EDUCAÇÃO
Instituições de ensino diversificam formatos de avaliações
Toda reprovação escolar é medida extrema, com ou sem pandemia, diz Andrea Godinho.
Em 11/11/2020 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Um parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE), emitido em julho, solicitou que as redes de ensino de todo o Brasil evitem reprovar alunos em 2020, sugerindo uma diversificação nas estratégias de avaliação. A recomendação reforça a necessidade de cautela, neste momento, para evitar análises desproporcionais, apontando que as escolas devem refletir sobre o contexto geral do estudante, e não somente sobre o resultado das avaliações realizadas ao longo do ano.
Toda reprovação escolar é uma medida extrema, dentro ou fora do contexto de uma pandemia. No caso do ensino privado, supondo que grande parte dos alunos têm as condições necessárias para o estudo, é preciso levar em consideração que a maneira com que haviam se acostumado a aprender mudou drasticamente da noite para o dia. Analisar o envolvimento e engajamento do aluno e de sua família, o processo de adaptação ao novo formato, o acompanhamento da orientação educacional, entre outros fatores, podem auxiliar nas decisões que serão tomadas.
De modo geral, os regimentos escolares propõem uma média mínima a ser obtida entre os resultados das avaliações, mas os modelos e formatos dessas avaliações podem ser diversos. Há a possibilidade de aplicar avaliações formais que exigem habilidades técnicas e acadêmicas; avaliações interdisciplinares e diversificadas, que medem competências e habilidades de estudantes nas resoluções de problemas e até mesmo avaliações diárias, aplicadas por meio de jogos, formulários ou quizzes, que ajudam o aluno a entender como foi o seu desempenho em cada aula. O fato é que, ao longo da pandemia, tivemos possibilidades mais frequentes de os alunos acompanharem seus próprios aprendizados e de entenderem quais as formas mais eficientes de consumirem conteúdo.
Durante as avaliações neste formato remoto, a possibilidade de consulta foi uma preocupação frequente das instituições de ensino. Como verificar se o aprendizado foi realmente efetivo? Como saber se não estão conversando em grupos de WhatsApp ou consultando a internet? De fato, não podemos ter total controle sobre isso. Devemos confiar em nossos alunos e na parceria que temos com as famílias, sem perder de vista que alguns, inevitavelmente, não atingiram um grau de maturidade suficiente para entender que a nota, por si só, não impacta de modo relevante em sua trajetória ou garante seu aprendizado.
A grande questão é: a partir dessas constatações, por que não adaptar as avaliações para que sejam mais produtivas e funcionem como mais uma alternativa de estudo? As provas em grupo, por exemplo, podem trazer grandes benefícios, aplicando problemas interdisciplinares que proporcionem a interação com colegas e gerem diferentes propostas de solução. Modificando a estratégia, a escola oferece mais uma oportunidade de que o aluno construa o seu aprendizado, além de desenvolver habilidades que geralmente são potencializadas na condução de projetos, como o espírito de equipe, e o protagonismo, por exemplo.
Toda a avaliação tem o seu propósito. Mas existem alternativas, e não precisamos nos fechar em um só modelo. O cenário nos ajudou a perceber que existe uma gama de oportunidades que não estavam sendo plenamente exploradas, seja por uma questão cultural, seja por uma preocupação em seguir modelos pré-existentes. Quando diversificamos as maneiras de avaliar, criamos a possibilidade de alcançar diferentes perfis de alunos e formas de aprendizado.
Apesar de todas as dificuldades, esse foi um período que estimulou a fuga do lugar comum e potencializou o leque de estratégias das instituições educacionais. Professores desenvolveram novas formas de ministrar suas aulas e de engajar seus alunos, seja por meio da aplicação de metodologias ativas ou por meio da maior participação dos jovens na construção das aulas. Observamos uma dissolução de resistências visando ao objetivo maior de formação efetiva dos estudantes mesmo em um modelo de ensino à distância.
Com todas essas modificações, é importante que as instituições desenvolvam seus planejamentos educacionais de 2021 levando em consideração o ano de 2020 com noções de continuidade, não de rompimento. Tivemos muitos aprendizados importantes, que não devem ser desconsiderados para retornarmos aos formatos convencionais. Cada escola deve analisar o que teve de positivo e o que é relevante para manter um pleno funcionamento, prezando pela segurança de seus colaboradores e alunos. É hora de cada escola continuar se empenhando em desenvolver cada vez mais suas metodologias, buscando a oferta de um ensino de excelência para todos os seus estudantes. (*Por Angelita Gonçalves - *Andrea Godinho de Carvalho Lauro, coordenadora do Ensino Médio do Colégio Poliedr)