ECONOMIA INTERNACIONAL
Ministério espera reverter embargo do Japão e da Arábia Saudita à carne bovina
O embargo dos países é originário de 2012, quando foi confirmado um caso de EEB.
Em 23/09/2014 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
A expectativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento é reverter até o fim do ano o embargo do Japão e da Arábia Saudita à carne bovina brasileira.Tratam-se dos únicos países que ainda mantêm restrições em função da encefalopatia espongiforme bovina (EEB), popularmente conhecida como doença da vaca louca. A informação foi fornecida à Agência Brasil pelo secretário de Relações Internacionais do Agronegócio do órgão, Marcelo Junqueira.
O embargo dos países é originário de 2012, quando foi confirmado um caso de atípico de EEB em um animal morto em 2010 em Sertanópolis (PR). De acordo com Junqueira, no caso do Japão, o Brasil cumpriu a maior parte das etapas e aproxima-se do fim do processo para reconquistar a autorização. No caso da Arábia Saudita, está prevista viagem ao país em novembro para tentar reverter o embargo. “A gente pode dizer que a expectativa é nesse sentido [reverter as restrições até o fim do ano]. Depende deles [países]. Estamos trabalhando fortemente para que não haja mais restrição [à carne brasileira]”, disse.
Em julho, a China, que havia imposto embargo à carne bovina do Brasil no mesmo ano, concordou com o fim da restrição. Segundo Junqueira, falta a assinatura de novo protocolo exigido pelo governo chinês para oficializar a abertura. Em agosto, Irã e Egito, países que haviam embargado a carne brasileira em função de caso de EEB em Mato Grosso em 2014, concordaram com suspensão das restrições após visita de técnicos brasileiros. O caso deste ano também foi atípico, variedade da doença que surge de forma espontânea na velhice do animal. A EEB típica, com maior potencial de contágio, acontece por ingestão de ração contaminada.
O Brasil tem trabalhado para mostrar eficiência do seu sistema sanitário e derrubar as restrições ligadas à EEB e para conquistar novos mercados. Além de ter o incremento que a China trará às exportações, o mercado russo está na mira. De acordo com Marcelo Junqueira, continuam sendo encaminhados pedidos de habilitação de estabelecimentos brasileiros para exportar carne e outros produtos para o país europeu.
Junqueira não informou o número de solicitações aguardando liberação, mas destacou que, atualmente, o total de estabelecimentos brasileiros habilitados para vender carne e outros produtos para a Rússia é 131. A maior parte recebeu a autorização no início de agosto, quando os russos permitiram que 89 empresas brasileiras vendessem produtos lácteos, miúdos e carne bovina, suína e de aves para seus importadores. No caso dos produtos lácteos, foi a primeira vez que o setor recebeu autorização. “Não tinham nenhuma empresa habilitada, hoje temos três empresas, uma já exportando”, disse o secretário de Relações Internacionais.
O anúncio ocorreu simultaneamente ao embargo russo a produtos agropecuários de países com os quais têm divergências pelo envolvimento na guerra da Ucrânia e apoio aos rebeldes pró-russos.“Nosso padrão sanitário é reconhecido como um dos melhores, exportamos para mais de 100 países. Carne de aves, chegamos a exportar para 155 países. O Brasil está dentro do mercado. É natural que qualquer grande comprador venha comprar do Brasil, mas outras questões [como o embargo russo a produtos de alguns países] a gente não comenta”, diz Marcelo Junqueira.
Ainda com o objetivo de conquistar o mercado da Rússia, o governo brasileiro participou na semana passada, acompanhado de 37 empresas, da World Food Moscow, maior feira de alimentos e bebidas do país europeu. Segundo Marcelo Junqueira, o saldo de negócios apurado pelo governo brasileiro ficou em US$ 106 milhões, mas ele considera o número conservador. “Muitas [empresas] preferem não informar [os contratos fechados], consideram segredo negocial. São aqueles que informaram o que nós temos confirmado”.
Junqueira diz ainda que o Brasil está na entressafra da carne bovina, com preços mais altos. Além disso, o rublo, moeda russa, está desvalorizado, o que não favorece as importações. “Alguns negócios deixaram de ser fechados em função disso, mas acredito que serão retomados”,