TEMAS GERAIS

Mobilização marca Dia de Enfrentamento à Violência contra os Idosos

Na manhã desta segunda (15), os Creas das regiões Centro, B. Ferreira e Maruípe estiveram na orla de Camburi, Vitoria/ES

Em 15/06/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Amor, solidariedade e respeito. Essas são algumas das palavras que definem o Dia Mundial de Enfrentamento à Violência contra a Pessoa Idosa, data para conscientizar a sociedade contra os maus-tratos e a negligência que a terceira idade pode sofrer.

De janeiro a junho de 2015, os Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas) registraram 218 idosos que sofreram algum tipo de violência ou violação de seus direitos em Vitória.

Na manhã desta segunda-feira (15), os Creas das regiões Centro, Bento Ferreira e Maruípe estiveram na orla de Camburi para sensibilizar os frequentadores e idosos que praticavam alguma atividade física na praia sobre as diversas formas de violência cometidas contra a pessoa idosa (idade igual ou superior a 60 anos), como negligência (recusa ou omissão de cuidados), violência financeira (uso de recursos sem concordância do idoso) e psicológica (humilhação e isolamento).

As pessoas tiveram a oportunidade de escrever o que pensam sobre a temática e receberam fôlderes informativos. O casal de idosos Maria Luiza Bortoline Polin, de 62 anos, e Ildo Poli, 63, afirmaram que a terceira idade deve ser respeitada. 

Respeito

"A convivência entre os jovens e os idosos tem que respeitada com seriedade", disse Maria Luzia. Ildo complementou: "Meu pai, que irá fazer 98 anos amanhã, diz sempre que, 'para envelhecer bem, é preciso comer bem e trabalhar normalmente'. Hoje, o jovem é muito autossuficiente. Tem que ouvir mais os idosos,pois eles têm mais experiência e lições de vida".

Com a frase "Não somos velhos, chegamos primeiro", Francisco Assis Varejão Rabelo, 71, falou da importância da ação: "Espero uma maior conscientização dos jovens e das pessoas pois temos mais vivência e sabedoria".

Joana Borges Ruy, 63,  falou dos casos das famílias que abandonam os idosos: "Às vezes, as pessoas não têm caridade na própria família. Alguns idosos são abandonados pelos parentes que não querem cuidar mais deles".

Cuidados

Alfredo Carlos Aguiar Junqueira, 69, disse que os idosos têm que se cuidar: "Devemos sensibilizar que envelhecer sim, mas com saúde física, mental e respeito".

A coordenadora dos Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas), Fabíola Calazans, destacou a importância do evento. "Nosso intuito é mobilizar a sociedade para um problema que acontece com idosos e que, muitas vezes, está escondido nas próprias famílias. Quanto mais debilitado um idoso se encontrar, mais ele poderá sofrer a violação de seus direitos. Isso acontece muitas vezes porque o cuidador está sobrecarregado".

Acompanhamento

O acesso dos idosos que sofrem violência aos serviços da rede municipal de assistência social acontece por demanda espontânea da família e/ou da comunidade; busca ativa; encaminhamento dos demais serviços socioassistenciais e das políticas públicas setoriais; encaminhamentos dos órgãos do Sistema de Garantia de Direitos (Conselho do Idoso e Ministério Público (MP)) e Delegacia do Idoso.

O acompanhamento é realizado por uma equipe de psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais e assessor jurídico. "As equipes dos Creas intervêm para buscar fortalecer os vínculos familiares e superar essas violações que foram rompidas. Os Creas não investigam o abusador, apenas acompanham a família por meio de um trabalho socioassistencial", disse Fabíola Calazans.

Centros de Convivência

Os Centros de Convivência para a Terceira Idade (CCTI´s) também prepararam eventos para marcar a data. Os quatro espaços da capital promoveram diferentes eventos, como apresentação musical, teatro, caminhada e aulão de ginástica.

No CCTI de Jardim Camburi, a programação foi intensa. Os idosos levaram faixas de conscientização para as ruas e curtiram uma apresentação musical. O coordenador da Associação Comunitária de Jardim Camburi, Ibere Arrba, 59, destacou a importância da ação. "A pessoa idosa tem uma tendência de sofrer até depressão. Mas, ao frequentar os CCTI’s, ela interage com pessoas da mesma idade através da música e da dança. Isso valoriza a vida".

Mirian de Araújo Ribeiro, 80, falou sobre a sua experiência de vida: "Os jovens precisam saber que um dia vão chegar à nossa idade. Devemos ser tratados com respeito por toda nossa experiência de vida".

Zelia Ramos, 71, refletiu: "Devemos conscientizar e orientar as famílias. Não devemos punir o filho quando erra, mas o pai que não soube educar corretamente".

A coordenadora do CCTI de Jardim Camburi, Renata Valadão, ressalta que, às vezes, a negligência está na própria residência. "Muitas vezes, a violência acontece dentro das próprias casas e precisamos conscientizar a sociedade e os idosos para que isso seja combatido. Pois eles sabem seus direitos e deveres perante a sociedade em que vivem".

Denúncias

As pessoas podem denunciar crimes de violência contra os idosos nos seguintes órgãos:

Centro de Referência Especializado de Assistência Social de Vitória (Creas):
Região Centro: (27) 3132-8065 e 3132-8073
Região Bento Ferreira: (27) 3132-1719
Região Maruípe: (27) 3227-9545

Delegacia do Idoso: (27) 3227-9545

Conselho Municipal do Idoso de Vitória (Comid): (27) 3382-6178

A subsecretária de Assistência Social, Iohana Kroehling, destacou a importância de as pessoas fazerem as denúncias: "O idoso com a violação de seus direitos ou alguém da comunidade que reconhece o abuso deve enunciar o caso para que seja apurado".

Fonte:PMV