ECONOMIA INTERNACIONAL
Guerra comercial pode diminuir crescimento global, fiz FMI
O economista-chefe do FMI, Maurice Obstfeld.
Em 16/07/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
A continuidade das tensões comerciais provocadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode provocar uma queda de 0,5% nas previsões de crescimento global em 2020, alertou nesta segunda-feira o Fundo Monetário Internacional (FMI).
"Os EUA iniciaram ações comerciais que afetam um amplo grupo de países e enfrenta represálias por parte da China, da União Europeia, dos seus aliados no Nafta e do Japão, entre outros", afirmou o economista-chefe do FMI, Maurice Obstfeld, em entrevista coletiva em Washington na qual foi apresentado o relatório "Perspectivas Econômicas Mundiais".
"Se as ameaças atuais se materializarem e, como resultado, a confiança empresarial cair, o PIB do mundo pode ficar 0,5% abaixo das projeções atuais para 2020", indicou Obstfeld.
As práticas comerciais supostamente injustas promovidas pela China e as acusações de roubo de propriedade intelectual contra Pequim são usadas como argumento por Trump para defender sua agressiva agenda protecionista e a imposição de tarifas.
Apesar do alerta para 2020 sobre os riscos da tensão comercial, o FMI manteve as previsões do crescimento econômico global para este ano e para o próximo em 3,9%, a mesma projeção elaborada em abril.
Para os Estados Unidos, a primeira economia mundial, o FMI segue projetando um crescimento de 2,9% neste ano e de 2,7% em 2019, mas a organização destacou que o avanço está "especialmente vulnerável" devido às possíveis represálias comerciais dos aliados americanos.
O órgão comandado por Christine Lagarde também indicou que a "ampla expansão que começou há dois anos se estagnou" e que os riscos de curto prazo foram ampliados.
Na zona do euro, o FMI diminuiu o crescimento previsto para este ano para 2,2%, dois décimos a menos do que no último relatório, principalmente pelas perspectivas de Alemanha, França e Itália.
"A incerteza política aumentou na Europa, onde a União Europeia enfrenta desafios fundamentais em relação à imigração, à governança tributária, às normas relativas ao estado de direito e à arquitetura institucional da zona do euro", disse Obstfeld.
O economista-chefe do FMI também citou o "Brexit", destacando que os termos da separação do Reino Unido ainda não foram resolvidos apesar dos meses de negociações entre as partes.
A indefinição foi utilizada pelo FMI para justificar a queda das projeções de crescimento do Reino Unido em 2018 para 1,4%, dois décimos abaixo do relatório divulgado em abril pela organização.
Além disso, as previsões econômicas da América Latina também pioraram, especialmente devido aos desempenhos de Argentina, Brasil e México, segundo o FMI. A região irá crescer 1,6% em 2018 e 2,6% em 2019, de acordo com o relatório, que aponta uma queda de quatro e dois décimos, respectivamente, em relação às últimas projeções.
Sobre o Brasil, o FMI destaca os efeitos continuados de greves e da incerteza política como fatores que influenciaram o desempenho global da América Latina no relatório divulgado hoje.
O FMI prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil avançará 1,8% neste ano, uma queda de cinco décimos na comparação com as estimativas de abril. No entanto, a projeção de expansão da economia do país em 2019 se manteve inalterada em 2,5%.
As próximas previsões econômicas do FMI serão divulgadas na próxima assembleia anual do órgão em outubro, na Indonésia.
Foto: EPA/SHAWN THEW