CIDADE

Homem cria projeto, deixa livros em ônibus e compartilha cultura no ES

Livros são deixados de forma anônima.

Em 24/11/2014 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Com o aumento do uso de tecnologias e de redes sociais, disseminar o hábito de ler livros pode ser uma tarefa difícil. Mas no que depender do analista de sistemas Élson Luiz Altoé, de 57 anos, a prática vai continuar a ser incentivada. Há cerca de três anos, ele criou o projeto "Esqueça um livro e compartilhe cultura", em que deixa nos ônibus da Grande Vitória exemplares vindos do próprio acervo, em uma tentativa de passar para frente toda a experiência adquirida por meio das páginas. “O objetivo do livro é ser lido, quanto mais gente lendo, melhor”, disse.

Élson contou que, nos ônibus, tudo acontece de forma bem discreta. “Eu deixo o livro e saio”, disse. Apesar das poucas palavras, o doador de livros acredita que através do projeto vem proporcionando mais cultura à vida das pessoas. “Antes eu deixava nas bibliotecas dos terminais do sistema Transcol, mas passou a ficar difícil eu me locomover até lá, então passei a deixar nos ônibus que eu circulo mesmo, que geralmente são as linhas 112, 103 e 164”, disse.

E foi por meio das palavras e da leitura que surgiu a ideia. Segundo ele, foi se informando sobre uma campanha nas redes sociais que tudo começou. “Eu vi algum amigo compartilhando a frase ‘deixe um livro no banco da praça’, então pensei: ‘por que não deixar onde a circulação de pessoas é maior?’ E venho fazendo isso até hoje”, falou.

 

Apaixonado pela leitura, Élson ainda contou que uma vez por mês tenta comprar pelo menos dois livros, que depois de lidos, são deixados nos coletivos. “Gosto muito de ler romances de autores como Dan Brown e Harlan Coben, porque são livros que trazem algo a mais. Antes costumava guardar, mas venho me desapegando, porque a função do livro é ser lido pelo maior número de pessoas”, explicou.


Presente
Com os dizeres "Esqueça um livro e compartilhe cultura. Leia este  livro e o esqueça em algum lugar", na contra capa dos livros, Élson vem presenteando de forma anônima diversos usuários do transporte público da capital.

Um dos agraciados com o presente foi o universitário Cláudio Vervloet Ramos, que segundo o próprio doador, foi o primeiro a ter a reação registrada por ele. “Ele sentou do meu lado, viu o livro e perguntou se era meu. Eu neguei e ele perguntou aos demais passageiros, que também negaram. Depois de muito insistir e ficar sem graça em levar o livro, acabei me revelando”, contou Élson, entre risos.

Segundo Cláudio, o primeiro pensamento foi tentar devolver o objeto. “Eu não iria ficar com o livro se soubesse que alguém tinha esquecido, mas depois que soube, achei tudo muito legal. Achei a ideia muito válida, ainda mais hoje, quando a leitura está cada vez mais apagada. Levei para minha casa e minha mãe, ao saber da história, já se candidatou a ler o livro. Assim que eu e ela terminar, vou seguir com o projeto”, declarou.

Outros pontos
Além dos ônibus que circulam por Vitória, Élson também deixa os exemplares em hospitais do município, como os Hospitais Infantil e Santa Rita. “Eu estou perto de me aposentar, e assim que isso se concretizar, penso em montar uma biblioteca, porque a leitura é fundamental”, finalizou.

Reação
Em um passeio nos coletivos até o Centro de Vitória, o G1 registrou reções de algumas pessoas. No primeiro ônibus, dois adolescentes chegaram a cogitar a ideia de sentar no assento, mas ao verem o livro, preferiram outra acomodação. Já na segunda tentativa, o livro deixado em um dos bancos despertou a curiosidade de duas passageiras, que acabaram interagindo com o doador.

"Eu achei que o livro estava reservando o lugar para outra pessoa. Eu perguntei (para a mulher já sentada) e ela negou. Então eu o chamei e ele me contou tudo. Eu vi o recado e achei interessante. Vou ler e depois 'esquecer em algum lugar'", disse a administradora Mariana Sarmento.

 

Já a passageira Talita Staler disse que vai presenter outros familiares após a leitura. "Achei muito interessante. Vou ler e depois dar para minha neta, que é pedagoga", contou.

Fonte: G1-Espírito Santo