POLÍTICA NACIONAL
Henrique Alves é preso suspeito de receber propina e comprar votos.
Ex-deputado Eduardo Cunha, que está preso, também foi alvo de operação.
Em 06/06/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
O Ministério Público Federal suspeita de compra de votos e apoio político por parte da campanha do ex-ministro Henrique Eduardo Alves ao governo do Rio Grande do Norte em 2014. Alves foi preso nesta terça-feira (6) na operação Manus, que investiga o pagamento de propinas nas obras de construção da Arena das Dunas. O ex-deputado Eduardo Cunha, que está preso em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, foi alvo de um novo mandado de prisão preventiva. Os dois também são alvos de mandados de prisão em outra operação desta terça para apurar irregularidades nas vices-presidências de Fundos e Loterias e de Pessoas Jurídicas da Caixa Econômica Federal.
O advogado Marcelo Leal, que defende Henrique Alves, disse ao G1 que tomou conhecimento da prisão pela imprensa. "Até o momento, não sei de nada sobre o que levou a PF a prender Henrique. Vou tomar pé da situação e depois me pronuncio", falou por telefone.
O advogado de Eduardo Cunha negou qualquer ato ilícito. A Carioca Engenharia não vai se manifestar. A Odebrecht, a OAS e a Andrade Gutierrez ainda não se pronunciaram. O Tribunal de Contas da União, o Tribunal de Contas do Rio Grande do Norte e o ex-presidente Paulo Roberto Alves ainda não se manifestaram.
Uma das empresas que prestava serviços de campanha a Alves sacou R$ 2 milhões em espécie às vésperas do segundo turno da eleição de 2014, "o que gerou a suspeita concreta de que esses recursos possam ter sido utilizados para compra de votos", segundo o procurador da República Rodrigo Telles.
Henrique Eduardo Alves foi preso em casa, na Zona Leste de Natal, na manhã desta terça. O ex-deputado Eduardo Cunha, que está preso em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, foi alvo de um novo mandado de prisão preventiva na mesma operação.
Arena das Dunas
De acordo com o MPF, a OAS teria pago propina a políticos do RN, inclusive Henrique Eduardo Alves, para que eles agissem junto ao Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte para evitar que o financiamento da Arena das Dunas fosse suspenso pelo BNDES. "O TCE solicitou à OAS os elementos necessários para analisar se havia superfaturamento ou sobrepeso na obra da Arena das Dunas, mas a OAS nunca apresentou esses elementos. Diante disso o TCE disse que não tinha condições de dizer se havia ou não superfaturamento", explicou Rodrigo Telles. Segundo o MPF, Henrique Eduardo Alves agiu junto ao TCE para resolver esse impasse e impedir a suspensão do financiamento.
Os investigadores ainda apuram se a suposta pressão de Henrique Alves surtiu efeito, já que o repasse dos recursos do financiamento continuou e a obra foi concluída.
De acordo com o que foi levantado pelo MPF e pela PF, foi constatado sobrepreço e superfaturamento de R$ 77.532.187,35 na obra da Arena das Dunas.
O pagamento dessa "troca de favores" a Henrique Eduardo Alves, como se refere o MPF, era feito através de doações oficiais e não oficiais (caixa 2). Os repasses feitos através de doações de campanha, oficiais e supostamente lícitas, eram absorvidos por Alves por meio de empresas de fachadas que simulavam prestação de serviços durante a campanha, segundo o MPF.
Nesta terça, além de Henrique Alves, foi preso em Natal um dos sócios da empresa Prátika Locação de Equipamentos que é suspeita de ter lavado R$ 9 milhões em favor de Henrique Alves.
(Foto: Frankie Marcone / Futura Press)