar segurança, já que lidamos com crédito e dinheiro. Com os sócios, a gestão se perde um pouco: eles têm várias unidades e não podem estar todos os dias em todas”, explica Queiroz.
Por isso, em 2011 a empresa adotou um outro modelo de expansão, focado em ter donos mais presentes: o franqueamento. Hoje, a MTCred possui 6 lojas próprias e 24 unidades franqueadas. “A intenção, em longo prazo, é ficar só com a loja-matriz e transformar o resto em franquias.
A reestruturação do negócio, aliada à busca de brasileiros pelo crédito em anos de crise econômica, trouxe frutos ao negócio. No ano passado, a MTCred faturou 18 milhões de reais, e vendeu 156 milhões em crédito.
Planos para 2017
Falando em crise, o negócio também resolveu aproveitar não só a procura dos consumidores finais, mas também a de potenciais franquados. Por isso, lançará neste ano o modelo de franquias Smart, que operam em “home office” (trabalho de casa).
“É um modelo feito para esse momento de crise, visando profissionais que não conseguem recolocação no mercado e não podem investir em um ponto comercial. Não é preciso ter experiência em crédito, pois fonecemos os materiais de treinamento e o suporte ao longo da operação; mas uma qualidade desejável é ser comercial, saber como vender”, diz Queiroz.
Com isso, a MTCred espera chegar a 100 franquias até o fim de 2017. Isso geraria um faturamento anual de 36 milhões de reais e cerca de 300 milhões de vendas em crédito.
Loja
Investimento inicial: 60 mil reais
Prazo de retorno: 8 a 10 meses
Smart
Investimento: 15 mil reais
Prazo de retorno: 6 meses
Por Mariana Fonseca