CIÊNCIA & TECNOLOGIA

Indústria precisa adotar sistemas digitais para se tornarem competitivos

Produtividade da indústria caiu por mais de dez anos consecutivos até 2014.

Em 19/09/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Reprodução

A produtividade da indústria brasileira caiu por mais de dez anos consecutivos até 2014, em comparação com os principais países competidores, segundo estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Depois de tanto tempo em queda, o setor industrial tem chances de mudar esse cenário. A Indústria 4.0, que traz a integração do mundo físico e virtual, por meio de inovações tecnológicas, se torna a saída para que as indústrias saiam da defasagem e prosperem nos próximos anos.

De 24 setores da indústria brasileira, 14 precisam adotar com urgência estratégias de digitalização para se tornarem internacionalmente competitivos, ainda de acordo com a CNI. Segundo o gerente-executivo de Política Industrial da entidade, João Emilio Gonçalves, a digitalização permite que todas as etapas da produção, desde o estoque até o planejamento da produção e pós-vendas, sejam integradas.

“As máquinas se comunicam umas com as outras, você tem sistemas que permitem prever o que vai acontecer lá na frente na produção, antecipar defeitos, resolver problemas e otimizar a produção. E isso não se restringe só ao ambiente dentro da fábrica. Também permite a integração digital com clientes e com fornecedores”, explica.

Crédito: Agência do Rádio Mais

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Para Gonçalves, há uma série de medidas regulatórias, de financiamento e de apoio ao desenvolvimento tecnológico que precisam ser tomadas de forma coordenada para que o Brasil consiga alcançar países mais desenvolvidos. “Esse processo de modernização da indústria brasileira vai ser decisivo, não só para o desenvolvimento do país, mas também para garantir que no futuro a gente vai ter empregos de qualidade, de alta produtividade para conseguir empregar a população, com níveis de renda que permitam o Brasil avançar no processo de desenvolvimento”, destaca.

O professor do Departamento de Administração da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em inovação, tecnologia e recursos, Antônio Isidro, explica que apesar do déficit na infraestrutura ser grande, o principal motivo para a baixa competitividade na indústria é a falta de mão de obra qualificada. “Isso sinaliza que se tivermos política pública de educação profissional, educação tecnológica, desde o Ensino Fundamental ao Médio, para que isso gere oferta de mais mão de obra, a tendência é que possa aumentar a produtividade do país e responder às tendências de mercado, ao consumo, ao desejo das pessoas de se inserirem no mercado”, ressalta.

A CNI encaminhou aos candidatos à Presidência da República, em junho de 2018, uma série de propostas para o Brasil alcançar a Indústria 4.0. O estudo Indústria 4.0 e Digitalização da Economia, parte do documento Propostas da Indústria para as Eleições, reúne, entre outras, medidas de apoio à modernização industrial e aplicação de tecnologias digitais, disponibilização de mecanismos específicos para promover o desenvolvimento tecnológico, ampliar e melhorar a infraestrutura de telecomunicação e desenvolver estratégias para a formação e qualificação profissional.

SENAI 4.0

O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) ajudou mais de 3 mil indústrias brasileiras a introduzirem técnicas da Indústria 4.0 no processo produtivo. As empresas, de pequeno e médio porte, receberam consultoria e alcançaram um aumento médio de produtividade de 52,09% nas linhas de produção atendidas pela iniciativa em 2017, segundo a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).

Entre 2018 e 2019, o SENAI vai atender, por meio do programa Brasil Mais Produtivo (B+P), que é coordenado pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), 600 empresas dos segmentos moveleiro, metalomecânico, calçadista, de alimentos e bebidas e de vestuário.

“O Brasil Mais Produtivo ataca a questão da gestão da produção enxuta, que é muito importante para criar estágios para a digitalização. Não adianta você digitalizar um processo ineficiente. Então, ter essa base da manufatura enxuta, que gera por si só um ganho de produtividade muito grande, é uma etapa importante que as empresas precisam passar”, afirma João Emilio Gonçalves.

Outra ferramenta para ajudar as indústrias a se adequarem à nova revolução tecnológica é a plataforma SENAI 4.0. Lançado em março de 2018, o site permite aos empresários fazer o diagnóstico online do estágio tecnológico de suas empresas. A avaliação servirá de base para elaboração de um plano individualizado de inserção na indústria 4.0.

Além disso, o SENAI oferece cursos de capacitação profissional em todo o Brasil. A instituição possui observatórios industriais que monitoram o funcionamento de cada setor da indústria com o objetivo de antecipar a formação de profissionais que atendam às necessidades reais da indústria. Mais de 80% de alunos formados conseguem entrar no mercado de trabalho.

Estratégias para impulsionar a digitalização da economia

Em março de 2018, foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) o Decreto 9.319/2018, que institui o Sistema Nacional para a Transformação Digital (SinDigital) e estabelece a estrutura de governança para a implantação da Estratégia Brasileira para a Transformação Digital (E-Digital). A E-Digital prevê cem ações para impulsionar a digitalização na indústria, no setor de serviços e na sociedade nos próximos quatro anos. Entre os nove eixos temáticos apresentados pelo documento estão ações voltadas para a infraestrutura de redes e acesso à internet, educação e capacitação profissional e digitalização da economia.