ESPORTE NACIONAL

Falta de excursões faz brasileiros se comportarem como fãs

Nossos clubes não enfrentam com frequência os times do futebol mundial.

Em 19/12/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Não é apenas o presidente da CBF que não sai do país. Os nosso maiores clubes também estão isolados e não marcam mais presença nos principais centros do futebol, que estão na Europa – o máximo que os nossos times fazem são jogos pela América do Sul, quando também sofrem grandes surpresas.

Uma coisa é assistir aos jogos, saber as escalações das equipes, as movimentações e toda a teoria. Outra bem diferente é atuar contra, conhecer os adversários e ter conhecimento do comportamento dos adversários em campo.

Como os nossos clubes não excursionam mais, os nossos jogadores se comportam muito mais como fãs dos principais atletas e times do planeta do que adversários. Hoje é um acontecimento um time brasileiro enfrentar um clube da Europa, fica quase sempre nesses jogos do Mundial de Clubes.

Lógico que existe a diferença técnica e de orçamento entre os times daqui e do Velho Mundo, mas a falta de costume em dividir o gramado com craques acaba fazendo muita falta - até para que os nossos times possam fazer uma partida mais equilibrada, não tomarem um gol em um lance bobo ou possam dar, ao menos, um chute ao gol em uma jogada trabalhada.

Até brincamos com algumas situações, como, o duelo entre o Edílson e o Cristiano Ronaldo, que foi muito comentado antes da partida entre Grêmio e Real Madrid. Se o Grêmio, assim como os principais clubes do país pudessem excursionar, com certeza, o Edílson já teria jogado contra o craque português, saberia qual a melhor maneira de tentar anular o adversário e ninguém ficaria fazendo esse tipo de piada – que não tem graça alguma.

O intercâmbio faria com que os jogadores, que atuam por aqui, também se adaptassem com o ritmo e velocidade do jogo, que totalmente diferente do que os nossos jogadores estão habituados. Compare: quando um jogador que joga por aqui, atua em um jogo da seleção brasileira, ele entra em campo em outra rotação e, invariavelmente, acaba decepcionando e perde a vaga para um jogador que é reserva do reserva lá na Europa.

Se na teoria parece fácil marcar a saída de bola de um time como o Real Madrid, a prática mostra que é bem diferente.

O time espanhol nem se incomodou com a marcação inicial do Grêmio e conseguia tocar a bola sem desespero. O Grêmio, não aguentou – até fisicamente – pressionar o Real Madrid por mais de cinco minutos. Por outro lado, o Grêmio – aconteceria com qualquer dos nossos clubes - não conseguia trocar três ou quatro passes e não tinha ritmo e velocidade para sair da marcação do time europeu.

Não faz muito tempo, as equipes brasileiras passavam um bom período na Europa, principalmente no início da temporada deles, jogando amistosos e os torneios de verão. Todos conheciam seus adversários no campo e não havia surpresas nos encontros posteriores.

Pode ser uma simples coincidência, mas no período que os nossos clubes mais passavam tempo no exterior, final dos anos 1950 e durante a década de 1960, ganhamos praticamente tudo. Não sei se teríamos as mesmas conquistas, se, por exemplo, Santos e Botafogo não jogassem tanto fora, mesmo com jogadores excepcionais.

A solução para que os nossos times possam jogar na Europa era uma alteração no nosso calendário, com a temporada jogada de julho a junho, o que parece impossível, ou uma paralisação do brasileiro – que também é inviável, dado ao número de competições e partidas que os nossos times jogam em um ano.

No mundo em que as distâncias diminuíram muito, o futebol brasileiro se encontra isolado, longe demais dos principais centros do futebol mundial. Estamos voltando para a década de 1930, quando só descobrimos que a maneira correta de se bater um tiro de meta na Copa de 1938...