POLÍTICA INTERNACIONAL
Morales vence eleição na Guatemala e anuncia guerra à corrupção.
Ele afirmou que recorrerá ao MP caso seja necessário investigar suspeitas de corrupção.
Em 26/10/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
O comediante Jimmy Morales, um novato na política, venceu o segundo turno da eleição presidencial de domingo na Guatemala com quase 70% dos votos e anunciou o compromisso de lutar contra a corrupção.
Morales, um humorista popular no cinema e na televisão, de 46 anos, tinha 68,6% dos votos, contra 31,4% da rival, a ex-primeira-dama Sandra Torres, com 96,3% das urnas apuradas.
"Com esta votação que vocês me fizeram presidente, recebi um mandato e o mandato é lutar contra a corrupção que nos carcomeu", afirmou Morales ao proclamar sua vitória no segundo turno.
As eleições no país foram pautadas pelo tema corrupção, após o escândalo de fraude alfandegária revelado em abril pelo Ministério Público e por uma comissão da ONU contra a impunidade.
O então presidente Otto Pérez renunciou ao cargo em setembro, depois que foi apontado como o líder da rede de corrupção, e atualmente está em prisão preventiva.
Na primeira entrevista como presidente eleito, Morales afirmou que recorrerá ao MP caso seja necessário investigar suspeitas de corrupção.
"Temos todos que estar à altura do que deseja a Guatemala, porque o mandato que recebemos é combater a corrupção", declarou Morales.
Torres reconheceu a derrota e disse que "o povo fez sua escolha e nós a respeitamos e desejamos o melhor dos êxitos ao senhor Morales".
A eleição teve índice de participação de 51,8% dos 7,5 milhões de guatemaltecos registrados para votar, bem abaixo da taxa de 70% do primeiro turno, em 6 de setembro.
Morales assumirá o poder em 14 de janeiro com o desafio de erradicar a corrupção e enfrentar um Estado sem financiamento, em condições difíceis porque seu partido FCN-Nação, de direita, terá apenas 11 dos 158 deputados da próxima legislatura.
"Eu penso que não será fácil para Morales, e isto poderemos ver esta semana, quando o Congresso começar a discutir o orçamento. Vamos ver a capacidade de negociação", disse à AFP a socióloga Helen Mack, presidente da Fundação Myrna Mack de defesa dos direitos humanos.
Ela questiona o fato de Morales chegar ao poder como candidato do partido de direita FCN-Nação, fundado por militares da reserva, e por suas alianças com os partidos conservadores Líder e Patriota, que dominaram o cenário político da Guatemala nos últimos anos.
"Já vimos as alianças que sua equipe de trabalho fez com o Líder e o Partido Patriota. Podemos esperar mais do mesmo", alertou Mack.
Morales anunciou uma reunião de sua equipe de governo com os líderes do Congresso para discutir as prioridades orçamentárias.
O presidente eleito citou entre as prioridades o combate à desnutrição, o abastecimento dos hospitais com medicamento e o apoio aos produtores.
AFP