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Justiça Federal nega interdição parcial do Hospital São Lucas, no ES
CRM pediu interdição devido às condições do pronto socorro.
Em 21/12/2014 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Uma liminar da Justiça Federal concedida na noite desta sexta-feira (19) negou a suspensão no atendimento do pronto-socorro do Hospital São Lucas que fica no anexo do hospital da Polícia Militar, em Vitória. O pedido de suspensão havia sido feito pelo Conselho Regional de Medicina (CRM), devido aos problemas encontrados no novo e no antigo São Lucas.
A população e a direção do hospital continuam denunciando a superlotação e falta de vagas. A auxiliar de serviços gerais Ediana de Oliveira tem um filho com deficiência física internado na unidade, em péssimas condições. “Ele fez uma cirurgia e colocaram dreno, porque ele tem que ficar só de lado. Como é que um ser humano fica no corredor só de lado? Como é que fica naquele corredor só a Deus dará?”, desabafa a mãe.
O hospital seria parcialmente interditado na manhã deste sábado (20), atendendo somente casos de urgência e emergência. Mas a corregedoria do CRM foi à unidade na manhã deste sábado para contar à chefia de plantão que a interdição foi suspensa.
O diretor clínico Ronaldo Sfalsini contou que os problemas só se agravam. “Os problemas continuam e cada vez ficam mais graves, porque os pacientes de alto risco chegam a todo instante e nós estamos com problemas sérios de atendimento. Não por causa de profissionais. Nós estamos com problemas de espaço, nós não temos leito, não temos enfermarias, não temos CTI. Às vezes temos pacientes internados no próprio Centro Cirúrgico por falta de vaga”, explica o médico.
A situação do Hospital Estadual de Urgência e Emergência poderia ser amenizada caso o novo São Lucas, inaugurado em setembro, estivesse em pleno funcionamento. Dos 40 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) existentes, apenas 10 estão sendo usadas, segundo médicos que atendem na unidade. As causas seriam problemas na rede elétrica, como conta o presidente da Febracem, Erick Freitas Curi.
“Existe um problema técnico na rede elétrica onde os leitos já instalados não podem funcionar pelo risco de danificar os aparelhos e até mesmo de incendiar a própria unidade. Então é importante que a população entenda duas coisas. A primeira é que a propaganda mostra a entrega de um hospital que não funciona nem com 20% de sua capacidade. A segunda é que os médicos estão trabalhando diuturnamente sem receber nenhum salário desde o dia 12 de setembro”, conta Curi.
Segundo o médico, o atendimento está garantido a todos aqueles que já estão internados, mas não há compromisso com o de novos pacientes, por conta de problemas técnicos e financeiros.
Secretaria de Saúde
O secretário de Saúde, José Tadeu Marino, disse que todos os médicos especialistas atendem por meio de cooperativas e que o atraso nos salários foi devido a problemas com contratos, como entrega de documentos por parte das cooperativas. Ele ainda disse que o pagamento para a cooperativa de cirurgia vascular já foi feito e que os outros especialistas receberão na próxima semana.
Já quanto aos 30 leitos de UTI que ainda não estão funcionando, o secretário informou que a secretaria precisou fazer reparos nos problemas da rede elétrica deixados pela construtora. Segundo ele, 10 leitos serão ativados na próxima semana e o restante deve ser liberado até a primeira quinzena de janeiro, quando todos os 175 leitos existentes no hospital estarão recebendo pacientes.
O secretário disse também que a interdição foi um ato irresponsável do CRM, já que o período de férias se aproxima. Relatou que o hospital recebe de 250 a 300 pacientes por dia e que tentou negociar com o CRM antes, mas não obteve êxito, indo à Justiça pedir a liminar de suspensão.
Fonte: G1-Espírito Santo