POLÍTICA INTERNACIONAL

Morales não poderá disputar próxima eleição na Bolívia

A presidente interina, Jeanine Áñez, ressalta, porém, que partido dele poderá concorrer.

Em 14/11/2019 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Foto: JORGE BERNAL / AFP

A presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez afirmou hoje (14) que o ex-presidente Evo Morales não poderá disputar as próximas eleições, mas que o partido dele, o Movimento ao Socialismo (MAS), está apto a concorrer.

"Diga ao MAS que eles têm todo o direito de participar das eleições e que procurem um candidato. Evo e Álvaro [García Linera, ex-vice-presidente], no entanto, não estão qualificados para um quarto mandato", disse Jeanine Áñez, sem dar mais detalhes.

Na terça-feira (12), depois de se declarar presidente perante uma Assembleia Legislativa sem quórum, Jeanine disse que convocará eleições, o mais depressa possível, e revogará a decisão do Tribunal Constitucional que permitiu Morales e García Linera disputar o quarto mandato, contrariando decisão expressa em referendo.

A Bolívia está mergulhada em profunda crise política e social desde as eleições de 20 de outubro, que deram a vitória no primeiro turno ao MAS, mas os resultados foram questionados pela oposição.

Gabinete de emergência

Na noite passada, a presidente interina nomeou um gabinete de emergência, com apenas 11 ministros, para iniciar a transição após as pressões militares e policiais que levaram o então presidente Evo Morales à renúncia, abrindo uma crise política que já causou 10 mortos e mais de 500 feridos.

Horas antes, após seu primeiro discurso à nação, Jeanine Áñez indicou os novos chefes militares, que serão liderados pelo general do Exército Carlos Orellana, nomeado comandante das Forças Armadas.

Nas ruas de La Paz, prosseguem confrontos entre simpatizantes do MAS e as forças de segurança.

A presidente interina nega que tenha ocorrido golpe de Estado no país, ao contrário do que Morales vem denunciando perante a comunidade internacional. Ele está asilado no México.

MAIS NOTÍCIAS DA BOLÍVIA

Nova chanceler boliviana afirma que país não quer voltar ao passado

A professora e diplomata de carreira Karen Longaric foi recém-empossada como ministra das Relações Exteriores da Bolívia pela autoproclamada presidente do país, Jeanine Áñez. Longaric afirmou que a Bolívia assumirá um papel "sem falso protagonismo nem posturas histriônicas", descartando a adoção de medidas consideradas histéricas e exageradas. "Não é um governo que quer voltar ao passado", afirmou.

Com a renúncia de Evo Morales e a posse autoproclamada de Jeanine Áñez como presidente do país, estabeleceu-se um governo de transição no país. Apesar de não haver consenso sobre a constitucionalidade da posse de Áñez, ela assumiu o posto máximo do governo e montou um gabinete com 11 novos ministros, além de nomear novos chefes para as Forças Armadas e prometer eleições em breve.

A nova chanceler do país disse que espera a renúncia de embaixadores que não são diplomatas de carreira, mas que ocupam o cargo por indicações políticas da administração de Evo Morales. Longaric afirmou que estes postos serão ocupados pelos "melhores da carreira".

“Vamos mudar todos os embaixadores que estão por designação política. Eu estimo que eles renunciarão imediatamente. Aquelas pessoas que não são de carreira e entraram no Serviço de Relações Exteriores por honorários políticos, renovaremos, tentando colocar as melhores pessoas, as pessoas mais eficientes, as que podem contribuir com o país”, afirmou.

No entanto, pelo menos dois embaixadores já se manifestaram contra a declaração da nova chanceler. Sacha Llorenti, embaixador da Bolívia na Organização das Nações Unidas (ONU), e Ariana Campero, ex-ministra da Saúde e embaixadora em Cuba, afirmaram que não vão renunciar.

"Fui nomeado embaixador da Bolívia nas Nações Unidas pelo presidente constitucional Evo Morales e ratificado por dois terços do Senado do meu país. Não renunciei nem renunciarei", escreveu Llorenti no twitter.

"Não vou renunciar, fui nomeada pelo Presidente Constitucional do Estado Plurinacional da Bolívia e pela Assembleia Legislativa Plurinacional eleita pelo povo. Os inconstitucionais são Jeanine Áñez e seu gabinete ilegal", disse Campero, também no twitter.

Política Exterior

A nova chanceler disse ainda que buscará reconstruir a política exterior e as relações "desgastadas" da Bolívia com outros países.

"O diálogo implica que vamos fortalecer as relações com os países vizinhos e, obviamente que envolve o Chile. É importante conversar com o Chile, temos muitas questões que nos vinculam na agenda bilateral e assim será", disse .

A ministra sinalizou positivamente também ao ser questionada sobre uma possível aproximação política com os Estados Unidos. "É claro que fortaleceremos nossas relações com os Estados Unidos, com a União Europeia e com todos os países em geral", disse. AgBra - Télam, Agência Nacional de Notícias da Argentina.