ECONOMIA INTERNACIONAL

Graças a bules, China supera EUA na importação de petróleo.

Os EUA importaram cerca de 7,3 milhões de barris diários, segundo dados do governo.

Em 29/05/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

A liderança da China sobre os EUA como maior compradora de petróleo bruto do mundo aumentará e isso se deve em grande parte aos bules de chá.

Dezenas de pequenas refinarias, conhecidas no setor como bules de chá, representam um terço da capacidade de processamento do país asiático.

Agora, elas estão se expandindo, pois novas regras quase dobrarão a quantidade de petróleo bruto que as refinarias, entre elas a Shandong Yongxin Energy Group, podem importar.

Os EUA, a maior economia do mundo, têm agora a menor dependência do petróleo estrangeiro desde 1994 e a China está aproveitando a depressão nos preços para expandir seus estoques estratégicos – o que ajudou o país a superar os EUA como o maior comprador no mês passado.

O fluxo de petróleo para a Ásia ajudará a criar um déficit mundial de oferta até o fim do ano, segundo a Sanford C. Bernstein Ltd.

“A nova cota de importação de petróleo bruto esperada para os bules de chá ajudará a reforçar o apetite da China por petróleo estrangeiro”, disse Gao Jian, analista da SCI International, consultoria com sede em Shandong. “As importações de petróleo bruto neste ano superarão o nível de 2014”.

A China comprou o recorde de 7,4 milhões de barris por dia em abril, uma alta de quase 17 por cento em relação a março e de 3,1 por cento em relação ao recorde anterior, registrado em dezembro, mostram dados alfandegários.

Os EUA importaram cerca de 7,3 milhões de barris diários, segundo dados do governo.

Demanda dos EUA

A necessidade de petróleo estrangeiro dos EUA está diminuindo em meio a um recorde de produção doméstica de petróleo.

A Administração de Informação de Energia dos EUA (EIA, na sigla em inglês) prevê que o país importará uma média diária de 6,54 milhões de barris no ano que vem, frente a 6,69 milhões em 2015. Os EUA receberam 6,99 milhões no ano passado.

É possível que a China volte a ficar atrás dos EUA como maior importadora mundial nos próximos meses devido ao fechamento de refinarias para manutenção.

Empresas que respondem por 12 por cento da capacidade de processamento do país programaram fechar unidades durante o segundo trimestre, estimou a ICIS China neste mês. Talvez o país não volte a superar os EUA em uma base anual até 2017, segundo a consultoria de energia com sede em Xangai.

O petróleo bruto Brent despencou quase 50 por cento no ano passado porque a Organização de Países Exportadores de Petróleo optou por proteger sua participação no mercado em vez de reduzir a produção em meio à uma superabundância mundial de oferta. A China reagiu redobrando suas compras a fim de preencher suas reservas de emergência.

Cinco refinarias estatais têm licenças para importar petróleo, mas as companhias independentes precisam de aprovação especial do governo.

Em 2012, a China National Chemical Corp. se transformou no primeiro bule de chá a receber permissão para importar, com uma cota de 10 milhões de toneladas por ano. A Guanghui Energy Ltd. foi a primeira empresa não estatal, quando recebeu uma alocação de 200.000 toneladas para 2014.

Cotas

É provável que os bules de chá, a maioria dos quais está na província de Shandong, no leste do país, recebam cotas de até 30 milhões de toneladas de petróleo estrangeiro em 2015, segundo a China International Capital Corp., banco de investimentos com sede em Pequim.

A cifra equivale a cerca de 600.000 barris por dia.

Os bules de chá também estão empregando mais petróleo bruto porque estão substituindo o óleo combustível, que produz gasolina e diesel de menor qualidade.

O petróleo bruto respondeu por quase 70 por cento das matérias-primas utilizadas pelas refinarias no ano passado, comparado com 53 por cento em 2011, segundo a SCI International.

“Nos últimos dois anos, as refinarias independentes da China empreenderam uma transição notável para utilizar petróleo bruto como matéria-prima, já que gera melhores retornos”, disse Li Li, diretora de pesquisa e estratégia da ICIS China. “Essa tendência se expandirá”.

Da Boomberg