ESPORTE INTERNACIONAL
Fifa e Rússia descartam problemas com ingressos, grama e obras.
Torneio começa amanhã com Rússia x Nova Zelândia.
Em 16/06/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
A secretária-geral da Fifa, Fatma Samoura, e o presidente do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo de 2018, Vitaly Mutko, garantiram nesta sexta-feira que toda a infraestrutura necessária está pronta na Rússia para a Copa das Confederações, que começa no sábado com o duelo entre os donos da casa e a Nova Zelândia, em São Petersburgo – partida com transmissão ao vivo do SporTV, SporTV.com e SporTV Play, às 12h (de Brasília). Mas o clima entre os dirigentes e jornalistas na entrevista coletiva de apresentação do torneio pesou em alguns momentos. Afinal, como que o país resolveu todas as críticas sobre o gramado da Arena Zenit, a baixa procura por ingressos e as recentes denúncias de “abusos e exploração” de operários nas obras dos estádios do Mundial?
- Temos a obrigação e podemos dizer que estamos totalmente prontos para o campeonato. Tudo está funcionando. Fizemos o possível para garantir a segurança de todos – disse Mutko.
- Todos os detalhes técnicos foram resolvidos, podemos dizer isso 24 horas antes do início da competição. Devemos ter a melhor Copa das Confederações de todas – acrescentou Samoura.
Mas os problemas enfrentados pela organização até aqui foram muitos. Vamos por partes. Sobre ingressos, a Fifa divulgou que 65% das entradas colocadas à venda foram adquiridas por torcedores até o momento. Porém, somente um jogo já está com a carga totalmente comercializada: Rússia x Portugal, dia na próxima quarta, em Moscou, pela segunda rodada do Grupo A, com direito a Cristiano Ronaldo em campo. A entidade acredita que o público passará a demonstrar mais interesse durante o campeonato, comprando bilhetes na última hora.
Para a estreia, a Fifa disponibilizou 51 mil ingressos para os torcedores. Até a manhã desta sexta, 43.800 haviam sido vendidos. Questionado sobre os altos valores das entradas (há opções de até R$ 800 para a final), Mutko afirmou que o COL trabalhou em conjunto com a Fifa para conseguir preços mais acessíveis aos russos:
- Claro que o preço é estabelecido pela Fifa, com experiência em torneios anteriores. Tenho que comentar que a Fifa introduziu quatro categorias de ingressos, uma só para russos, com valor mínimo de 960 rublos (R$ 54). É barato. Acredito que quando o campeonato começar o interesse vai aumentar e as pessoas irão para os estádios.
Ao ser questionado sobre o relatório da ONG internacional Human Rights Watch (HRW) sobre as condições de trabalho dos operários nas obras das arenas do Mundial, Mutko adotou um semblante sério e contra-atacou a pergunta com um convite para o repórter inglês ir com ele à qualquer uma das construções e verificar por conta própria se há algo errado. Ao seu lado, Alexey Sorokin, CEO do COL, negou as informações divulgados pela ONG, que incluíam a morte de 17 trabalhadores.
- O COL e a Fifa monitoram as condições dos operários há alguns anos. Não podemos confirmar a posição da HRW. Fizemos mais de 70 inspeções nos estádios, as condições foram monitoradas e não vimos nada que infringia ou sinais negativos que poderíamos usar na nossa lista de observação. As inspeções são feitas por institutos especializados, de segurança do trabalho, e temos mais de 100 empresas contratadas. Não confirmamos essa informação – afirmou Sorokin.
E sim, o convite foi aceito pelo repórter inglês para visitar alguma obra.
Por fim, os dirigentes tiveram que explicar como está o gramado da Arena Zenit, estádio que demorou dez anos para ficar pronto e consumiu, segundo os dados oficiais do governo, um investimento de cerca de R$ 2,3 bilhões (a imprensa europeia fala em até R$ 4,9 bilhões). O campo não foi aprovado por jogadores do Zenit na inauguração em abril e acabou sendo trocado totalmente pelo COL durante o mês de maio.
Desde então, não houve mais nenhuma partida no local e até os treinamentos de Rússia e Nova Zelândia desta sexta, véspera da abertura da Copa das Confederações, foram transferidos para outros espaços. Segundo Mutko, o gramado está em perfeita condições para a partida de sábado. Mas há ainda outra polêmica sobre o assunto: por que a tecnologia “sliding field" não está sendo utilizada para ajudar na melhoria do campo?
A Arena Zenit é uma das cinco que possuem tal sistema em todo o mundo – as outras são Sapporo Dome (Japão), Estádio da Universidade de Phoenix (Estados Unidos), Gelredome (Holanda) e Veltins-Arena (Alemanha). Pelo projeto, o campo pode sair do estádio, que é parcialmente coberto, e pegar sol por inteiro fora. Mas, no momento, a Fifa montou uma estrutura temporária para as redes de televisão bem no espaço onde o gramado ficaria ao lado da arena. De acordo com o COL, a situação não deve mudar tão cedo e o órgão ainda estuda uma solução para o que será feito até a Copa do Mundo.
- O estádio está pronto, tudo foi feito. Depois do torneio, será usado pelo Zenit, que vai jogar aqui e preservar a infraestrutura. Sobre o campo, nós faremos a decisão depois, as recomendações já foram dadas, há certos detalhes a resolver porque há uma infraestrutura temporária que tem ser mantida ao redor do estádio. Eu gostaria de ver todo o sistema construído funcionando, teremos que ver após como vai ser. Em acordo com a Fifa, vamos manter a estrutura montada ao lado para o ano que vem. O estádio é parcialmente coberto, é difícil manter o gramado em bom estado, mas vamos dar um jeito de mantê-lo em boa condição – afirmou o chefe do COL.