POLICIA
Irã enforca jovem que se dizia vítima de tentativa de estupro
Para Justiça iraniana, Jabbari não conseguiu provar que agiu em legítima defesa.
Em 25/10/2014 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
De acordo com a agência de notícias estatal Tasnin, Reyhaneh Jabbari foi executada na manhã deste sábado depois que sua família não conseguiu obter o consentimento de parentes da vítima para livrá-la da forca.
Sua mãe, Shole Pakravan, confirmou a execução em entrevista ao serviço iraniano da BBC. Ela também disse que na sexta-feira foi autorizada pelo governo a visitar a filha por uma hora.
A execução da iraniana estava prevista para o mês passado, mas acredita-se que uma campanha feita nas redes sociais tenha levado ao seu adiamento.
Jabbari foi presa em 2007 e ficou em detenção solitária por dois meses, durante os quais teria sido impedida de contactar um advogado ou integrantes da sua família.
Ela havia sido condenada à morte em 2009.
O caso
A iraniana dizia que havia esfaqueado, pelas costas, Morteza Abdolali Sarbandi - ex-funcionário do Ministério de Inteligência do Irã - em legítima defesa, depois que ele tentou estuprá-la.
Também alegava que uma outra pessoa, que estava no local, havia matado Sarbandi. Mas segundo Jalal Sarbandi, filho do ex-funcionário do Ministério de Inteligência, a jovem teria se recusado a identificar essa pessoa.
A família de Sarbandi defende que o assassinato foi premeditado e, segundo a Justiça iraniana, Jabbari não conseguiu provar que agiu em legítima defesa.
A organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional, porém, classificou a investigação do caso como "profundamente falha".
"Essa é mais uma mancha sangrenta no histórico dos direitos humanos no Irã", disse o vice-diretor para o Oriente Médio e o Norte da Àfrica da Anistia Internacional, Hassiba Hadj Sahraoui.
"Infelizmente, esse caso está longe de ser incomum. Mais uma vez o Irã insistiu em aplicar a pena de morte apesar de sérias dúvidas sobre se o julgamento foi justo."
Segundo a ONU, o Irã executou 250 pessoas neste ano.
Por BBC Brasil