CIDADE

Manifestantes fazem "rio de sangue" para cobrar punição por chacina.

Dezenove mortes na Grande SP completam dois meses nesta terça.

Em 13/10/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Um grupo protesta na manhã desta terça-feira (13) na Avenida Paulista contra a falta de punição para os responsáveis pela morte de 19 pessoas na chacina ocorrida em Osasco e Barueri, em agosto. O protesto acontece no dia em que as mortes completam dois meses.

Os manifestantes fizeram um rio de sangue e ficaram por mais de uma hora no vão livre do Masp para pedir justiça pelas mortes. Eles levaram cartazes com os nomes das vítimas.

O protesto ocorre cinco dias após cinco policiais militares e um coordenador da guarda civil de Barueri serem presos suspeitos de participar da chacina. Outro policial militar já havia sido preso no final de agosto por envolvimento no crime.

Os cinco policiais militares detidos por envolvimento na chacina de Osasco e Barueri foram levados para a sede do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) e seriam  encaminhados para o presídio da Polícia Militar Romão Gomes, no Tremembé, na Zona Norte de São Paulo. Eles tiveram a prisão preventiva decretada e não tem data para ser encerrada.

Os suspeitos foram presos após quebra de álibi. Eles informaram que estavam em um local, mas na realidade estavam em outro. Foi feito o monitoramento do sinal dos celulares dos investigados.

As prisões ocorreram durante operação conjunta da Polícia Civil e da Corregedoria da Polícia Militar, que ainda cumpriu 28 mandados de busca e apreensão em 36 pontos diferentes. Foram apreendidos capacetes, roupas e armas. Todos os materiais serão periciados.

O secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes afirmou que, no entendimento da polícia, a chacina também contou com a participação de outras pessoas. Algumas já foram identificadas, mas ainda não há evidências suficientes para sustentar mais pedidos de prisões.

"Em relação a outros participantes que nós já identificamos, nós precisamos de mais provas para pedir novas prisões. Nada em um caso como esse pode ser feito com pressa. Tudo tem que ser feito com rigor e é isto que estamos fazendo", disse.

No total, são 457 policiais na operação da última quinta-feira (8), sendo 201 policiais civis do DHPP e do Departamento de Polícia Judiciária (Demacro) e 256 policiais militares da Corregedoria da Polícia Militar.

O secretário exaltou a operação da polícia que cumpriu, simultaneamente, os mandados em 36 lugares diferentes. Segundo ele, o trabalho tinha que ser sincronizado para justamente evitar que evidências que permitem à investigação avançar no caso fossem destruídas.

"Mais importante aqui era chegarmos ao mesmo tempo a esses 36 locais para que eventualmente nenhuma prova se perdesse. Tivemos êxito. Conseguimos fazer a operação de maneira que não houvesse nenhum vazamento", afirmou.

A força-tarefa que investiga o crime apura a participação de 18 policiais militares, quatro guardas municipais de Barueri e de um vigilante. Além dos seis policiais que teriam participado diretamente dos ataques, 12 PMs teriam atuado indiretamente. Eles podem ter dado cobertura aos assassinos.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou em Jaú, no interior do estado de São Paulo, que os policiais serão expulsos e vão responder civil e criminalmente. Para ele, a operação realizada nesta quinta-feira foi um “trabalho sério” e “muito profundo”.

“Chegamos à conclusão que tem sete policiais militares envolvidos, e isso é muito grave, porque o policial é um homem e uma mulher da lei. Ele é o exemplo de cumprimento da lei. Mas nós temos 100 mil policiais e, infelizmente, alguns acabam agindo de maneira incorreta e vão responder gravemente por isso. São ações criminosas. Eles vão ser expulsos da polícia e responder civil e criminalmente.”

Ataques em série
No dia 13 de agosto de 2015, 18 pessoas foram mortas e sete ficaram feridas em ataques realizados por indivíduos armados em 10 lugares próximos, em um espaço de tempo de ao menos três horas, nas cidades de Barueri e Osasco, ambas na Grande São Paulo. Uma adolescente de 15 anos, que foi internada, morreu dias depois.

De acordo com alguns testemunhos e gravações de câmeras de segurança, um grupo de pessoas armadas usou veículos para se locomover entre os lugares. Eles perguntaram sobre antecedentes criminais e atiraram. Segundo as autoridades que investigam os crimes, um mesmo veículo teria sido visto em vários dos lugares onde ocorreram os crimes.

A suspeita de que policiais ou guardas-civis teriam cometido os crimes surgiu porque, alguns dias antes da chacina, o guarda-civil Jefferson Rodrigues da Silva, de 40 anos, e o policial militar Avenilson Pereira de Oliveira, de 42 anos, foram assassinados na região.

O cabo Oliveira foi morto a tiros, no dia 7 de agosto, por dois criminosos ao reagir a assalto a um posto de combustíveis. Ele era da Força-Tática do 42º Batalhão da PM (BPM), responsável pela segurança na região, mas estava sem farda. A dupla usou a própria arma do policial para matá-lo e fugiu. O DHPP já identificou os suspeitos, que são procurados pela Justiça.

O guarda Jefferson Silva foi baleado e assassinado em 12 de agosto por três assaltantes que tentaram roubá-lo. Ele também estaria à paisana. Os criminosos fugiram. Na noite seguinte ao assassinato do guarda, começaram as ondas de execuções em Osasco e Barueri.

A Corregedoria da Polícia Militar interrogou 32 policiais militares que trabalhavam em Osasco e Barueri na noite de 13 de agosto e diz que eles são testemunhas.

Arte mortes ataque Osasco  (Foto: Arte/G1)