ESPORTE INTERNACIONAL
Irmãos compartilham o pódio em dia de vitórias no Parapan.
Os irmãos Eliseu e Marcelo Santos, subiram no pódio em primeiro e terceiro lugar.
Em 12/08/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Praticada por atletas com elevado grau de paralisia cerebral ou deficiências severas, a bocha estreou nos Jogos Paralímpicos em 1984. Os atletas usam cadeiras de rodas e têm o objetivo de lançar as bolas coloridas o mais perto possível de uma branca (jack ou bolim). Porém, são os pequenos gestos que fazem a diferença na bocha, esporte de estratégia e precisão.
Em duas das quatro categorias da modalidade exclusivamente paralímpica, os jogadores recebem auxílio de assistentes, responsáveis por posicionar a bola em uma rampa para o lançamento, chamada calha. Os ajudantes ficam de costas para a quadra, o que não os impede de saber o que acontece no jogo na expressão do parceiro. “O meu sistema é mexer a cabeça para um lado, para outro, mas ela consegue ler o jogo nos meus olhos”, afirma Richardson Ferreira, auxiliado pela esposa Adriana Almeida.
A regra existe para evitar interferências externas, mas os atletas podem falar ou indicar com gestos ou olhares como querem direcionar a calha e com qual inclinação. Neste momento, a cumplicidade ajuda. “Ele pensa e eu sei o que ele quer, no olhar, no aspecto facial. Essa união é 24 horas e isso ajuda no jogo. Eu me dedico para a competição e para apoiá-lo. A gente traça estratégia juntos, assiste às partidas dos oponentes, sente qual é a dificuldade do adversário e tenta traçar o melhor caminho”, conta Adriana, exibindo a medalha de ouro conquistada nesta terça-feira (11) ao lado do esposo. Na final, 8 x 1 no canadense Eric Bussiere na classe BC3.
Na mesma categoria, Antônio Leme levou o bronze ao superar a compatriota Daniele Martins. Auxiliado pelo irmão Fernando, ele resume a importância da parceria. “É sensacional. Ele me põe para cima. A bocha é minha vida”. O calheiro entende que o entrosamento fora de quadra auxilia no desempenho nas competições. “A gente sempre foi unido desde pequeno. Estarmos juntos numa competição com nível tão grande é um prazer imenso. E ele necessita de um assistente que fale a mesma língua, entenda o olhar, o gesto, que saiba o que ele está pensando. Ter esta intimidade fora da quadra facilita nosso trabalho”.
Pódio familiar
A família da bocha também pintou de verde e amarelo outro pódio do Abilities Centre. Os irmãos Eliseu e Marcelo Santos participam da categoria BC4, na qual os atletas não necessitam de ajudantes, e levaram o primeiro e o terceiro lugar, respectivamente. “Você poder participar de uma competição deste nível é a realização de um sonho. E estar ao lado do meu irmão no pódio é algo maravilhoso”, disse Marcelo.
Mais um caso em que a convivência ajudou no crescimento mútuo. “Nós treinamos juntos, um ajuda ao outro. Eu não gosto de perder para ele e nem ele para mim e, assim, vamos ficando melhores”, afirma Eliseu, que foi um incentivo para o irmão se dedicar à bocha, quando voltou para casa com um ouro e um bronze das Paralimpíadas de Pequim 2008. “Aquilo me incentivou a seguir a carreira e ir com ele”, conta o caçula Marcelo.
O apoio entre eles passa do incentivo nos treinos e serve para superar a saudade do ambiente familiar. “Viajei e deixei mãe, esposa, filho... então é bom estar aqui ao lado do Marcelo e das pessoas que fazem parte dessa família da bocha.”
Resultados
As disputas individuais encerraram a participação da bocha no Parapan de Toronto. O Brasil bateu o recorde de ouros ao conquistar seis medalhas dentre sete possíveis. Nesta terça (11), o País venceu as quatro finais, três contra os donos da casa, e ainda levou dois bronzes. Ao todo, foram nove medalhas, seis de ouro e três de bronze, levando em conta as provas de duplas e equipe.
Fonte: Brasil 2016.