ESPORTE NACIONAL
Filipe Toledo revela inspirações nos aéreos, marca registrada de seu surfe
Matt Meola, Reynolds e Chippa Wilson são referência para jovem de 20 anos,
Em 28/05/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
"Ainda bem que pedimos permissão ao comando aéreo aqui na Barra para que não houvesse aviões. Assim, o Filipinho pode voar sem maiores problemas", dizia o narrador oficial do Rio Pro, em êxtase com o show de Filipe Toledo. A conquista da quarta etapa do Circuito Mundial, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, só aumentou a sua fama de melhor "aerealista do mundo". Vice-líder do ranking mundial, o paulista que deixou Ubatuba para viver com toda a família em San Clemente, na Califórnia, domina como poucos a arte de voar. Foi assim que ele conseguiu as duas únicas notas 10 do evento. O caçula da elite, aos 19 anos, aprendeu a manobra com o irmão mais velho e aperfeiçoou a técnica ao assistir aos vídeos do havaiano Matt Meola, do australiano Chippa Wilson e do americano Dane Reynolds. E treinar incansavelmente, afinal, "a repetição leva à perfeição".
- Os caras que mais me inspiram são o Matt Meola, o Dane Reynolds e o Chippa Wilson, mas, na minha infância, quem mais me inspirou foi o meu irmão mais velho, Matheus. Ele foi um dos pioneiros da geração dele a começar com esse tipo de manobra radical. Eu era bem novo, ficava assistindo a ele, e isso fez com que eu começasse cedo. Acho que é por isso que eu tenho essa facilidade em dar esses aéreos - contou Filipinho.
- A geração anterior à minha veio com essas manobras progressivas e modernas, e eu fiz parte de uma geração que estava começando a mostrar isso nos eventos. O Filipe pegou um pouco disso e se espelhou em mim, pelo menos, é o que ele conta, né? - disse Matheus, afastado do surfe desde o início do ano, após sofrer uma lesão no punho praticando snowboard.
Anti-medina?
O vice-líder do ranking mundial domina como poucos a arte dos aéreos, manobra característica da nova geração, que mescla técnica e experimentação. Onze vezes campeão mundial, Kelly Slater o considerou "imbatível" em ondas pequenas. Atualmente, os juízes valorizam ainda mais os voos dos surfistas, movimento inspirado nos "ollies" e outros giros do skate. Quanto maior a velocidade imprimida pelo surfista, podendo chegar a 30 km/h, mais alto é o voo. E Filipinho sabe como poucos tirar leite de pedra. Mesmo em ondas sem muito potencial, ele recebe notas altas pela sua radicalidade. O assédio ao campeão do Rio Pro foi tanto que o paulista tirou até selfie na água nos treinos para o Rio Pro.
- Entrou um cara no mar de celular sem capinha, com água pela cintura. Eu pensei: "Pô, esse aí merece que eu pare para tirar foto (risos)". Eu gosto de ver esse reconhecimento e atender os fãs. Acho que por conta do meu início de ano, muita coisa mudou, desde o assédio do público, como da mídia brasileira e gringa. Muita gente quer saber como está a minha vida e da minha família... Ainda não cheguei no nível de assédio do Gabriel, mas já tem uma galera me parando na rua. Eu só tenho a agradecer a Deus por tudo. Este ano está sendo muito bom para os brasileiros, e o esporte só tem a crescer - disse Toledo.
No início do ano, após sua vitória na abertura do CT, na Gold Coast australiana, na qual venceu o ídolo local Julian Wilson, a "Stab Mag" considerou Filipinho o melhor aerealista do mundo. Depois do fantástico desempenho no Rio, outra revista renomada no esporte, a "Surfing Magazine", foi só elogios ao jovem de 20 anos. Segundo a publicação, o caçula da elite fez do evento o mais emocionante do ano e chegou a apontar que ele seria o "anti-Medina". "O único fator que corresponde à eficiência de Filipe na água é a sua classe fora dela. Ele é o anti-Medina. Tão grato. Tão humilde. (..) O jeito como se dirigiu aos fãs e parabenizou o outro finalista (Bede Durbidge) mostra o quanto ele tem a cabeça no lugar", diz um dos trechos do artigo.
Idolo da nova geração
Pai e treinador de Filipinho, Ricardo Toledo destaca que o filho levou o surfe para outro nível com sua irreverência. O bicampeão brasileiro (1991 e 1995) apontou o estilo progressivo e "boa-praça" de Filipe como uma das explicações para ele ter se transformado em uma febre entre os mais jovens.
- O Filipe é muito carismático. Ele conversa e cumprimenta todo mundo. Relaciona-se bem com as pessoas e consegue desenrolar bem tudo aquilo que quer nas entrevistas. O Filipinho ainda é muito novo, mas está amadurecendo. É apenas um garoto, mas muito compromissado com essa radicalidade. Ele quer sempre fazer diferente. A nova geração está buscando novos ídolos, e o Filipe está conquistando a molecada com esse jeito dele - analisou Ricardo.
O próximo compromisso de Filipinho será a quinta etapa do Circuito Mundial, em Tavarua, nas Ilhas Fiji, entre os dias 7 e 19 de junho. Na quarta bateria da primeira fase, Toledo vai encarar o argentino naturalizado brasileiro Alejo Muniz e o australiano Matt Banting, estreante na elite do surfe.
confira as baterias da 1ª fase em fiji
1: Taj Burrow (AUS) x Sebastian Zietz (HAV) x Dusty Payne (HAV)
2: Josh Kerr (AUS) x Jeremy Flores (FRA) x Brett Simpson (EUA)
3: John John Florence (HAV) x Kolohe Andino (EUA) x C.J. Hobgood (EUA)
4: Filipe Toledo (BRA) x Matt Banting (AUS) x Alejo Muniz (BRA)
5: Mick Fanning (AUS) x Wiggolly Dantas (BRA) x TBD
6: Adriano de Souza (BRA) x Adrian Buchan (AUS) x TBD
7: Kelly Slater (EUA) x Miguel Pupo (BRA) x Glenn Hall (IRL)
8: Gabriel Medina (BRA) x Jadson Andre (BRA) x Adam Melling (AUS)
9: Owen Wright (AUS) x Matt Wilkinson (AUS) x Keanu Asing (HAV)
10: Nat Young (EUA) x Italo Ferreira (BRA) x Freddy Patacchia Jr. (HAV)
11: Julian Wilson (AUS) x Joel Parkinson (AUS) x Kai Otton (AUS)
12: Jordy Smith (AFS) x Bede Durbidge (AUS) x Ricardo Christie (NZL)
Fonte:GloboEsporte