Miss ES de 2014 usa traje vencedor aos pés do Convento da Penha

Alvo de críticas e polêmicas por ter usado um traje inspirado em Nossa Senhora da Penha durante o Miss Brasil, a Miss Espírito Santo 2014, Amanda Recla, de 19 anos, não tem dúvidas: foi abençoada pela santa, que é padroeira do estado. Isso, porque mesmo diante das opiniões contrárias à roupa, apresentada durante um dos desfiles, a estudante de Direito foi a vencedora do prêmio de melhor traje típico do concurso. Diante dos comentários negativos feitos principalmente na internet, o carnavalesco Paulo Roberto Balbino, criador da roupa, disse que a ideia foi uma forma prestar homenagem e que, em nenhum momento, quis faltar com respeito à santa.

O traje intitulado “Nossa Senhora da Penha abre o manto sagrado sobre o Espírito Santo” foi usado pela Miss durante o desfile de trajes típicos no Miss Brasil 2014, realizado no Ceará, no sábado (27). Ao abrir os braços com a vestimenta, Amanda mostrava a imagem do Convento da Penha e de um Colibri, que representava a mata atlântica.

Como o desfile de trajes aconteceu e foi gravado um dia antes do evento, na sexta-feira (26), a imagem de Amanda com a roupa circulou na internet antes mesmo de o concurso ir ao ar. Na internet, muitas pessoas criticaram o traje e chegaram a classificar a atitude como uma “heresia”. Mas, para Amanda, a repercussão negativa foi um susto. “Achei que as pessoas iam se sentir lisonjeadas, porque o objetivo era homenagear. Não acho que foi pecado ou desrespeito”, disse.

Paulo também contou que não esperava as críticas, mesmo tendo tomado todo cuidado para não desrespeitar a santa e o Convento. “Chamaram de heresia e falta de respeito. Mas tivemos a preocupação de deixá-la toda coberta. Cada um tem uma forma de expressar a sua fé. A minha forma foi essa, sou católico, já fui até coroinha”, contou.

O Frei guardião do Convento, disse que o Arcebispo é que responderia sobre o caso. A assessoria de imprensa da Mitra Arquidiocesana de Vitória informou, por telefone, que a opinião do Arcebispo de Vitória, D. Luiz Mancilha Vilela, é que “não cabe à Igreja Católica julgar, e que, se a pessoa for católica, ela sabe como fazer a homenagem a Nossa Senhora da Penha”.

Outra polêmica envolvendo a roupa é que trajes muito parecidos com o usado pela Miss já haviam sido apresentados em outros concursos de beleza. Mas, segundo Paulo, o traje vencedor deste ano é único. “A única referência que tive foi a da Rayanne Morais (que usou uma roupa parecida no Miss Brasil 2009). Os outros que dizem serem iguais eu não cheguei a ver. E mesmo que tivesse visto, como artista, eu não copiaria”, esclareceu.

O Traje
“Foi um desafio. O coordenador do Miss Brasil esteve aqui no Espírito Santo e me desafiou  a fazer algo que fugisse do carnaval. Fiz o desenho na hora e mostrei para ele. Depois, partimos para a ideia”, disse Paulo.

A roupa e os adereços, que, juntos, pesam cerca de 15 quilos, até fizeram Amanda passar mal. “Eu digo que fui abençoada por Nossa Senhora da Penha mesmo, porque além de pesada, a roupa é quente. Eu tenho hipoglicemia e minha pressão fica baixa. No concurso, foi eu colocar o pé fora do palco, passei mal. Fui atendida pelo Samu e tudo”, divertiu-se, ao lembrar do episódio.

O estilista explicou que foram usados 5 metros de veludo alemão, 10 metros de renda francesa, 14 metros de tecido matelassê, mais de 30 mil cristais swarovski, strass, flores, e demais pedrarias. A roupa, que segundo o criador, levaria cerca de dois meses para ser confeccionada, foi feita “às pressas”, em apenas 14 dias.

Relação com o convento
Tanto a Miss quanto o criador do traje contaram que já cultivavam uma relação especial com o Convento da Penha e com a santa.  Ao chegar no pé do Convento, Paulo fez o sinal do cruz, e contou que tem esse costuma há muito tempo. “Teve uma época que eu morava em Guarapari e trabalhava em Vitória. Passava todos os dias pela Terceira Ponte, e me benzia quando passava pelo Convento”.

Amanda contou que Nossa Senhora da Penha tem uma grande importância na família. “Minha vó fez uma promessa que se tivesse uma filha mulher homenagearia a santa. Tanto que o nome da minha mãe é Maria da Penha”, orgulha-se.

Elogios
Durante a passagem pelo Convento, Amanda chamou atenção de fieis que visitavam o local. Um casal parou a Miss para tirar uma foto e aproveitou para contar que o traje usado por Amanda foi um dos motivos para a visita. “Sou de Salvador, nós moramos na Bahia. Vi o Convento na roupa dela e quis visitar. Ela estava linda demais”, contou a professora Maria Nunes, de 52 anos, que estava acompanhado marido, um capixaba.

Mesmo diante de tantas críticas, o traje também foi alvo de elogios.  A professora Brígida Pena ficou impressionada com os detalhes da roupa. "Não assisti ao concurso, não tinha visto o traje, mas vendo agora achei perfeito. O Convento é uma identidade capixaba, independente da pessoa ser católica ou não, é a identidade do nosso estado. Foi muito bom eles pensarem nesse traje. Lindo, lindo, lindo", derreteu-se.

Fonte: G1-Espírito Santo