CIDADANIA

Jovem sai de favela no RJ vira músico da orquestra do ES.

Deyvisson Vasconcelos entrou para a Orquestra Sinfônica do estado.

Em 25/01/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Depois de morar na rua ainda bebê e ser deixado pela mãe na casa de uma outra família, um jovem deixou a favela do Rio de Janeiro para realizar um sonho do Espírito Santo: ser fagotista da Orquestra Sinfônica. Apesar da falta de perspectivas de um futuro melhor, ainda criança Deyvisson Vasconcelos descobriu nas aulas de música de um projeto social a chance de reescrever a própria história.

O fagote é um instrumento musical da família dos sopros. "Não é muito tradicional de ver por aí, ele é do século XVI, antes era um instrumento reto e foi aprimorado, antigamente ele não tinha essas chaves todas", disse Deyvisson.

O músico nasceu em Pernambuco e se mudou para o Rio de Janeiro com a mãe. O primeiro ano no Rio foi difícil. Sem dinheiro, emprego ou familiares, mãe e filho moraram na rua. Até que um jovem, sensibilizado ao ver o garoto naquelas condições, teve a ideia de adotar a criança.

Para trabalhar, a mulher deixou Deyvisson com a "mãe de coração". "Ela tinha seis filhos, mas mesmo assim ela teve um espaço pra mim e cuidou até melhor do que meus irmãos, era mais rígida", disse.

No início, o combinado era que a mãe biológica retornasse aos fins de semana para rever o filho. Ela chegou a visitá-lo por algumas vezes, mas ao perceber que o menino não a reconhecia mais como mãe, ela nunca mais voltou.

Aos 10 anos, Deyvisson entrou em um projeto social e teve contato com a música. "Lá eu estudei clarinete por 10 anos. Só que as portas muitas vezes não se abriam porque tem muitos candidatos, bons candidatos", contou.

O contato com o fagote veio quando ele entrou na faculdade. "Meu professor reparou que eu tinha muita dificuldade financeira, até de ir para a faculdade. Ele me deu essa sugestão de mudar do clarinete para dar um retorno financeiro mais rápido. Dois anos depois, eu tinha já conseguido emprego", completou.

Segundo o músico, os instrumentos são caros. "Eu era de uma comunidade carente, não tinha condições porque esse meio da música não é fácil. A maioria dos instrumentos são caros. Um fagote pra estudante está custando de 12 a 13 mil euros. Um profissional seria 27 mil euros", afirmou.

Orquestra
Em 2014, Deyvsson decidiu sair do Rio de Janeiro para tentar uma vaga na orquestra do Espírito Santo. "Eu e minha esposa vimos que tinha um edital aberto e decidi vir pra cá", disse.

Fonte: G1-ES