CULTURA

Festival homenageia os 70 anos de Sérgio Sampaio no ES.

Documentários, shows e lançamento de livro integram a programação.

Em 13/04/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Muitas homenagens marcam as comemorações dos 70 anos que o cantor e compositor Sérgio Sampaio completaria nesta quinta-feira (13). O "XI Festival Sérgio Sampaio" vai apresentar documentários, obras audiovisuais, shows e lançamento de livro no Centro Cultural Sesc Glória, durante a semana.

Nesta quarta-feira (12), às 20h, acontece um bate-papo musical com Chico César, Lorena Calábria e João Sampaio, filho de Sérgio.

Antes, às 18h, a Sala da Palavra abrigará o lançamento do livro “Sem a Loucura Não Dá”, organizado por Aline Dias e Gustavo Binda. Nele, escritores capixabas de diferentes gerações criaram contos a partir de canções de Sérgio.

Viabilizado com financiamento coletivo, o livro tem contos de autores consagrados como Bernadette Lyra, inspirada em “Filme de Terror”, e Manoel Herzog, que escolheu se inspirar em “Em Nome de Deus”. Já a estreante Brunella Brunello assina “Faixa 6”.

Para a organizadora Aline Dias, que também deixa sua marca com um conto sobre “Rosa Púrpura de Cubatão”, o financiamento coletivo era mais coerente com a trajetória do compositor. “Ele sempre foi um pouco marginalizado e independente, então acreditamos que seria coerente. Depois do lançamento vamos levar os livros para a rua Gama Rosa, porque como ele mesmo diria: ‘lugar de poesia é na calçada’”, conta Aline.

Em Cachoeiro de Itapemirim, cidade natal do músico, as homenagens ficam por conta do show “Sérgio Sampaio 70”, na noite desta quarta-feira (12), no Teatro Municipal Rubem Braga. Serão mais de 25 artistas de diferentes ramos – cinema, música, poesia, teatro etc. – envolvidos em um espetáculo cênico experimental. “Um show ao vivo, latente, poético e forte, como é Sérgio para nós”, segundo o diretor Luiz Carlos Cardoso.

Sérgio Sampaio

A coragem de peitar o mercado fonográfico e o pensamento à frente de seu tempo renderam a Sérgio Sampaio a pecha de maldito, mas a força de sua poética autobiográfica e suas melodias dilacerantes são provas de que pouco havia de maldito em Sampaio.

É o que garantem músicos, amigos e familiares do cantor e compositor cachoeirense que completaria 70 anos amanhã se não tivesse sucumbido a uma crise de pancreatite em 1994.

“Sérgio era muito bem-humorado, tinha umas sátiras... Não era um cara totalmente maldito, como dizem. Era extremamente sensível. E ao mesmo tempo tinha essa coisa de um ariano típico”, contesta Paulo Sodré, amigo e ex-baixista da banda do músico.

Para o primo João Moraes, a loucura dele foi não ter cedido às pressões das gravadoras. “Nunca se dobrou ao mainstream, à indústria fonográfica. Como ele vivia antes ele viveu quando passou a ser famoso e depois, quando voltou ao ostracismo”, conta.

A gravação de seu último disco por um grande selo “Tem que Acontecer”, em 1976, é um exemplo da postura, como conta Luiz Trevisan, jornalista e amigo.

“Quando acabaram de gravar o disco, com um grupo de músicos de primeira, o dono da gravadora falou: ‘Sérgio, agora você está liberado por um mês, depois aparece para trabalhar a divulgação do disco, fazer entrevistas em rádio, jornal, ir ao Chacrinha’. Mas ele acabou de gravar o disco e foi pra Cachoeiro com Moacir Luz comer piaba frita no Bar da Alzira. Só apareceu lá uns três meses depois do prazo previsto”, relembra.

Para Trevisan, a “geladeira” na indústria fonográfica se deu depois que o disco não fez tanto sucesso. “Você sabe, as gravadoras queriam um sucesso a cada semana”, completa.

Uma anedota que conta Paulo Sodré ilustra a postura combativa do compositor em relação às gravadoras.

“Um manda-chuva das gravadoras, um cara que produzia o Caetano, ficava o tempo todo cobrando um sucesso e Sérgio respondia, ‘você quer sucesso, que vá compor, oras’”, conta. A música “Ninguém Vive por Mim”, inclusive, fala justamente dessa questão com as gravadoras. “Fui tratado como um louco / velho mendigo da rua, cão de botequim / escapei dessa quadrilha, agora estou aqui”.

O espírito independente de Sérgio se imprimiu no filho, João Sampaio, a quem pode ser atribuído muito do trabalho de resgate da obra do compositor.

“Sou muito orgulhoso do que o cara era. Bater de frente com o que ele bateu, ter peito de viver o discurso... E essa coisa de menos conselho mais liberdade dele, funcionava. Minha mãe teve um certo ciúme quando eu parei de chupar chupeta porque eu estava com meu pai. Ela me perturbava pra largar, eu tinha uns quatro anos, e fui passar umas férias com ele. Quando voltei já tinha largado a chupeta”, lembra o filho.

Programação

Sesc Glória
XI Festival Sérgio Sampaio

Até 13 de abril, das 12h às 14h
“Cine Sobremesa” especial Sérgio Sampaio. Documentários e produções audiovisuais sobre a vida e a obra do artista cachoeirense. Entrada gratuita.

Quarta (12), às 20h
Bate-papo Musical com Chico César, Lorena Calábria e João Sampaio. A conversa será ilustrada com a interpretação de Chico César para algumas pérolas do cancioneiro sampaísta. Entrada R$ 20.

Lançamento do livro “Sem a Loucura Não Dá”
Com organização de Aline Dias e Gustavo Binda, escritores de diferentes gerações e procedências criaram pequenas peças literárias a partir de canções de Sampaio. O livro custará R$ 30. A entrada é gratuita

Quinta (13), às 20h
André Prando, o mais sampaístas dos novos músicos capixabas, vai levar para o palco do Teatro Glória a forte e segura interpretação que desenvolveu em pesquisa para o festival.

Gama Rosa
Festival Sérgio Sampaio
Quarta (12) e quinta (13)
Couvert único (R$ 5) nos bares Doca 183, Casa de Bamba e Grappino RangoBar, todos na Rua Gama Rosa. Os livros “Sem a Loucura Não Dá” e “Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua”, de Rodrigo Moreira, estarão à venda.

Jalapeño
André Prando canta Sérgio Sampaio

Sábado (15), às 20h30
André Prando volta com a homenagem a Sérgio Sampaio. Couvert: R$ 7. O Jalapeño fica na Avenida Francisco Generoso da Fonseca, 355, Loja 1, Jardim da Penha, Vitória.

Cachoeiro de Itapemirim
“Sérgio Sampaio 70”
Dia 12 de abril, às 20h

O Teatro Municipal Rubem Braga recebe o espetáculo “Sérgio Sampaio 70”, dirigido pelo ator e diretor Luiz Carlos Cardoso. Entre os convidados estão Amélia Barreto, Aroldo Sampaio, Fábio Coelho, Rudson Costa, Felipe Fabris, Maria Elvira Tavares Costa, Livre Cia. de Dança, Diego Scarparo e Hélio Sampaio, músico e irmão de Sérgio. Entrada: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). O teatro fica na Avenida Beira-Rio, 237, Guandú, em Cachoeiro de Itapemirim.