ECONOMIA CAPIXABA

Mais de 36 mil famílias de Vitória têm contas atrasadas, diz estudo.

A inadimplência registrou em março o maior nível de toda a série histórica, diz Fecomércio-ES.

Em 01/04/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Um levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio) revelou que 36,2 mil famílias de Vitória têm contas em atraso. A inadimplência registrou em março o maior nível de toda a série histórica da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), iniciada em 2010, atingindo 41,2% das famílias de Vitória que tinham dívidas.

Entre os que tinham dívidas em março, estão 69,1% das famílias da capital, ou seja, cerca de 88 mil famílias. Já cerca de 2,5 mil famílias afirmaram que não terão condições de pagar suas dívidas em atraso.

E entre as famílias com contas ou dívidas em atraso, o tempo médio de atraso para o pagamento é de 54 dias. Segundo o presidente da Fecomércio, José Lino Sepulcri, as grandes despesas de dezembro e janeiro, entre elas presentes de Natal e escola dos filhos, contribuíram para que o número de endividados crescesse.

“Já o aumento da inadimplência está relacionado à falta de planejamento das famílias e ao desemprego. Como pagar uma conta se fiquei desempregado?”, explica Sepulcri.

Já em relação ao tipo de dívida, o cartão de crédito ainda é predominante: em março, 66,1% dos entrevistados afirmou ter débitos com essa modalidade de crédito. Para o economista Eduardo Araújo, muitas pessoas optam, por desconhecimento sobre os juros, em usar modalidades mais caras de crédito.

“Muitas pessoas acreditam que não conseguem comprar à vista e que têm que parcelar. Por não ter organização do orçamento, acabam se endividando com modalidades de crédito mais punitivas, como cartão de crédito, que é fácil de usar. Mas a despesa de juros passa a retirar mais renda da família que já está em condições de difícil equilíbrio”, diz.

Poupar, segundo ele, é a melhor forma de se proteger de imprevistos como o desemprego e não ficar inadimplente. “Do ponto de vista da organização das finanças pessoais, a família deveria poupar o suficiente para ficar seis meses pelo menos com cobertura”.

Não há mágica para conseguir fazer a reserva, salienta o economista Jorge Henrique de Miranda.

“Todo mundo deve fazer um fluxo de caixa simples: anotar o salário líquido e os gastos fixos. Não dá para gastar mais do que ganha. Tem que destinar um tanto para amortizar a dívida e sempre poupar pelo menos 10% do que ganha. Seja para o lazer, para comprar algo ou para ter uma reserva. Para isso, tem que cortar tudo que não é prioridade e fazer sacrifício”.

SAIBA MAIS

Diferenças -Endividamento

As famílias são consideradas endividadas quando têm financiamentos, como de imóvel ou carro; empréstimos ou parcelamentos no cartão de crédito, entre outros.

Inadimplência

São considerados inadimplentes aqueles que têm contas ou dívidas em atraso ou sem pagamento.

Como sair das dívidas

Identifique as dívidas Identifique para quem está devendo e quanto para cada um. As dívidas mais caras, como cartão de crédito, devem ser prioridade, porque crescem mais rápido.

Buscar a renegociação

Procure os credores e peça para renegociar as dívidas. Calcule quanto pode destinar do salário por mês ao pagamento dos débitos. Se não tiver como pagar por causa do desemprego, por exemplo, avise o banco e tente uma carência.

Procure crédito mais barato

Cartão de crédito e cheque especial são as modalidades de crédito com os juros mais altos. Se precisar de crédito, procure um empréstimo consignado, por exemplo, que sairá mais barato. Tente nunca optar pelo pagamento mínimo do cartão.

Renda extra

Se for possível, antecipe férias ou 13º, faça um trabalho extra ou use o FGTS inativo para pagar dívidas. O pagamento delas deve ser prioridade.

Orçamento doméstico

Anote seus rendimentos e suas despesas num papel, e nunca gaste mais do que ganha. É importante lembrar de anotar as parcelas do cartão.

Criar uma reserva

Poupe pelo menos 10% do salário todo mês e forme uma poupança que permita sustentar a família por seis meses. Para fazer a reserva, é preciso esforço: repensar o padrão de consumo e cortar o que não é possível pagar.