POLÍTICA INTERNACIONAL

Latinos votam mais em Biden e podem pesar em estados disputados

Pesquisa indicou 69% de apoio ao aliado de Barack Obama contra 26% do atual presidente.

Em 02/11/2020 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Foto: AFP

Desde o início de setembro, quando começou a Pesquisa de Acompanhamento Latino Semanal, o apoio a Biden em todo o país aumentou quatro pontos, enquanto o de Trump cresceu dois.

Um dia antes das eleições nos Estados Unidos, o candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, lidera com folga as intenções de voto frente ao presidente Donald Trump entre os hispânicos, que podem pesar em estados disputados, disseram especialistas nesta segunda-feira (2).

A consultoria NALEO Educational Fund and Latino Decisions, que nas últimas nove semanas investigou as preferências e preocupações do eleitorado hispânico, indicou 69% de apoio ao ex-vice-presidente de Barack Obama, frente a 26% ao atual presidente republicano.

Desde o início de setembro, quando começou a Pesquisa de Acompanhamento Latino Semanal, o apoio a Biden em todo o país aumentou quatro pontos, enquanto o de Trump cresceu dois.

“Enquanto a eleição de 2020 caminha para níveis recordes de participação, quase metade dos eleitores latinos já votou, posicionando a comunidade para desempenhar um papel crítico em disputas acirradas em todo o país”, disse Arturo Vargas, diretor-executivo do Fundo Educacional NALEO.

Cerca de 32 milhões de hispânicos, a principal minoria étnica nos Estados Unidos, podem votar nessas eleições, nas quais um número sem precedentes optou pelo voto antecipado, tanto pelo correio quanto pessoalmente.

Impacto latino em estados-chave

Especialistas garantem que o voto latino terá impacto em todos os estados, mas em alguns pode ser decisivo para chegar aos 270 votos eleitorais necessários para ganhar a Casa Branca segundo o sistema americano de sufrágio universal indireto.

A última pesquisa NALEO / Latino Decisions mostrou Biden superando Trump nos cinco principais estados com mais eleitores hispânicos. Ele o venceria na Califórnia e em Nova York, dois bastiões democratas tradicionais, e também no Arizona, Texas e Flórida, que nesta eleição poderiam passar de vermelho republicano para azul democrata.

Além disso, em outros estados considerados “pendulares”, como Geórgia, Carolina do Norte, Michigan e Wisconsin, os hispânicos também desempenham um papel importante, apesar de não serem o grupo minoritário dominante, disse Stephen Nuño-Pérez, diretor de comunicações da Latino Decisions, durante uma conferência.

O mesmo deve ocorrer na Pensilvânia, outro dos campos de batalha desta competição, onde há uma população latina crescente, especialmente porto-riquenhos, disse Angie Gutiérrez, analista da Latino Decisions.

A abstenção de latinos tem sido historicamente alta. Mas entre os entrevistados, 48% disseram que já votaram e 41% disseram que votarão. Além disso, 88% estavam tão entusiasmados ou mais entusiasmados com essas eleições do que em 2016.

Há quatro anos esperava-se uma participação recorde da comunidade hispânica, considerada por muito tempo a “gigante adormecida”, mas chegou a apenas 47,6%, sem ultrapassar 48% em 2012, e abaixo dos 49,9% de 2008.

Covid-19, a prioridade

A pandemia de coronavírus, que deixa mais de 231.000 mortes e 9,2 milhões de infecções nos Estados Unidos, é a principal preocupação dos eleitores hispânicos (55%), concluiu a pesquisa.

Setenta por cento dos entrevistados disseram desaprovar fortemente a forma como Trump enfrentou a pandemia, eixo da campanha de Biden.

Outras prioridades para os hispânicos são a redução dos custos com saúde (28%), a melhoria dos salários e a criação de empregos (27%).

“Isso não é surpreendente, considerando o fato de que … uma grande parte da comunidade latina continua a ser afetada pela Covid-19”, disse Dorian Caal, especialista em engajamento cívico da NALEO.

Entre os hispânicos pesquisados, 16% disseram ter contraído o vírus e 37% disseram conhecer alguém que morreu da doença.

Além disso, 29% relataram problemas de acesso a alimentos, remédios ou necessidades domésticas básicas devido à pandemia, e 46% disseram que tiveram que fazer economias ou utilizar o dinheiro destinado à aposentadoria para cobrir despesas.

Mulheres e jovens por Biden

O estudo NALEO / Latino Decisions mostrou uma diferença de gênero: as mulheres preferem Biden e os homens, Trump, embora Gutiérrez tenha esclarecido que o apoio ao candidato democrata é “muito forte” em comparação com o presidente republicano em ambos os grupos.

Com base nos dados combinados das nove semanas, os eleitores latinos de segunda geração (71%), jovens (69%), consumidores de mídia em língua espanhola (69%) e mexicano-americanos (68%) estavam entre os mais propenso a votar em Biden.

Os especialistas também notaram um aumento “substancial” nos esforços dos políticos para alcançar a comunidade latina nas últimas semanas.

“Dos que disseram ter sido contatados, 66% afirmaram que foram procurados por democratas, 36% por republicanos e 28% por uma organização cívica”, disse Nuño-Pérez.

Um total de 3.700 eleitores latinos foram consultados desde 1º de setembro, para pesquisas com uma margem de erro de +/- 4,9%. (AFP)