ESPORTE INTERNACIONAL
Fluminense aprende a sofrer e vence primeira na Libertadores
O Tricolor venceu o Santa Fé por 2 x 1 e assumiu a ponta do Grupo D junto ao River Plate.
Em 29/04/2021 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Tricolor chegou a abrir o 2 a 0 no placar, mas viu o Santa Fé diminuir a vantagem e crescer na partida após a expulsão de Egídio.
A primeira vitória do Fluminense na Libertadores veio de forma dramática. Após abrir 2 a 0 contra o Santa Fé, e ver Fred se tornar o segundo maior artilheiro da história do clube, ao atingir 185 gols e superar Orlando Pingo de Ouro, equipe sofre apagão defensivo, entra em sinal de alerta após expulsão de Egídio, mas aprende a sofrer sob a batuta de Marcos Felipe. Veja a análise da partida tensa realizada no Estádio Centenário, na cidade de Armênia (COL).
Mudança de postura
Ao começar o duelo válido pela segunda rodada da fase de grupos da Libertadores, qualquer torcedor do Flu se surpreendeu ao ver a equipe jogar. E de forma positiva. Isso porque, para quem estava jogando com uma altitude de 1.480m – seria de 2.650m, caso a partida tivesse sido em Bogotá (COL) -, e habituado ao nível do mar, o Tricolor impôs sua forma de jogar nos primeiros minutos e dominou boa parte da primeira etapa.
Com isso, além da surpresa pela imposição, outro fator interessante foi a intensidade da equipe de Roger Machado. Ignorando as adversidades ocasionadas pelo confronto, o time fez o que ainda não tinha feito ao longo da temporada: subiu suas linhas, idealizou uma pressão regulada, sem brechas defensivas e, assim, conseguiu tirar o marcador do zero. Em uma jogada começada no meio campo, Kayky recebeu na direita e deu para Nenê, com genialidade, ajeitar de calcanhar para Fred abrir o placar.
Nenê, por sinal, que chegou a sua quinta assistência para gol na temporada e a 12ª para finalizações, sendo o líder absoluto da equipe nos dois quesitos. Dessa forma, independente da idade ou da lentidão muitas vezes reclamada pela torcida, o camisa 11 demonstrou, mais uma vez, sua importância, já que em pequenos e minuciosos lances de craque, consegue fazer a diferença e servir com primor Fred – foi a terceira assistência de Nenê para o centroavante nesta temporada.
Marcha reduzida
No entanto, a dominância Tricolor não durou mais que 25 minutos. Isso porque, a partir do momento em que o campo ficou mais pesado por conta da chuva – que caiu em boa parte do primeiro tempo -, o Flu reduziu seu volume de jogo, muito para não desgastar seus atletas em meio a mais um fatos prejudicial.
Entretanto, tal diminuição de ritmo quase custou caro já nos 45 minutos iniciais. Com os blocos de marcação reduzidos e as linhas mais baixas, o Santa Fé conseguiu voltar para o duelo, alcançou 75% de posse de bola (no fim da etapa inicial) e começou a finalizar. Então, Roger Machado fez a primeira mudança tática: inverteu Kayky com Luiz Henrique, uma vez que este segundo auxilia mais na marcação e, portanto, ajudaria a recompor melhor o corredor defensivo pelo lado direito, aonde o Santa Fé mais rodava a bola. Logo, a solução ocasional deu certo, por hora, e o Flu levou a vantagem para o intervalo.
Volta fulminante
Junto com a volta do intervalo, veio o alívio Tricolor: após sentir no término do primeiro tempo e assustar a torcida, Fred se esforçou para continuar e conseguiu não só dar o último gás, como se tornar mais ainda ídolo do Fluminense.
Isso porque, com a mesma estratégia apresentada na primeira etapa – subir as linhas, pressionar e marcar o quanto antes (algo inédito no trabalho de Roger) -, Martinelli recuperou a bola de frente para a área, tocou para Kayky fazer boa trama com Egídio, que cruzou na medida para Fred marcar. E isso tudo com apenas um minuto de segundo tempo.
Renasce o Santa Fé
No entanto, com o esforço excessivo dado no começo do segundo tempo, o Fluminense caiu na armadilha do Santa Fé, sentiu o desgaste físico e viu a ‘tranquilidade’ se tornar algo preocupante.
Aos seis minutos, Luccas Claro bobeou em bola lançada do meio de campo, acompanhou somente a trajetória da bola e ainda contou com o mal posicionamento de Egídio – que dava condição ao lance -, para Giraldo entrar livre de marcação e diminuir o placar.
Logo após o tento colombiano, Roger Machado começou a utilizar seu banco. Os primeiros a entrarem foram Gabriel Teixeira e Cazares. No caso do cria de Xerém, o jovem começou pilhado, dando dribles desconcertantes e quase fez uma pintura. Contudo, a partir da infantil expulsão de Egídio pelo segundo amarelo, 20 minutos depois do gol do Santa Fé, ‘Biel’, como é apelidado pelos companheiros, teve que sair.
A situação era a seguinte: Roger, que havia colocado um minuto antes Bobadilla e Caio Paulista, se viu na obrigação de mexer na equipe e viu sua estratégia ir por água abaixo. A solução, portanto, foi tirar um dos homens de frente, e sobrou para Gabriel Teixeira. Porém, tal decisão rápida para a entrada de Danilo Barcelos complicou o time, já que o isolado Bobadilla pouco podia fazer quando recebia a bola – Gabriel Teixeira daria a vantagem do contra-ataque e um contra um. Daí em diante foi o famoso ‘Deus nos acuda’.
O Santa Fé chegou novamente a superioridade dos 75% de posse de bola e, com um a mais, a pressão começou a ser incisiva. Contudo, cansado pela maratona de jogos no campeonato nacional, a equipe mandante não conseguia fazer nada além de arriscar chutes na sorte, rodar a bola no campo ofensivo e realizar um bombardeio de lançamentos.
Eis que surge Marcos Felipe. Criticado por cometer o pênalti em Borré que ocasionou o gol do River na primeira rodada, o goleiro mostrou a personalidade de quem vem sendo importante para a equipe a tempos. Assim, com duas ótimas defesas e uma sensacional já nos últimos minutos, Marcos Felipe foi, sem dúvidas, o cara do segundo tempo.
Com isso, o 2 a 1 se manteve no placar e as lições da primeira vitória do Fluminense na Libertadores são positivas. Para um time que soube sofrer, aprender com os erros será essencial para voos longos na competição. Porém, uma coisa é certa: a gana apresentada no final, o brilho de Fred e a regularidade de Xerém, animam o torcedor que vê seu time liderar o ‘grupo da morte’, disputando as cabeças com o tradicional River Plate. (Parceria Lance & IstoÉ)
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