POLÍTICA INTERNACIONAL

Lula conversa com Zelenskiy e reafirma desejo de negociar a paz

Lula quer envolver um grupo de países não envolvidos no conflito para mediar o fim à guerra.

Em 02/03/2023 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Foto: © REUTERS/Adriano Machado

No ano passado, em entrevista à revista Time, quando ainda era candidato à Presidência, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que tanto o presidente russo, Vladimir Putin, quanto Zelenskiy eram responsáveis pelo conflito.

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou nesta quinta-feira (02), com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, e reiterou sua sugestão de envolver um grupo de países não envolvidos no conflito em negociações para mediar conversas de paz e pôr fim à guerra com a Rússia.

“Tive uma reunião por vídeo agora com o presidente da Ucrânia, @ZelenskyyUa. Reafirmei o desejo do Brasil de conversar com outros países e participar de qualquer iniciativa em torno da construção da paz e do diálogo. A guerra não pode interessar a ninguém”, disse Lula em publicação no Twitter.

Mais cedo, uma fonte do Palácio do Planalto com conhecimento do assunto havia dito à Reuters que Lula e Zelenskiy conversariam nesta quinta à tarde.

Na semana passada, quando a invasão da Ucrânia pela Rússia completou um ano, Zelenskiy disse que gostaria de participar de uma reunião de cúpula com países da América Latina.

No ano passado, em entrevista à revista Time quando ainda era candidato à Presidência, Lula disse que tanto o presidente russo, Vladimir Putin, quanto Zelenskiy eram responsáveis pelo conflito. Na ocasião, o petista disse que Zelenskiy “quis a guerra” e, se não quisesse, “teria negociado um pouco mais”, embora tenha reafirmado que Putin “foi errado” em invadir o país vizinho.

Mediação

Nos últimos dias, no entanto, Lula tem defendido publicamente a mediação de um grupo de países em busca do fim do conflito, que teve fortes impactos na economia global.

Também na semana passada, em votação na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil abandonou a postura neutra que vinha adotando em relação ao conflito e votou a favor de uma resolução, aprovada com 141 votos favoráveis e 32 abstenções, que exige que Moscou tire suas tropas da Ucrânia e pare de lutar.

Em sua defesa da criação de um grupo de países para mediar as conversas de paz, Lula destaca a importância da China — país que mantém boa relação com Putin — nessas negociações e já declarou sua intenção de tratar do assunto com o presidente chinês, Xi Jinping, em viagem ao país asiático em março.

O presidente brasileiro já tratou do tema com o chanceler alemão, Olaf Scholz, durante visita do líder da Alemanha ao Brasil, e com o presidente da França, Emmanuel Macron, além do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, quando Lula o visitou nos EUA.

Estados Unidos

Já Zelenskiy, que tem recebido amplo apoio dos Estados Unidos e de países da Europa integrantes da aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), inclusive por meio do envio de bilhões de dólares em armamento, afirmou em entrevista coletiva em Kiev no aniversário de um ano da guerra, na semana passada, que pedirá uma reunião de cúpula entre a Ucrânia e líderes da América Latina.

Na ocasião, ele se disse disposto a ir pessoalmente a um encontro do tipo, caso ele ocorra, mesmo que fora do território ucraniano.

O presidente da Ucrânia disse ainda que quer que países da África, além da China e da Índia, participem de um plano de paz.

Combates

Um ano após a invasão russa, a guerra na Ucrânia tem se concentrado em combates de trincheira no leste e no sul daquele país, com poucas avanços de lado a lado nos últimos meses.

Moscou, que declara ter anexado partes do território ucraniano, afirma que a guerra é uma “operação militar especial” destinada a “desnazificar” a Ucrânia e garantir a segurança da Rússia e de falantes de russo no país vizinho.

Kiev e seus aliados ocidentais afirmam se tratar de uma guerra não justificada de agressão que visa a tomada de território. (Por Lisandra Paraguassu, com reportagem adicional de Maria Carolina Marcello e Eduardo Simões -REURTERS)

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