POLÍTICA NACIONAL

Grupos pró e contra impeachment ocupam Esplanada dos Ministérios.

Manifestantes chegaram a poucas horas do início da votação na Câmara.

Em 17/04/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Manifestantes pró e contra impeachment ocuparam a Esplanada dos Ministérios neste domingo (17), faltando poucas horas para o início da análise do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff no plenário da Câmara dos Deputados. Por volta de 13h, a Secretaria de Segurança Pública estimou a presença de 3,6 mil pessoas a favor do afastamento a petista. De acordo com a pasta, havia pouco movimento do grupo antagônico. Os movimentos são separados por um muro, que tem 80 metros de largura e um quilômetro de extensão.

Com a divisão, que começa na Rodoviária do Plano Piloto, os manifestantes pró-impeachment ficaram concentrados nas proximidades do Museu Nacional da República. Do mesmo lado ficam a Catedral Metropolitana, o Ministério da Saúde e o Palácio do Itamaraty. Os grupos contrários ao impeachment têm como área reservada os arredores do Teatro Nacional Cláudio Santoro, podendo circular perto dos ministério da Defesa e Planejamento, além do Palácio da Justiça.

Pela manhã, policiais militares apreenderam caixas de fogos de artifício na parte de cima de uma árvore no estacionamento do Ministério da Ciência e da Tecnologia (lado a favor do impeachment). Os mais de 20 artefatos estavam em uma sacola cheia de folhas. O item consta na lista de proibições durante o protesto. O dono não foi localizado, e ninguém foi preso.

A corporação também apreendeu nas proximidades uma mochila com uma suposta bomba caseira. O capitão Michello Bueno afirmou que são feitas varreduras constantemente dos dois lados. O Batalhão de Cães tem participado das atividades.

Manifestantes fazem pornto para distribuição de água para os apoiadores do governo da presidente Dilma Rousseff na Esplanada (Foto: Gabriel Luiz/G1)

Um ponto de "pit stop" para água foi instalado em frente ao Ministério do Turismo por grupos que apoiam o governo da presidente Dilma Rousseff. São pelo menos 30 galões disponíveis para os manifestantes do lado pró-governo.

Boneco inflável representando o juiz Sérgio Moro, da Lava Jato, durante manifestação em Brasília neste domingo (Foto: Bárbara Nascimento/G1)

O juiz Sérgio Moro, que analisa casos da Operação Lava Jato em primeira instância, ganhou uma versão gigante como super-homem inflável. O boneco tem cerca de sete metros de altura e foi montado na via atrás da Esplanada dos Ministérios. Devido ao calor, muitos manifestantes sentaram aos pés do boneco inflável para ficar à sombra.

Um grupo de estudantes da Universidade de São Paulo (USP) ligado ao PT deixou o estado às 14h30 de sábado, de ônibus, e chegou ao DF às 5h. O estudante de gestão de políticas públicas Otávio Caiuby disse que  fez questão de estar em Brasília para pressionar deputados indecisos. "Meus pais são contra o governo Dilma, mas entenderam que eu tinha de vir e respeitaram."

Grupo de estudantes da Universidade de São Paulo (USP) ligado ao PT, que deixou o estado às 14h30 de sábado, de ônibus, e chegou ao DF às 5h (Foto: Gabriel Luiz/G1)

Grupos contra o impeachment da presidente Dilma instalaram telões na Esplanada para que o público possa acompanhar a votação na Câmara, prevista para começar às 14h. No lado dos defensores do governo, o GDF autorizou a instalação de equipamentos nos ministérios da Fazenda, Defesa, Minas e Energia/Turismo e Comunicação/Transportes. Do lado pró-impeachment, dois telões foram instalados.

Telão instalado em frente ao Ministério da Defesa, em Brasília, para público acompanhar a votação do impeachment (Foto: Gabriel Luiz/G1)

Os ambulantes Gustavo dos Santos e Alessandro Marques estão desde as 8h na Esplanada dos Ministérios. Eles esperam faturar R$ 600 hoje. O preço da água é R$ 2 e o do refrigerante, R$ 3. "Estamos aqui por causa dessa crise. A pior crise da história do Brasil. Queremos que a Dilma saia", afirma Santos.

Gustavo dos Santos e Alessandro Marques, que vendem água na Esplanada dos Ministérios durante ato pró-impeachment (Foto: Bárbara Nascimento/G1)

Representantes do Sindicato Rural de Itaporá (GO) juntaram um grupo de dez pessoas para ir a Brasília protestar pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. A viagem durou quatro horas. "O governo tem que sair. Ela [Dilma] não investe nos produtores rurais", afirma Milton Souza.

Representantes do Sindicato Rural de Itaporá (GO) participam de protesto pró-impeachment em Brasília (Foto: Bárbara Nascimento/G1)

Integrantes da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) distribuem bandeiras, camisas e chapéus para manifestantes pró impeachment. Eles também se manifestavam contra a ministra da Agricultura, Kátia Abreu.

Manifestrantes ligados à Confederação Nacional da Agricultura distribuem material pró-impeachment da presidente Rousseff (Foto: Bárbara Nascimento/G1)

O efetivo na região contava com mil policiais militares por volta das 12h. As delegacias da área central e do Departamento de Polícia Especializada foram reforçadas. O Detran mantém as vias S2 e N2 abertas para chegada dos manifestantes e servidores do Congresso Nacional. Um total de 60 agentes e 30 viaturas supervisionam as pistas.

A Federação Nacional dos Policiais Federais informou em nota que estrangeiros flagrados participando de manifestações políticas podem ser presos por até três anos e expulsos do país. A pena atende às determinações do Estatuto do Estrangeiro, por ver a atitude como atentado à ordem política ou social e à tranqüilidade pública.

Por causa da votação do impeachment, pontos turísticos estão com as visitas suspensas nos próximos dias. O Congresso Nacional segue fechado para o público externo até quinta-feira (21). A Catedral Metropolitana está aberta apenas para as missas. O Palácio do Planalto só funcionará neste domingo para atividades administrativas (veja lista).

O processo de análise do afastamento da presidente Dilma Rousseff também vai alterar o funcionamento de lojas. A orientação do Sindicato do Comércio Varejista é para que os shoppings da região central da cidade não funcionem. O transporte público também registra alterações: o Metrô não vai funcionar durante o dia.

SERVIÇOS
Hospitais

A Secretaria de Saúde do DF informou nesta sexta-feira (15) que vai reforçar o policiamento nos hospitais de Base e da Asa Norte, que deverão ser as unidades de referência para atender eventuais casos que possam surgir nos protestos previstos para este fim de semana.
A pasta afirmou que "toda a rede de saúde estará atenta para atender os casos", quando necessário. O atendimento de traumatologia será concentrado no Hospital de Base e o atendimento de clínica médica e oftalmologia estarão disponíveis 24 horas no Hran.

O Samu vai disponibilizar duas ambulâncias de suporte básico e uma de socorro avançado. Dois caminhões equipados para atendimento de até 150 pacientes cada um também serão liberados para emergências na Esplanada dos Ministérios.

Corpo de Bombeiros
O Corpo de Bombeiros, que também estará presente com quatro viaturas reguladas pelo Samu, trabalhará em quartetos durante as manifestações e circularão entre a população para prestar primeiros atendimentos e encaminhar para as viaturas. Um posto de comando integrado do Samu e do Corpo de Bombeiros ficará instalado próximo ao Congresso Nacional.

Aeroporto
A Inframerica, concessionária que administra o Aeroporto Juscelino Kubitschek, informou que a segurança do terminal será reforçada para este sábado e domingo, quando estão previstas sessões na Câmara Federal e a votação do impeachment.

O turno de trabalho dos vigias será estendido e profissionais de folga estão de sobreaviso para retorno imediado em caso de necessidade. O aeroporto espera receber 140 mil passageiros nos dois dias – em fins de semana normais, são 130 mil usuários, em média.

Análise e votação
O relator da comissão especial do impeachment, deputado Jovair Arantes (PTB-GO), sustenta em relatório haver indícios de que Dilma cometeu crime de responsabilidade ao editar decretos de crédito extraordinário sem autorização do Congresso Nacional e ao permitir a prática das chamadas “pedaladas fiscais”, que é o atraso no repasse pela União aos bancos públicos para o pagamento de benefícios sociais.

A votação está prevista para começar a partir das 14h de domingo. A sessão deve durar até a noite. Se pelo menos 342 deputados aprovarem o processo, o afastamento da presidente será decidido pelo Senado.

Entre sexta e sábado, todos os 25 partidos políticos com representação na Casa tiveram direito a uma hora de pronunciamentos no plenário. Os servidores estão acessando o prédio pelo Anexo IV.

Apenas deputados, servidores, jornalistas credenciados e prestadores de serviço poderão entrar nas dependências da Câmara entre os dias 14 e 21 de abril. A decisão de restringir o acesso, segundo a direção da Casa, foi tomada por questões de "segurança e proteção das pessoas e do patrimônio físico, histórico e cultural da instituição".

A Mesa Diretora distribuiu uma credencial específica para que o grupo possa circular pelo Salão Verde e entrar no plenário no período. Visitas institucionais às dependências do prédio estão suspensas até o dia 21 de abril, assim como as sessões solenes e outros eventos que seriam realizados no período.

Pela manhã, a presidente Dilma Rousseff pedalou pelas proximidades do Palácio da Alvorada acompanhada dos seguranças. Ela fez um percurso um pouco menor do que o de costume e retornou para a residência oficial.

Seguranças do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), fizeram várias vezes na manhã deste domingo o trajeto que o parlamentar deve tomar para chegar ao Congresso para a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Os seguranças deixavam a residência oficial, no Lago Sul, em três carros iguais e com vidros escuros, e depois retornavam.

Orientações para os manifestantes
- Não será permitido portar objetos cortantes, garrafas de vidro, hastes de madeira ou fogos de artifício;

- Não será permitido usar máscaras ou cobrir o rosto com lenços ou bandanas;

- Não será permitido estacionamento ao longo das vias;

- Não será permitida a venda de bebidas alcoólicas;

- Não é recomendado que pais levem crianças, mas, caso seja a decisão dos responsáveis, é necessário que elas estejam identificadas e, em hipótese alguma, sejam submetidas a situações de risco;

- Também não é recomendado que idosos ou pessoas com problemas cardiovasculares estejam no local de grande aglomeração.

Regras para as manifestações
- Megafones serão recolhidos;

- Instrumentos musicais serão permitidos para emissão de som. Se utilizados para finalidade diversa, poderão ser recolhidos;

- Faixas e bandeiras poderão ser manualmente portadas, sem hastes, e poderão ser fixadas ao longo dos alambrados de divisão das áreas;

- Carros de som serão permitidos em pontos específicos: um no Museu da República, um no Estacionamento do Teatro Nacional, um na via S1 na altura da Alameda das Bandeiras e um na via N1 na altura da Alameda das Bandeiras;

- Carros de som localizados na Alameda das Bandeiras serão controlados pela Polícia Militar e pela Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social para informes oficiais periódicos, informes parciais e orientações. Interlocutores dos grupos serão cadastrados pelo governo de Brasília e poderão subir nesses carros de som apenas para dar orientações, palavras de ordem e de comando aos manifestantes. Serão cadastrados como interlocutores quatro representantes de cada grupo, num total de oito pessoas.

Fonte: G1