POLICIA
Mais de 200 são detidos por depredar a sede de sindicato no RJ.
Objetivo seria tumultuar eleição do Sindicato dos Comerciários.
Em 17/06/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
A polícia prendeu 220 pessoas suspeitas de depredar a sede do Sindicato dos Comerciários, na Rua André Cavalcanti, no Centro, na madrugada desta quarta-feira (17). O grupo foi detido por agentes da Operação Lapa Presente nas imediações da sede do sindicato. Por volta das 6h, a maioria dos detidos já tinham sido levados para a Cidade da Polícia, mas alguns ainda permaneciam na delegacia da Lapa.
Segundo a polícia, os detidos vieram de São Paulo em dois ônibus e confessaram que foram contratados para fazer confusão na eleição para presidência do sindicato, que está marcada para acontecer nesta quarta. Com eles foram apreendidos rojões, cassetetes e soco inglês. Os oito andares do prédio do sindicato foram depredados. O Batalhão de Choque da Polícia Militar está ajudando na transferência dos presos.
O interventor José Carlos Nunes, nomeado pela Justiça para atuar no sindicato em meio a denúncias de corrupção, uso inapropriado do sindicato e nepotismo, afirmou que a eleição está mantida para esta quarta-feira.
Auditoria descobriu um rombo de R$ 100 milhões
Durante quase cinco décadas, o sindicato foi encabeçado pela mesma família, a Mata Roma, que deixou a diretoria depois de diversas denúncias, como mostrou uma reportagem especial do Fantástico neste domingo (14).
A família Mata Roma está à frente do Sindicato dos Comerciários há quase 50 anos. Luizant Mata Roma foi o presidente durante 40 anos. Quando morreu em 2006, o filho dele - Otton da Costa Mata Roma - assumiu o cargo.
Na lista de funcionários: 15 pessoas da família Mata Roma com salários que variavam entre R$ 10 mil e R$ 23 mil. “A maioria dos parentes não trabalhava. Eles eram lotados todos nesse gabinete aqui. mas você não os via no sindicato”, afirmou o interventor José Carlos Nunes, Diretores tinham salários de R$ 50 mil a R$ 60 mil.
Uma auditoria contratada pela Justiça investigou a contabilidade entre os anos de 2009 e 2014 e descobriu um rombo de R$ 100 milhões. O valor reúne as diferenças encontradas nas contas do sindicato, despesas suspeitas com advogados, dívidas em impostos, juros e multas e outros gastos.
Novas denúncias na véspera de eleição
Nesta terça (16), véspera da eleição, surgiu um nova denúncia contra a entidade. Centrais sindicais estão acusando o interventor, que assumiu interinamente a administração, de beneficiar uma das chapas concorrentes e a União Geral dos Trabalhadores (UGT), entrou com um pedido de anulação da eleição no Tribunal Regional do Trabalho.
A Central Única dos Trabalhadores apresentou a gravação de um áudio que seria a prova de que o interventor, determinado pela Justiça para assumir o sindicato interinamente, não foi imparcial. Na gravação, José Carlos Nunes fala em não deixar a UGT assumir o sindicato.
“Chegamos, estamos aqui e me deram esta missão de retomar o sindicato. Não é retomar o sindicato para democratizar ou deixar o UGT entrar, isto até o Ministério Público fala: não, não queremos que a UGT volte”, diz José Carlos Nunes na gravação. O interventor sugere ainda, no mesmo áudio, que usou a intervenção pra ajudar na formação de uma das chapas.
O interventor reconheceu ser dele a voz na gravação, mas questionou a legitimidade do áudio e se defendeu da acusação de beneficiar uma das chapas. “Não. Não é verdade. Eu não apoio nenhuma chapa. Eu apoio uma eleição para que haja uma renovação neste sindicato que está há quarenta anos nas mãos dos Mata Romas”, afirmou.
Fonte: G1-RJ