ESPORTE INTERNACIONAL
Insatisfeito com reserva, Rodrigo Pessoa desiste de competir no Rio.
Campeão olímpico em 2004, cavaleiro diz que não teria como ajudar o time brasileiro.
Em 04/08/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Rodrigo Pessoa está fora da Olimpíada Rio 2016. A notícia foi confirmada pelo cavaleiro na noite desta quarta-feira e expõe duas realidades: o fim de uma das mais longas trajetórias olímpicas do país e uma pequena crise envolvendo a seleção brasileira de saltos do hipismo, fruto da insatisfação de Rodrigo em ser convocado para reserva do time nacional.Pelas regras, cada país pode contar para a prova de saltos por equipe com quatro conjuntos titulares e um conjunto reserva. Este último, só participa das disputas em caso de impossibilidade de um dos titulares. Rodrigo foi convocado como reserva pelo técnico George Morris e não aceitou esta condição. Assim, desistiu da disputa.
- O único lugar em que não posso contribuir é na reserva – desabafou por meio de nota.
O técnico
De acordo com Rodrigo, o técnico considerou que sua égua (Cadjanine) “não corresponde às expectativas” e por isto colocou o conjunto na reserva. O cavaleiro discorda da opinião do treinador, mas se deu como vencido nesta aparente queda de braço.
- Acredito e reafirmo o que avisei à comissão técnica: minha égua estaria pronta no momento adequado. Assim como em várias outras ocasiões, meus cavalos sempre chegaram preparados para contribuir com sucesso para a equipe do Brasil. Apesar da minha insistência em tentar representar mais uma vez o meu país, infelizmente, pela decisão do técnico, adicionado a uma suspeita de cólica da égua, dessa vez, estou fora – pontuou.
O brasileiro, campeão olímpico em 2004 nos saltos individuais, e dono de outras duas medalhas de bronze nos saltos por equipe, disse que desistiu de sua sétima Olimpíada na carreira após “muita reflexão” e baseado na ideia de que ir para a reserva seria incoerente:
- Penso que temos um segundo conjunto reserva (Felipe Amaral montando Premiere Carthoes BZ) tão bom quanto os demais e não quero impedi-lo de ter a oportunidade de viver a sua primeira Olimpíada.
Por fim, o brasileiro disse que vai seguir torcendo pelo Brasil: - Só me resta torcer para o Brasil buscar esta medalha. Estarei presente, mas na torcida desta vez.
Serviços prestados ao hipismo
Rodrigo Pessoa é filho de Nelson Pessoa, um dos precursores do hipismo no país. O pai conquistou duas medalhas de ouro e uma de prata em Jogos Pan-Americanos e foi por muitos anos treinador do filho, que superou os feitos do pai.
Ao longo de sua vida esportiva, Rodrigo foi a seis olimpíadas, defendendo o Brasil de forma ininterrupta desde Atlanta 1996. Conquistou o bronze por equipes em Atlanta e em Sidney 2000 e conquistou a medalha de ouro em Atenas 2004 no individual, quando se redimiu da refugada de seu cavalo (Baloubet du Rouet) quatro anos antes, também na final individual. Conquistou ainda uma prata em Jogos Pan-Americanos e o tricampeonato mundial de hipismo.
Nos últimos Jogos Olímpicos, em Londres, 2012, foi o porta-bandeira da delegação brasileira na solenidade de abertura daquela Olimpíada. O Brasil não conquistaria medalhas no hipismo em Londres, naquele que seria os últimos Jogos do brasileiro, que apesar desta condição nasceu mesmo em Paris.
Confira na íntegra a nota de Rodrigo Pessoa sobre sua desistência da Rio 2016:
Após muita reflexão cheguei a conclusão que continuo com a mesma opinião: o único lugar que não posso contribuir é na reserva. Segundo o técnico George Morris, a minha égua Cadjanine não corresponde as suas expectativas e por isso não vejo coerência nesta convocação de reserva. Imagina se precisamos do reserva. Diante disso, penso que temos um segundo conjunto reserva (Felipe Amaral / Premiere Carthoes BZ) tão bom quanto os demais e não quero impedi-lo de ter a oportunidade de viver a sua primeira Olimpíada.
Participei de seis Jogos Olímpicos como titular. Acredito e reafirmo o que avisei à comissão técnica: minha égua estaria pronta no momento adequado. Assim como em várias outras ocasiões, meus cavalos sempre chegaram preparados para contribuir com sucesso para a equipe do Brasil.
Apesar da minha insistência em tentar representar mais uma vez o meu país, infelizmente, pela decisão do técnico, adicionado a uma suspeita de cólica da égua, dessa vez , estou fora. Só me resta torcer para o Brasil buscar esta medalha. Estarei presente, na torcida desta vez. Queria agradecer pelas centenas de mensagens que recebi de perto e de longe neste momento.
Fonte: GE