MOTOR
G 310 R mantém padrão BMW, mas peca por vibração no motor
Será que a BMW de baixa cilindrada continua sendo uma BMW?
Em 04/09/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Será que a BMW de baixa cilindrada continua sendo uma BMW? Depois de avaliar a G 310 R, primeira moto da montadora alemã neste segmento, a resposta é sim, mas em uma escala completamente diferente.
Vendida por R$ 21.900 e com freios ABS de série, a moto é montada em Manaus com as peças vindas da Índia, onde é produzida em parceria com a TVS. Ela chega para competir entre as “urbanas premium”.
Acabamento e performance continuam no nível esperado, mas a marca teve que se adaptar ao novo território que explora. Além de ser a de menor cilindrada da marca, o modelos custa metade do preço de uma F 800 R ou F 800 GS, modelos mais baratos da empresa até então.
A G 310 R está alguns degraus acima em desempenho e preço comparado a Honda CB Twister e Yamaha Fazer 250, por exemplo.
Entre as concorrentes diretas estão KTM 390 Duke, Kawasaki Z300 e a líder deste nicho, a Yamaha MT-03, que emplacou mais de 600 unidades por mês neste ano, de acordo com a associação das concessionárias (Fenabrave).
A BMW não fala quantas unidades pretende vender da G 310 R, e também da G 310 GS, versão aventureira que será a próxima de sua linha de baixa cilindrada a ser vendida no mercado brasileiro.
No entanto, a chegada das motos foi um impulso para a empresa abrir sua própria linha de montagem em Manaus, com capacidade para até 10 mil unidades por ano.
As diferenças
Comparada às rivais, a G 310 R está na mesma faixa de preço, mas cada moto tem uma peculiaridade. R3 e Z300, por exemplo, utilizam motores de 2 cilindros, com menos vibração que os de 1 cilindro.
A KTM, por outro lado, também com um monocilíndrico, aposta em um conjunto mais esportivo, tanto no comportamento, como na ergonomia mais agressiva. Para completar, a CB 500F é uma opção de maior cilindrada, com motor de 2 cilindros, mas também compete com as motos menores por causa do seu preço.
Motor é ‘nervosinho’ e vibra bastante
Na primeira acelerada é possível notar que a G 310 R não é uma simples moto urbana. Ela carrega o comportamento de uma "naked" de maior cilindrada. Isso fica mais nítido devido ao motor, um tanto “nervosinho”.
Com 313 cc de cilindrada, o motor rende 34 cavalos de potência a 9.200 rpm. Ele tem injeção eletrônica, refrigeração líquida e está posicionado de maneira diferente da maioria dos motos, permitindo a saída do escape por sua parte traseira.
Quase nenhuma moto é assim, o mais comum é o escape sair pela frente do motor e dar a volta por baixo dele até chegra a traseira.
De acordo com a BMW, isso torna o processo de entrada e saída de gases mais natural, ajudando na economia e também melhorando a vibração.
Mas a verdade é que o motor da G 310 R vibra um bocado, principalmente para manter velocidades de cruzeiro, por volta dos 120 km/h.
Isso atrapalha um pouco para viagens longas. O melhor local de uso da moto é em estradas sinuosas, onde, mantendo o giro acima dos 5.000 rpm, é possível tirar toda força do motor, que tem arrancadas contundentes e boas retomadas.
Câmbio
Também não são necessárias muitas reduções de marchas, já que o torque do motor permite deixar a moto em marchas altas mesmo em baixas velocidades. O câmbio tem engates firmes, mas nada que atrapalhe.
A unidade avaliada estava com folga na embreagem, o que deixou o engate extremamente duro e incômodo. Em outra unidade, que estava bem regulada, o problema nas trocas de marchas não se repetiu.
Deu para notar que as primeiras marchas são bem curtas e o comportamento mais “temperamental" do motor pede sempre giros altos, também na cidade.
Parece moto grande
O principal comentário sobre a G 310 R nas ruas foi: "Nossa, parece uma moto grande!". Realmente, com muitas carenagens ao redor do tanque e a robusta suspensão dianteira do tipo invertida, a impressão é de se tratar de uma moto de maior cilindrada.
A motocicleta tem suspensões bem ajustadas: não são nem muito duras e nem muito moles, o que ajuda a suportar a buraqueira da cidade, sem perder estabilidade em uma pilotagem mais esportiva.
O monoamortecedor traseiro possui regulagem de pré-carga, sendo necessário uso de uma chave especial que fica num estojinho embaixo do banco.
A sensação de estar em uma moto "maior" também aparece na posição de pilotagem.
Apesar de ter as pedaleiras recuadas, para passar a esportividade de uma "naked", a G 310 R recebe bem o motociclista, proporcionando posição relaxada para os braços, além de encaixe confortável para a moto ao redor do tanque.
Mas, ao entrar em movimento, a pequena BMW mostra mais agilidade do que suas irmãs mais pesadas, além de uma grande facilidade para trocas de direção rápidas. A impressão é que o chassi da moto aguentaria um motor mais forte, devido à boa estabilidade em curvas e frenagens.
O sistema de freio conta com o ABS de série e não tem reações muito fortes. Requer um pouco mais de força em frenagens bruscas, o que está de acordo com este segmento.
Vai vender bem?
Preço e conjunto para ser um sucesso a G 310 R tem, mas a própria BMW enxerga que os clientes podem ter "medo" de uma manutenção mais cara da sua moto mais "barata".
Para isso, a empresa criou uma tabela de preços sugeridos para as revisões. De acordo com a BMW, as concessionárias não são obrigadas a segui-la, porém, o consumidor poderá utilizar esses valores como base na hora de escolher sua oficina autorizada.
VEJA OS PREÇOS PREVISTOS PARA AS REVISÕES DA G 310 R
- 1.000 km - R$ 375
- 10.000 km - R$ 375
- 20.000 km - R$ 1.800
- 30.000 km - R$ 375
- 40.000 km - R$ 1.400
VEJA PREÇOS DE PEÇAS DE REPOSIÇÃO DA G 310 R
- Filtro de óleo - R$ 77,74
- Filtro de combustível - R$ 126,95
- Elemento filtro de ar - R$ 79,9
- Manete de freio - R$ 122,8
- Kit pastilhas de freio dianteiro - R$ 363,64
- Kit pastilhas de freio traseiro - R$ 231,45
- Espelho retrovisor direito - R$ 247,8
- Farol completo - R$ 883,76
- Seta direita - R$ 296,54
- Pinhão da corrente - R$ 114,14
- Corrente com emenda - R$ 633,93
- Coroa da corrente - R$ 269,34
O diferencial em relação às concorrentes pode estar realmente no "sonho de ter uma BMW", que antes era muito distante, mas agora ficou razoavelmente mais acessível.
(Foto: Marcelo Brandt / G1)