ESPORTE NACIONAL

Lúcio adia fim da carreira na Índia, vê Palmeiras campeão e fala de Seleção.

Zagueiro do penta vê com bons olhos rodízio de capitães na Seleção.

Em 20/09/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Dos 23 jogadores pentacampeões mundiais em 2002, apenas quatro ainda estão em atividade: Kaká e Kleberson atuam no futebol dos Estados Unidos, Ronaldinho Gaúcho roda pelo mundo disputando amistosos enquanto não se aposenta oficialmente, e Lúcio vai para sua segunda temporada no futebol da Índia. Mas apesar de ser o mais velho desse quarteto, o zagueiro ainda não pensa em pendurar as chuteiras. Estrela do FC Goa, clube treinado por Zico, o defensor de 38 anos faz até alusão ao filme “Comer, rezar e amar”, com Julia Roberts e que teve uma parte filmada no país, para mostrar que ainda não pensa em parar.

- É “correr, rezar e jogar” (risos). Tenho dentro de mim essa vontade de jogar futebol. De me dedicar muito ao esporte. Deus está me dando saúde, consigo me cuidar ainda bem e, enquanto eu estiver assim, quero correr um pouco mais ainda – disse o evangélico Lúcio em entrevista exclusiva ao Globoesporte.com.

De longe, o defensor acompanha os jogos do Brasileirão e vê o Palmeiras com maior chance de ser campeão brasileiro de 2016 por conta do elenco e pela regularidade. Sobre o Internacional, clube de coração, Lúcio acredita que o time gaúcho escapa do rebaixamento, mas não com tranquilidade.

Quem acompanha os treinos do FC Goa no Rio de Janeiro – o time realiza pré-temporada na cidade – observa: Lúcio é um dos mais (se não o mais) dedicados. 

Além da boa condição física, umas das características de Lúcio sempre foi a liderança. Capitão do FC Goa e por muitos anos dono da braçadeira na seleção brasileira, o pentacampeão aprovou o rodízio implementado por Tite, que veio após a recusa de Neymar em seguir na função. Mas ressaltou que, com o tempo, o técnico deve definir um nome único.

- Isso (rodízio) é uma decisão muito dele. Está dando certo e até promove uma unidade maior dentro da seleção. Todo mundo se respeitando. Cada um com seu papel. E no futuro ele vai poder decidir com calma quem terá essa responsabilidade – salientou Lúcio, apontando Miranda e Daniel Alves, que envergaram a braçadeira nos dois últimos jogos das eliminatórias, como possíveis nomes para o caso de se eleger um capitão fixo.

Acredita na evolução do futebol da Índia?

Eu acredito que sim pelo fato do povo indiano ter uma mentalidade bem aberta. Eles estão investindo muito. Trazendo estrangeiros de nome para essas competições. Isso vai ajudar ainda mais para o futebol indiano ter um crescimento.

E no Goa. Você vai ser capitão?

No último ano foi sim, mas eu acho que isso é detalhe. O importante é seu estar feliz. O clube ter gostado do meu trabalho, por isso estou aqui pela segunda vez. Eu sei da minha responsabilidade.

Tem acompanhado a briga pelo título do Brasileirão? Em quem você apostaria?

Está acirrada. Mas acho que o Palmeiras tem uma consistência maior. Consegue manter uma continuidade, uma regularidade melhor dentro do campeonato. Tem grandes chances de sair campeão.

Falando em Palmeiras... Por que você acabou não dando certo por lá?

Cheguei quando o clube estava vindo da Segunda Divisão. Contrataram muito naquela época. E aí no final do ano (2014), o time conseguiu se safar de ser rebaixado novamente. E no ano seguinte, veio novo treinador, comissão, diretores.... Foi uma questão de escolha, de opção. Saí de cabeça erguida, fiz o meu melhor. É normal dentro do futebol. Não tenho magoa e deixei muitos amigos lá. 

E o Internacional, clube que o revelou. Acredita que se salva da fase ruim?

Eu acredito que se salva, mas com tranquilidade não (risos). Até porque o Campeonato Brasileiro é muito disputado, jogos difíceis. Mas acho que consegue se safar até porque começou o torneio muito bem e depois teve uma queda repentina e de muitos jogos sem vencer. Isso atrapalhou bastante.

Você tem um carinho especial pelo Vasco. De onde vieram as raízes vascaínas?

Tenho (esse carinho). Meu pai é vascaíno e isso acabou influenciando. E meu irmão mais novo também é vascaíno. Foi mais a questão familiar mesmo. E isso tudo influenciou para que na infância eu tivesse esse carinho pelo Vasco, mas hoje Vasco e Inter estão parelhos.

E um Vasco x Inter, por quem torcer?

Eu acho que vou torcer pelo Inter (risos). Foi mais tempo de convivência, cheguei novo no clube (em 1997). Foi lá que tudo começou e saí de lá pra jogar na Alemanha e na seleção brasileira.

Você foi capitão da Seleção por muitos anos. O que você achou de Neymar ter dito que não queria mais a braçadeira de capitão?

É compreensível. Ele tem que se sentir bem na seleção brasileira. É um jogador fundamental para o Brasil e a partir do momento que ele acha que não vai render o melhor possível com a braçadeira é mais justo ele optar por essa decisão.

Ainda sobre Seleção, o que achou da troca de Dunga por Tite?

É natural no futebol. Quando o treinador não consegue alcançar os resultados positivos é assim. No futebol é vencer ou vencer. O Dunga teve uma passagem excelente e vencedora dentro da seleção, mas infelizmente nos últimos jogos isso não aconteceu e é natural a troca de comando. Acho que o Tite chegou num momento bom. O Brasil ganhou a medalha de ouro e isso ajudou bastante. O clima dentro da seleção muda, a expectativa muda. Isso é coisa corriqueira (a troca de técnico).

Acredita que Tite vai dar certo no cargo?

Ainda é muito cedo para falar (se vai dar certo). É importante que já começou a mostrar resultados. Dois jogos, duas vitórias. Isso deu um alívio e um oxigênio a mais para o Brasil começar a trabalhar e encaminhar a classificação para a próxima Copa.

Eu joguei com o Rodrigo Caio no São Paulo. É um cara excelente. Marquinhos também. Gil... É uma boa safra nova de zagueiros. Mas no futebol, como falei, você precisa de resultados. Então aqueles que estão na seleção brasileira e estão conseguindo dar essa resposta, trazer esses resultados, jogar bem, é que vão permanecer.

A Liga dos Campeões começou,  o que representa essa competição para você?

Depois da Copa do Mundo é o mais cobiçado. Para mim, desde quando cheguei no Bayer Leverkusen, é uma sensação emocionante a cada jogo. É uma competição que qualquer jogador sonha em jogar. Muitas vezes me pego lembrando de algum jogo, de alguma situação. Chega o brilho no olho. Aquela alergia, aquela vontade de viver aquilo de novo e também a realização de ter vivido e vencido esse torneio - Lúcio foi campeão pelo clube italiano na temporada 2009/10. É um torneio que sem sombra de dúvida só perde para Copa do Mundo.

Quais são os favoritos ao título?

É acho que não foge muito. O Real continua com a mesma base, o Barcelona também. O Bayern se reforçando. A própria Juventus tentando fazer um time mais forte. O Manchester City agora também com vantagem de ter o Guardiola como treinador, um treinador com mentalidade vencedora, acostumado a ganhar. Esses são os principais clubes.