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Marinha divulga imagens de navio atingido por explosão, no litoral capixaba.

Apesar da popa mais baixa, Marinha descartou que navio esteja afundando.

Em 13/02/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

A Marinha do Brasil, através da Capitania dos Portos do Espírito Santo, divulgou nesta quinta-feira (12) as primeiras imagens do navio-plataforma Cidade de São Mateus, após a explosão que matou cinco tripulantes e deixou 26 feridos, na tarde de quarta-feira (11). O navio está posicionado a cerca de 40 quilômetros da costa.

A explosão no navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus deixou cinco mortos e quatro desaparecidos. Vinte e seis funcionários ficaram feridos, mas até o início da noite desta quinta-feira, oito pessoas permaneciam hospitalizadas. A embarcação é operada pela BW Offshore e afretada (contratada) pela Petrobras. Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), 74 pessoas estavam no navio-plataforma no momento do acidente. Não houve vazamento de óleo no mar. Dos feridos, sete estão internados no Vitória Apart Hospital e um no Hospital Metropolitano, ambos na Serra, Grande Vitória. Os demais trabalhadores foram resgatados e levados para um hotel em Vitória.

Especialistas da empresa BW, proprietária do navio, que presta serviço para a Petrobras, e de diversos órgãos realizam perícias na embarcação para avaliar o grau de dano causado pelo acidente. Apesar das fotos mostrarem a popa da embarcação mais baixa do que a proa, a Marinha do Brasil descartou que o navio esteja afundando.

Crea
A fiscalização do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES) comunicou que está se mobilizando para notificar a BW Offshore. De acordo com o Crea capixaba, a offshore, que tem sede no Rio de Janeiro, mas já executa serviços no Espírito Santo desde 2009, não tem registro no conselho profissional, portanto atuava de forma irregular. A empresa ainda não se manifestou sobre a situação.

Além disso, segundo informações do Crea-ES, a BW Offshore não constava na listagem de empresas contratadas pela Petrobras enviada ao Crea. Caso a offshore não tome medidas para regularização, após receber a notificação do Crea, a empresa será multada.

Para uma empresa de outro estado ou país exercer seu trabalho legalmente no Espírito Santo é obrigatório ter registro no Crea-ES. O mesmo funciona para o profissional de engenharia ou técnico, que tenha seu título vinculado ao Sistema Confea/Crea, que não seja daqui. Para atuar legalmente é necessário emitir visto no Conselho.

Corpos
Os corpos dos cinco funcionários que morreram durante a explosão do navio-plataforma, no litoral de Aracruz, chegaram a Vitória na noite desta quinta-feira (12), segundo a Infraero. Eles foram transportados por um helicóptero cargueiro e seguiram para o Departamento Médico Legal (DML) da capital.

Quando a explosão ocorreu, três mortes foram confirmadas pela BW Offshore, nesta quarta-feira, mas na manhã desta quinta outros dois corpos foram encontrados na sala de máquinas do navio-plataforma. Com isso, o número de mortes no acidente subiu para cinco.

Feridos
O Vitória Apart Hospital recebeu 12 feridos. Até as 15h desta quinta-feira, cinco deles já haviam sido liberados e agora terão acompanhamento ambulatorial. Dos sete pacientes que permanecem internados, seis encontram-se na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Desses, três pacientes estão em estado mais crítico, embora estáveis, e seguem em tratamento especializado sob cuidados de uma equipe multidisciplinar. Os outros três pacientes continuam em observação, com quadro clínico estável. Uma paciente está em observação, finalizando exames para definição da conduta médica a ser adotada.

O diretor do Vitória Apart explicou que, entre as pessoas que estão em estado grave, um é filipino. "O paciente filipino foi o único que chegou ao hospital sedado, os outros chegaram conscientes. Os que têm ferimentos mais leves não estão recebendo menos atenção, pois ainda podem aparecer traumas. Soubemos que um dos feridos ficou preso em um elevador e inalou muita fumaça, o que foi bastante prejudicial", disse.

Outros dois feridos foram encaminhados para o Hospital Metropolitano. A assessoria da BW Offshore informou que um dos pacientes que estava no Metropolitano recebeu alta na manhã desta quinta-feira. Já o segundo paciente continua no internado no hospital e o estado de saúde dele é estável, sem previsão de alta.

ANP
De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), até às 18h desta quinta-feira (12), as quatro pessoas desaparecidas na explosão da FPSO Cidade de São Mateus não haviam sido encontradas pelos bombeiros, peritos e pessoal da BW.

Segundo a Agência, eles fizeram o translado dos cinco corpos para o Aeroporto de Vitória e também realizaram uma inspeção estrutural na plataforma.

A parcela submersa do casco foi totalmente inspecionada e encontra-se íntegro. O número total de feridos no acidente subiu para 26.

Neste momento não é possível afirmar as causas do acidente. O local onde ocorreu a explosão permanece inundado e inacessível. A ANP abriu processo de investigação do incidente para identificação das causas e das não conformidades do sistema de gestão de segurança operacional.

BW Offshore
Após a explosão do navio-plataforma, todos os funcionários foram retirados da embarcação, segundo informou a BW Offshore Brasil. A empresa é a responsável pela operação do navio que prestava serviço para a Petrobras. Os parentes das vítimas foram informados e os funcionários estão sendo atendidos por uma equipe de apoio montada pela BW Offshore Brasil. Além disso, a produção foi paralisada e a unidade fechada.

O navio FPSO opera nos campos de Camarupim e Camarupim Norte no litoral do Espírito Santo a aproximadamente 120km da costa. "É um dia trágico para nós, nosso foco é nos funcionários e suas famílias. Não vamos descansar enquanto não encontrarmos os quatro desaparecidos. Somos gratos à Petrobras e às autoridades brasileiras pelo esforço incansável e gostaríamos de agradecer o apoio deles nesse momento", diz Carl Arnet, CEO da BW Offshore.

Marinha
Em nota, a Marinha do Brasil informou que está empregando três navios (uma Corveta e dois Navios-Patrulha), três aeronaves (duas no aeroporto de Vitória e uma a bordo da Corveta) e cerca de 400 homens para controlar a área marítima, evitar eventuais riscos à navegação e contribuir para eventuais resgates na região.

As tripulações das duas aeronaves da Marinha que transportaram bombeiros militares para a plataforma na noite desta quarta-feira (11) permanecerão em alerta, prontas para decolar e prestar apoio quando necessário, segundo informou a nota.

A unidade informou que a Petrobras não autorizou a divulgação dos nomes dos pacientes. Os familiares de feridos que estão no hospital estão sendo atendidos por assistentes sociais.

Buscas
Uma equipe de nove bombeiros foi enviada, na noite desta quarta-feira, para o navio-plataforma para buscar as pessoas que estão desaparecidas. O grupo de resgate em ambiente fechado foi ao local em dois helicópteros da Marinha para procurar dentro da embarcação.

De acordo com a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), a suspeita dos bombeiros é que os funcionários estejam isolados em alguma sala não atingida pela explosão e que não tenham uma forma de se comunicar. O navio-plataforma está sem iluminação, o que tornaria ainda mais difícil a tarefa dos desaparecidos de sair de onde estão. Por conta disso, os bombeiros utilizariam lanternas dos capacetes e de mão para auxiliar nos trabalhos.

Dentre os equipamentos levados para auxiliar no resgate, está o conjunto de respiração autônomo, com oxigênio, necessário em ambientes confinados. Cada bombeiro conta, ainda, com equipamentos individuais de proteção, incluindo os necessários para rapel. Eles também estão equipados com macas rígidas e outras articuladas, que garantem mais flexibilidade para resgate em locais apertados.

O Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES) informou que três pessoas da Brigada de Incêndio da plataforma iniciaram as bucas antes da chegada dos bombeiros.

No início da tarde destaq uinta-feira, um helicóptero com peritos e bombeiros deixou o Aeroporto de Vitória com destino ao navio-plataforma. Segundo a vice-coordenadora do Sindicato dos Petroleiros, Mirta Rosa Chieppe, a perícia encontrava dificuldades para realizar o trabalho de resgate.

Segundo ela, a escada que dá acesso a casa de máquinas, onde ocorreu a explosão, está comprometida e dificulta a locomoção dos peritos e a retirada dos corpos.

Ibama
A coordenadora geral de emergências do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Fernanda Pirillo, informou que não há evidências de poluição ou quaisquer danos ambientais após a explosão do navio-plataforma em Aracruz. Mesmo assim, o Ibama vai realizar um sobrevoo no local, junto à Petrobrás, para avaliar a situação.

Petrobras
O navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus é operado pela BW Offshore e afretado (contratado) pela Petrobras, que confirmou o número de vítimas e informou que havia 74 pessoas embarcadas no total – mas não especificou quantas trabalham para a petroleira.

"A unidade opera, desde junho de 2009, no pós-sal dos campos de Camarupim e Camarupim Norte, no litoral do Espírito Santo, a cerca de 120 km da costa", afirma o texto.

A plataforma, que armazena e produz petróleo e gás, tem foco maior na produção de gás. Segundo a ANP, sua produção é de 2,250 milhões de metros cúbicos de gás/dia e 350 metros cúbicos de óleo/dia.

O FPSO Cidade de São Mateus foi o primeiro para gás instalado no Brasil. O contrato entrou em vigor em 2009 e tem duração até 2018.

O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, comentou nesta tarde o acidente: “A diretora de Abastecimento e Gás [da Petrobras] já se deslocou até o local, estamos esperando um relatório do ocorrido. Mas quero desde já, em nome do governo federal, prestar condolências aos familiares das vítimas e pedir a Deus que aqueles que foram feridos tenham o pronto restabelecimento.”

O ministro disse que estava com a presidente Dilma Rousseff quando recebeu a notícia da explosão na plataforma. “A presidente lamentou muito e ficou muito sentida porque, afinal de contas, houve perda de vidas humanas”, disse Braga.

Investigações
A Marinha do Brasil, por meio da Capitania dos Portos do Espírito Santo (CPES), informou que tomou conhecimento da explosão na plataforma e encaminhou um navio e duas aeronaves para a área, “com a prioridade inicial de realizar a evacuação de pessoal e remover as vítimas para os hospitais da Grande Vitória". 

A CPES diz ainda que será aberto um Inquérito Administrativo sobre Acidentes e Fatos da Navegação (IAFN), para esclarecer as causas e responsabilidades pelo ocorrido na plataforma. "O prazo para a conclusão do inquérito é de 90 dias”, diz a nota.

Fonte: G1-Espírito Santo