POLÍTICA INTERNACIONAL

Mugabe é destituído do partido governante do Zimbábue

O partido também decidiu expulsar a primeira-dama.

Em 19/11/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O Comitê Central do partido do presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, a União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Patriótica (ZANU-PF), decidiu hoje (19) destituí-lo como líder da legenda e lhe substituiu pelo ex-vice-presidente, Emmerson Mnangagwa.

O partido também decidiu expulsar a primeira-dama, Grace Mugabe, e vários de seus aliados. A informação é da agência EFE.

Em reunião extraordinária, convocada depois que as seções provinciais retiraram seu apoio a Mugabe, o principal órgão executivo do partido escolheu como novo líder provisório o vice destituído na semana passada após as pressões da facção vinculada às ambições da primeira-dama, Grace Mugabe, de suceder seu marido no poder.

A ZANU-PF encerra assim a liderança do seu fundador, que governou o país durante os últimos 37 anos.

Antes da reunião, realizada a portas fechadas, o presidente do Comitê, Obert Mpofu, se referiu a Mugabe perante a imprensa local como "presidente em fim de mandato" e elogiou a intervenção das Forças Armadas, que segundo ele abrem uma "nova era, não só para o partido, mas para o país".

Mpofu afirmou ainda que o presidente do país tinha feito um grande trabalho "até que Grace e seus parceiros se aproveitaram dele quando envelheceu". Mugabe tem 93 anos.

Mais cedo, as alas jovens da ZANU-PF, que antes apoiavam o casal, se manifestaram pedindo a renúncia do governante e a expulsão da primeira-dama.

Moção de censura

A decisão do Comitê Central da ZANU-PF abre o caminho para que o parlamento aprove uma moção de censura para expulsar Mugabe da presidência, segundo o jornal *** NewsDay.

As informações apontam que a sessão parlamentar para acabar com a era Mugabe poderia acontecer na próxima terça-feira (21) e que a moção contaria com o apoio da ZANU-PF e da oposição.

Mugabe se reúne hoje com os comandantes do Exército – que o mantêm sob prisão domiciliar desde o levante de terça-feira passada (14) – para negociar sua renúncia, embora nos últimos dias tenha se negado a ceder o poder.

As forças armadas buscam forçar a renúncia do presidente ou que seja destituído pelo parlamento para evitar a intervenção de organismos internacionais como a União Africana (UA) e a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), que não veem com bons olhos uma mudança no poder através de um golpe de Estado.