ECONOMIA NACIONAL

Mercado passa a prever, para 2015, maior alta da inflação em 13 anos.

Expectativa dos analistas para o IPCA deste ano subiu para 9,32%.

Em 10/08/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Os economistas do mercado financeiro voltaram a subir sua estimativa de inflação para este ano, que passou de 9,25% para 9,32% na semana passada, segundo informou o Banco Central nesta segunda-feira (10) por meio do relatório de mercado, também conhecido como Focus. O documento é fruto de pesquisa com mais de 100 instituições financeiras.

Com o aumento na expectativa de inflação deste ano, a décima sétima consecutiva, o mercado financeiro passou a prever a maior alta da inflação, em 2015, dos últimos 13 anos, ou seja, desde 2002 (quando o índice avançou 12,53%). Antes da última semana, a previsão era que a inflação seria a maior em 12 anos (9,30%, patamar do IPCA em 2003).

Segundo economistas, a alta do dólar e principalmente dos preços administrados (como telefonia, água, energia, combustíveis e tarifas de ônibus, entre outros) pressiona os preços em 2015. Além disso, a inflação de serviços, impulsionada pelos ganhos reais de salários, segue elevada. Para 2016, a expectativa de inflação do mercado subiu de 5,40% para 5,43% na última semana.

Pelo sistema que vigora no Brasil, a meta central para 2015 e 2016 é de 4,5%, mas, com o intervalo de tolerância existente, o IPCA pode oscilar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida. Com isso, a inflação deverá superar o teto do sistema de metas em 2015, algo que não acontece desde 2003.

Produto Interno Bruto
Para o comportamento do PIB neste ano, os economistas do mercado financeiro reduziram ainda mais a previsão. Na semana passada, passaram a estimar uma retração de 1,97% para este ano. Foi a quarta queda seguida deste indicador. Até então, a expectativa do mercado era de um recuo de 1,80%. Se confirmado, será o pior resultado em 25 anos, ou seja, desde 1990 – quando foi registrada uma queda de 4,35%.

Além disso, os economistas das instituições financeiras também deixaram de acreditar que haverá crescimento da economia brasileira em 2016. Para o ano que vem, a projeção, que estava na semana retrasada em uma alta de 0,20%, passou para um crescimento zero. Ou seja, sem expansão, mas ainda sem "encolhimento" do PIB.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos em território brasileiro, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.

No fim de maio, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a economia brasileira registrou queda de 0,2% no primeiro trimestre de 2015, puxada pelo desempenho negativo do setor de serviços e da indústria, bem como pelo recuo do consumo das famílias e dos investimentos. Neste início de ano, o que evitou um tombo ainda maior do PIB foi a agropecuária.

Taxa de juros
Após o Banco Central ter subido os juros para 14,25% ao ano no fim de julho, o maior patamar em nove anos, o mercado manteve a estimativa de que não devem ocorrer novos aumentos de juros em 2015. Para o fim de 2016, a estimativa ficou estável em 12% ao ano - o que pressupõe reduções da taxa Selic ao longo do ano que vem.

A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para tentar conter pressões inflacionárias. Pelo sistema de metas de inflação brasileiro, a instituição tem de calibrar os juros para atingir objetivos pré-determinados. As taxas mais altas tendem a reduzir o consumo e o crédito, o que pode contribuir para o controle dos preços.

Câmbio, balança e investimentos
Nesta edição do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2015 subiu de R$ 3,35 para R$ 3,40 por dólar. Para o término de 2016, a previsão dos analistas para a taxa de câmbio avançou de R$ 3,49 para R$ 3,50.

A projeção para o resultado da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações) em 2015 subiu de US$ 6,40 bilhões para US$ 7,70 bilhões de resultado positivo. Para 2016, a previsão de superávit avançou de US$ 14,79 bilhões para US$ 15 bilhões.

Para este ano, a projeção de entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil caiu de US$ 66 bilhões para US$ 65 bilhões. Para 2016, a estimativa dos analistas para o aporte permaneceu em US$ 65 bilhões.

Fonte: G1