POLÍTICA INTERNACIONAL
Governo do Paraguai pede emergência do Mercosul na situação Venezuela.
O pedido foi levado ao governo uruguaio, que neste momento ocupa a presidência.
Em 27/05/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Assunção - O governo do Paraguai pediu que seja convocada uma reunião de emergência dos chanceleres do Mercosul para analisar a situação da Venezuela à luz do protocolo de compromisso democrático do bloco, afirmou nesta quinta-feira (26) o ministro das Relações do país, Eladio Loizaga.
O pedido foi levado ao governo uruguaio, que neste momento ocupa a presidência pro-tempore do bloco - e que deve ser substituído pela própria Venezuela a partir de julho deste ano, dificultando qualquer decisão sobre o país. Não há ainda uma resposta.
"É uma decisão já levada ao governo uruguaio. Terá que ser levada agora aos demais ministros das relações exteriores para que se defina uma data", afirmou Loizaga a jornalistas.
"Existe um processo estabelecido no Protocolo de Ushuaia e isso garante que o Mercosul tome uma posição. O Paraguai tem sido muito claro nas posições que têm assumido e este é um passo importante. O presidente (Horário Cartes) nos deu instruções precisas para fazer essa convocatória", acrescentou.
O chamado Protocolo de Ushuaia inclui uma cláusula que determina a suspensão de um país membro em caso de ruptura democrática. Apesar da deterioração da situação política na Venezuela possibilidade de suspensão do país não havia sido analisada, em grande parte em função do alinhamento político de da Argentina e do Brasil com o governo de Nicolás Maduro.
As mudanças de governo nos dois países e o afastamento de Tabaré Vasquez, do Uruguai, da Venezuela, pode abrir caminho para uma suspensão da Venezuela. Consultado pela Reuters, o Itamaraty informou não ter ainda posição sobre o pedido paraguaio.
A tensão política no país tem crescido nas últimas semanas, acelerada pela crise social e econômica. A oposição pediu a abertura do referendo revogatório, que pode suspender o mandato de Maduro e convocar novas eleições - previsto na constituição venezuelana quando o presidente alcança a metade do mandato - mas o governo venezuelano se recusa a convocar o referendo.
A chancelaria paraguaia se pronunciou recentemente a favor de uma iniciativa regional para prevenir ações contra os direitos humanos na Venezuela, levando em consideração uma declaração especial adotada pelo Mercosul em sua última reunião, em dezembro passado.
Os chanceleres do Chile, Argentina e Uruguai fizeram na semana passada um chamado ao diálogo entre o governo venezuelano e a oposição do país para que se encontrasse uma solução pacífica para a crise.
Por Daniela Desantis/Lisandra Paraguassu/Reuters