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Milagre dos peixes: Prêmio internacional a empresa capixaba

Rio Gualaxo do Norte (MG), foi severamente atingido pelas lamas da barragem de Mariana.

Em 05/10/2021 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Foto: Gustavo Basso/VICE

O ReNaturalize, único prêmio do Brasil na BRICS Solutions for SDGs Awards 2021, recuperou em curto tempo a vida e o equilíbrio do rio Gualaxo, pertencente à bacia do Doce e severamente atingido pela lama na tragédia de Mariana. 

Traíras, carás e lambaris voltaram a se multiplicar no Gualaxo do Norte, em Minas Gerais, pouco tempo depois do pequeno rio ser severamente atingido pelas lamas do rompimento da barragem de Mariana, em novembro de 2015. Os peixes dobraram de peso e de quantidade, com efetiva comprovação do aumento de até 81% da população de peixes jovens, ou seja, indicando procriação local,  resultado de um projeto inovador e simples, desenvolvido por uma empresa do Espírito Santo, a Aplysia Soluções Ambientais.

Batizado como ReNaturalize, o projeto-piloto de renaturalização do rio Gualaxo do Norte conquistou uma inédita premiação do BRICS Solutions for SDGs Awards 2021, que reconhece soluções de base tecnológica que visam alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS). A data de entrega do prêmio ainda está por ser definida pelo BRICS.

“Temos no Brasil milhares de rios degradados e assoreados, e a grande maioria pode ser recuperada. Mais do que isto, eles podem voltar a gerar alimento e renda para os moradores ribeirinhos. Não se trata de milagre, mas sim um trabalho científico, metódico e extremamente organizado, que tem como um de seus pilares a participação da população local”, explica a cientista Tatiana Furley, coordenadora do projeto.

Inscrito na categoria Água Potável e Saneamento, o projeto foi o único do Brasil premiado pelo BRICS, grupo formado por China, Rússia, Índia, África do Sul e Brasil. Ao todo, foram analisados 290 projetos–  e todos deveriam ser iniciativas inovadoras que atendessem os Objetivos de Desenvolvimento Social da ONU e, preferencialmente, de baixo custo e fácil execução.

“Recriamos o habitat dos peixes, usando materiais naturais como troncos e galhos de árvores mortas da mata ciliar, formando remansos em centenas de pontos estratégicos do rio, reduzindo em até 63% a velocidade das águas, tornando o ambiente propício para descanso, alimentação, reprodução e também para o berçário de peixes, com essa metodologia que trouxemos da Europa e Estados Unidos e adaptamos ao ambiente tropical. Esta técnica é fundamental também para o menor assoreamento dos rios de maior porte, o que, naturalmente, gera um menor risco de enchentes”, acrescenta Tatiana Furley.

Ela é vice-presidente de inovação da Aplysia e  líder do Comitê Científico Latino Americando da Society of Environmental Toxicology and Chemistry (SETAC) na América Latina,  graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Espírito Santo, mestre em Oceanografia Biológica pela Universidade Federal do Rio Grande, e doutora em Oceanografia Biológica pela Universidade de São Paulo. Suas áreas de pesquisa incluem restauração de rios, ecotoxicologia, bioacumulação e efeitos ambientais de poluentes em seres aquáticos.

Este prêmio do BRICS teve por meta aumentar a cooperação técnica e científica entre as economias dos países participantes do grupo, para cumprir a agenda de desenvolvimento sustentável. Para os jurados do Prêmio Soluções do BRICS para ODS 2021, o projeto da Aplysia é capaz de ajudar decisivamente no Objetivo 6, Água Potável e Saneamento. 

O projeto no rio Gualaxo do Norte está agora em sua segunda fase, em novo trecho de dois quilômetros, em trabalho que tem a parceria da Aplysia Soluções Ambientais com a Fundação Renova, responsável pela mobilização para a reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais.

O ReNaturalize começou, na verdade, no Espírito Santo, então uma parceria da Aplysia Soluções Ambientais com a FAPES e FINEP. Em 2016, em ação também coordenada pela cientista Tatiana Furley, no rio Mangaraí, município de Santa Leopoldina, os resultados foram igualmente surpreendentes. (Por Daniela Klein -  AsImp)

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