POLÍTICA INTERNACIONAL
Kuczynski lidera presidenciais peruanas com vantagem sutil sobre Fujimori.
O vencedor do segundo turno terá mandato para governar o país no período 2016-2021.
Em 05/06/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
O candidato da centro-direita, Pedro Pablo Kuczynski, liderava o segundo turno presidencial do Peru ante a populista Keiko Fujimori, segundo contagem de votos feita neste domingo por duas empresas de pesquisa, ao final de uma dura disputa eleitoral.
Segundo a contagem rápida da Ipsos, Kuczynski obtinha 50,5% dos votos contra 49,5% de Fujimori. A empresa Gfk atribuiu a Kuczynski 50,8% e 49,2% para Fujimori. A margem de erro nos dois casos foi de 1 ponto percentual.
Na denominada "contagem rápida", as empresas têm acesso legal às atas de votação que vão sendo fechadas e contam paralelamente os resultados de uma amostra representativa, antes da difusão das cifras oficiais.
Nas pesquisas de boca de urna, Kuczynski também aparecia com uma vantagem sutil sobre Fujimori. Segundo a empresa Ipsos, Kuczynski teria 50,4% dos votos contra 49,6% de Fujimori. O instituto de pesquisas Gfk atribuiu 51,2% dos votos a Kuczynski contra 48,8% para Fujimori. Já a empresa CPI deu a Fujimori 51,1%, contra 48,9% para Kuczynski.
Apesar dos resultados apertados, Fujimori saiu sorridente e saudou simpatizantes, reunidos em frente ao seu QG de campanha, em um hotel de Lima. Os seguidores de Kukzynski, enquanto isso, aguardavam em meio a aplausos os resultados oficiais em frente ao seu comitê de campanha.
Dos dois lados, o clima era de festa.
Cerca de 23 milhões de peruanos votaram neste domingo em calma para eleger o novo presidente, após uma longa campanha em Keiko Fujimori aparecia como favorita até alguns dias atrás. Na última semana, no entanto, Kuczynski a alcançou e pode tirar dela a vitória.
Abertas desde as 08h00 locais (10h00 de Brasília), as mesas de votação fecharam às 16h00 (18h00 em Brasília) neste segundo turno presidencial, em que o fujimorismo luta para voltar ao poder dezesseis anos depois de o pai da candidata, Alberto Fujimori, ter fugido para o Japão e renunciado à Presidência por fax, pondo um fim a um governo repressor e corrupto (1990-2000).
Os primeiros resultados oficiais devem ser anunciados entre as 21h00 e as 22H00 locais (23h00 e 00H00 de Brasília).
Durante a campanha, mais que propostas houve troca de acusações entre os candidatos.
Na primeira hora deste domingo, como costuma ocorrer no Peru, os candidatos iniciaram o dia tomando o café-da-manhã com seus familiares e colaboradores, um ritual transmitidos pela TV.
"Pensem na democracia e no diálogo, que é a única coisa que vai nos salvar da corrupção, do narcotráfico e do desastre", disse Kuczynski antes de votar. Ele também pediu um "governo de unidade para o Peru", após tomar seu café-da-manhã em um bairro popular de Lima, acompanhado de simpatizantes.
Keiko Fujimori escolheu um restaurante campestre, onde preparou o café para suas filhas, e pediu aos compatriotas que "compareçam a votar"... "unidos e pensando em nosso país. O dia de hoje é um dia de festa e quem deve ganhar é o Peru".
O eleitorado está dividido. Fujimori "nos garante que combaterá a criminalidade, que avançou, não se pode mais caminhar. Quem me garante que saindo de votar não vão me roubar? Kuczynski puxa mais para os milionários", disse à AFP Mauricio Quispe, um aposentado de 67 anos, ao sair de uma seção eleitoral de Lima.
Por outro lado, o empresário do setor têxtil Enrique Castillo contou, enquanto fazia fila para votar, que apoia Kuczynski porque está convencido de que com ele haverá "segurança e estabilidade" e atrairá o "investimento estrangeiro", porque "com Keiko há dúvidas" de que isto ocorra.
A chave do resultado pode estar nos 5% de eleitores indecisos, algo em torno de um milhão de pessoas.
A última semana foi infeliz para a candidata de 41 anos, que faz a segunda tentativa de ocupar a cadeira presidencial em 28 de julho próximo, após perder para o presidente em fim de mandato Ollanta Humala, em 2011.
Apesar de contar com a maioria absoluta no Congresso no primeiro turno eleitoral, em 10 de abril, Keiko Fujimori continua gerando repúdio de metade dos peruanos, que a identificam com a corrupção e as violações aos direitos humanos do governo de seu pai, que cumpre uma pena de 25 anos de prisão.
Manifestações contra ela e denúncias de lavagem de dinheiro que salpicam em alguns de seus colaboradores e as acusações de narcotráfico contra 11 congressistas de seu partido frearam a tendência da candidata a subir nas últimas semanas.
A isto se soma que a maior parte dos candidatos excluídos no primeiro turno deram seu voto a Kuczynski, inclusive a popular líder da esquerda, Verónika Mendoza.
"Kukcynski recolhe os votos do antifujimorismo", explica à AFP Luis Benavente, diretor da consultoria Vox Populi.
Keiko Fujimori obtém os votos das classes mais humildes, que buscam nela a reencarnação do governo de mão de ferro do pai para combater a criminalidade - a maior preocupação para 70% dos peruanos - e a generosidade do Estado para resolver problemas básicos, como a habitação.
Kuczynski, 77 anos, por sua vez, foi ministro da Economia e é um bem sucedido homem de negócios. Vinculado a grandes empresas e apontado como vencedor do debate presidencial de 29 de maio, recebe o apoio da classe média alta urbana e do antifujimorismo.
Além da insegurança e do crime organizado, o próximo presidente terá enormes desafios, como reduzir as profundas desigualdades neste país de 31 milhões de habitantes, incorporar à formalidade o setor informal da economia, que emprega 70% dos trabalhadores, e regular a atividade mineradora, que representa 10% do PIB, para satisfazer as demandas sociais das comunidades andinas e harmonizá-la com o respeito ao meio ambiente.
O vencedor do segundo turno terá mandato para governar o país no período 2016-2021.
AFP