NEGÓCIOS
Fábricas da China voltam ao trabalho ainda sem pedidos EUA e Europa
A Shandong Pangu Industrial fabrica ferramentas como martelos e machados.
Em 30/03/2020 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Desde a semana passada, e-mails de clientes estrangeiros inundam a caixa de entrada da gerente de exportação Grace Gao com pedidos para adiar encomendas, segurar mercadorias prontas para serem enviadas até novo aviso ou para atrasar pagamentos por até dois meses.
A Shandong Pangu Industrial, empresa onde Grace trabalha, fabrica ferramentas como martelos e machados, 60% dos quais vão para o mercado europeu. Com a propagação do coronavírus no continente, as paralisações suspendem pedidos às fábricas chinesas justo quando começavam a se recuperar. A história se repete em toda China.
“É uma completa e drástica reviravolta”, lamentou Grace, que prevê queda de 40% das vendas de abril a maio em relação ao ano passado. “No mês passado, nossos clientes eram os que nos procuravam para saber se ainda poderíamos entregar as mercadorias conforme planejado. Agora, somos nós que os procuramos perguntando se ainda devemos entregar os produtos como pedido.”
Esse novo padrão representa um grave risco para as chances de a segunda maior economia do mundo reparar os danos causados ​​pelas paralisações de fevereiro para conter o coronavírus. Mesmo com o otimismo sobre a recuperação de membros do governo, como o primeiro-ministro Li Keqiang, e adoção de medidas de apoio, economistas ainda cortam previsões de crescimento para a economia chinesa.
“É, definitivamente, a segunda onda de choque para a economia chinesa”, disse Xing Zhaopeng, economista do Australia & New Zealand Banking. A propagação global do vírus “afetará a manufatura da China através de dois canais: interrupções nas cadeias de suprimentos e queda da demanda externa”.
A primeira análise dos dados oficiais sobre os recentes problemas da indústria será conhecida em 31 de março, quando os índices dos gerentes de compras para o mês serão divulgados. Mas, a menos que haja forte recuperação, a queda recorde dos lucros vista nos dois primeiros meses do ano deve continuar.
Enquanto isso, as empresas dizem que pedidos cancelados, logística incerta e pagamentos atrasados ​​se tornaram são agora as novas dores de cabeça.
“Fabricantes veem muitos casos em que clientes no exterior se arrependem dos pedidos ou onde mercadorias não podem ser entregues devido ao fechamento alfandegário em outros países”, disse Dong Liu, vice-presidente da Fujian Strait Textile Technology, no sudeste da China.
A fábrica estava prestes a retomar capacidade total após o retorno de trabalhadores que estavam presos na província de Hubei, o epicentro original do surto.
“O impacto nos pedidos de exportação é bastante sério.” (Jinshan Hong e Lin Zhu, da Bloomberg - Com a colaboração de Miao Han e Haze Fan)