MEIO AMBIENTE
Mudança na direção do vento pode levar lama ao mar de Aracruz, ES.
Maior unidade de conservação marinha do estado pode ser afetada.
Em 01/12/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Com a mudança do vento nos últimos dias, os rejeitos da lama de Mariana, em Minas Gerais, que antes seguiam para o Norte, agora vão em direção ao Sul, em direção às praias de Aracruz, no Espírito Santo. As informações sobre a alteração são da mineradora Samarco, cujos donos são a Vale e a anglo-australiana BHP Billiton.
A Prefeitura de Aracruz garantiu, no entanto, que ainda não foi registrado nenhum vestígio da lama de rejeitos de minério no litoral da cidade. O que aconteceu foi que uma mancha dessa lama, bem mais clara, foi observada a cerca de 30 quilômetros de distância da costa de Aracruz, mar adentro.
No balneário de Santa Cruz, no encontro entre os rios Piraquiaçu e Piraquiaçu Mirim, existem ilhas e manguezais que podem estar ameaçados. A área é protegida e a preocupação é que a lama fique concentrada no local.
“Aqui é onde peixes vêm para desovar. Nós temos aqui a reprodução do robalo, reprodução do mero, a reprodução da carapeba e é de extrema tristeza a gente observar que agora, com essa mudança do vento, a água está se aproximando da região de Santa Cruz”, falou o técnico em segurança do trabalho Luiz Santos Filho.
A lama vem descendo em direção à maior unidade de conservação marinha do Espírito Santo, que fica em Aracruz. A área de proteção ambiental Costa das Algas e o Refúgio da Vida Silvestre, de Santa Cruz, são grandes berçários de tubarões, baleias, arraias e tartarugas.
“As pessoas não conhecem a particularidade que é o mar no litoral do Espírito Santo, o ponto mais rico do Oceano Atlântico e um dos mais importantes do planeta Terra. Por isso, já é chamado, há décadas, de 'amazônia marinha'. Isso aqui é o eixo do funcionamento ecológico de todo o Oceano Atlântico”, destacou o biólogo André Ruschi.
A reserva de Comboios, que pertence aos índios tupiniquins, também está no possível caminho da lama. “É uma preocupação muito grande com as famílias que vivem da pesca. Hoje, nós temos 148 famílias que vivem aqui e a principal fonte de renda é a pesca”, disse o cacique da aldeia de Comboios Antônio Carlos.
Fonte: G1-ES