Imprensa diz que opinião pública pode frear acordo de Trump e Kim

A opinião pública, principalmente a americana, pode ser o principal obstáculo para conseguir o sucesso do diálogo iniciado na terça-feira pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, advertiu nesta quarta os jornal chinês "Global Times".

A histórica cúpula de Singapura ocupou hoje as capas e editoriais dos veículos de imprensa chineses, onde abordaram as dificuldades enfrentadas pelo compromisso de alcançar a paz entre os dois líderes.

"No futuro, o principal obstáculo para o processo de paz da península pode vir de Washington e Seul, ou inclusive de Tóquio", disse um editorial do "Global Times" - ligado ao governante Partido Comunista da China -, alertando sobre os "inimigos domésticos" que Trump enfrentará na hora de encerrar as manobras militares na região.

Ainda afirmou que "os legisladores e líderes de opinião podem encontrar infinitas desculpas para se opor à interação do governo de Trump com a Coreia do Norte. Estas forças frearão Trump e Kim para impulsionar seu acordo".

"Seus inimigos domésticos provavelmente estragarão tudo, dando prioridade a envergonhar Trump acima da proteção dos interesses dos Estados Unidos a longo prazo", acrescentou.

No encontro em Singapura, Pyongyang reafirmou seu compromisso com a desnuclearização da península coreana e Washington ofereceu garantias de segurança ao regime.

Embora Trump não vá retirar as tropas americanas na Coreia do Sul, nem suspender as sanções contra o regime norte-coreano "enquanto as armas nucleares permanecerem", ele disse que vai interromper as manobras militares pois "sob as atuais circunstâncias, é inadequado realizar jogos de guerra".

O ministro da Defesa do Japão, Itsunori Onodera, já mostrou hoje sua preocupação com a provável suspensão das manobras, alegando que elas desempenham um papel "muito importante" na segurança da Ásia Oriental.

Por sua vez, o jornal oficial "China Daily" também celebrou em seu editorial a promessa de Trump de oferecer garantias de segurança para a Coreia do Norte, eliminado desta forma um dos principais obstáculos para a paz.

A publicação também destacou os esforços "incansáveis" da China e previu que Pequim seguirá desempenhando um papel ativo para alcançar os objetivos e fornecerá apoio para consolidar a aproximação de ontem que "apagou a profunda desconfiança entre dois antigos inimigos".