POLÍTICA INTERNACIONAL

Mulheres comandam metade dos ministérios no governo Scholz

O social-democrata Olaf Scholz, de 63 anos, vai suceder a atual chanceler, Angela Merkel.

Em 07/12/2021 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

© Foto: Michael Cappeler/dpa/picture alliance

Futuro chanceler confirma nomes finais do seu governo, que deverá começar os trabalhos ainda esta semana. Percentual de mulheres no comando de ministérios federais é o maior da história da Alemanha.O próximo chanceler federal da Alemanha, o social-democrata Olaf Scholz, de 63 anos, que vai suceder a atual chanceler, Angela Merkel, confirmou nesta segunda-feira (06) os nomes que vão compor o seu governo, o primeiro liderado pela centro-esquerda em 16 anos e também o primeiro distribuído igualmente entre mulheres e homens no país.

Os ministros do Partido Verde e do Partido Liberal Democrático (FDP), já eram conhecidos, e nesta segunda o partido de Scholz, o Partido Social-Democrata (SPD), divulgou os seus.

Seguindo uma promessa de campanha de Scholz, oito pastas serão ocupadas por mulheres, e oito, por homens. O percentual de mulheres no comando de ministérios, de 50%, é o maior da história da Alemanha.

Scholz acabou sendo criticado porque, se o cargo de chanceler federal for incluído no cálculo, haverá mais homens do que mulheres. O futuro chanceler deverá ser eleito nesta quarta-feira pelo Bundestag (Parlamento), já que a aliança entre o SPD, o Partido Verde e o Partido Liberal Democrático tem a maioria dos assentos.

O vice-chanceler será o co-presidente do Partido Verde Robert Habeck, de 52 anos, que assumirá também o ministério da Economia e Energia.

Já o Partido Liberal Democrático ficará com o mais poderoso dos ministérios do governo alemão, o das Finanças, que será comandado pelo presidente da sigla, Christian Lindner, de 42 anos. Ele deverá dar continuidade a uma política de austeridade fiscal, sem aumento de impostos.

Mulheres no comando

O ministério do Interior será liderado pela primeira vez por uma mulher, a também social-democrata Nancy Faeser, de 51 anos. A nomeação da jurista, atualmente líder da bancada do SPD no estado de Hesse, foi considerada uma surpresa. Ela disse querer se concentrar no combate ao extremismo de direita na Alemanha. Segundo ela, essa é a maior ameaça à democracia no país.

Candidata do Partido Verde para a Chancelaria Federal nas eleições de setembro, a co-presidente do Partido Verde Annalena Baerbock ficou com a pasta do Exterior. Seu desafio será conciliar as demandas de sua legenda por uma postura mais dura em relação à Rússia e à China no âmbito dos direitos humanos com uma preferência de Scholz por não entrar em confronto com os dois países sobre assuntos como a Ucrânia e Taiwan. Também é conhecida a postura de Baerbock a favor da interrupção do gasoduto Nord Stream 2.

O ministério da Defesa ficará a cargo de Christine Lambrecht, de 56 anos. A social-democrata será a terceira mulher a ocupar o posto consecutivamente, sucedendo a Ursula von der Leyen e Annegret Kramp-Karrenbauer, ambas da União Democrata Cristã (CDU), de Merkel. Lambrecht reuniu experiência de governo nos últimos dois anos, atuando no Ministério da Justiça.

A atual ministra do Meio Ambiente, Svenja Schulze, de 53 anos, também do SPD, trocará de cargo e irá para o Ministério da Cooperação e Desenvolvimento. Já a pasta da Família terá o comando da social-democrata Anne Spiegel.

Experiente tanto num governo “semáforo” (formado por SPD, FDP e Partido Verde) quanto com as atribuições da pasta da Família, Spiegel passou a ocupar o posto de secretaria estadual do Meio Ambiente, Energia e Mobilidade da Renânia-Palatinado. Antes disso, ela foi secretária estadual da Família.

Leste do país

O gabinete escolhido por Scholz não terá muitos alemães do Leste do país. Dos 17 integrantes, apenas dois cresceram na região da antiga Alemanha Oriental: Steffi Lemke e Klara Geywitz.

Aos 53 anos, a primeira será responsável pelo Ministério do Meio Ambiente, Proteção Ambiental, Segurança Nuclear e Proteção ao Consumidor. Durante 11 anos, Lemke administrou o Partido Verde no âmbito federal. Após perder a eleição regional em 2015, renunciou com toda a diretoria nacional da legenda e voltou a atuar no Bundestag, dedicando-se especialmente a assuntos relacionados à proteção ambiental.

À frente da nova pasta das Obras, Geywitz, de 45 anos, se tornou nacionalmente conhecida ao concorrer à liderança nacional do SPD juntamente com Olaf Scholz, em 2019.

A encarregada de Cultura e Mídia, que não tem status de ministério, será Claudia Roth, do Partido Verde. A equipe feminina é completada por Bettina Stark-Watzinger, do FDP, à frente do Ministério da Educação e Pesquisa.

Epidemiologista na Saúde

Será a primeira vez, também, que a Alemanha terá um ministro com raízes turcas. Aos 55 anos, o ex-co-presidente do Partido Verde Cem Özdemir será ser o novo titular da pasta da Agricultura. Sua designação aconteceu após disputa interna no partido, cuja ala esquerdista queria o líder da bancada verde no Parlamento, Anton Hofreiter, no posto.

Özdemir foi líder nacional do Partido Verde até 2018 e candidato do partido na eleição federal de 2017, numa chapa que dividiu com Katrin Göring-Eckardt. Na eleição de 2021, Özdemir recebeu 40% dos votos em seu círculo eleitoral, em Stuttgart.

Após longas especulações, o epidemiologista Karl Lauterbach foi nomeado o novo ministro da Saúde. O parlamentar social-democrata ganhou notoriedade nacional ao insistir repetidamente em programas de televisão que queria medidas mais severas para frear a disseminação do coronavírus Sars-Cov-2, causador da covid-19. Ele se engajou pela obrigatoriedade de vacinação, restrições mais duras contra não-vacinados e o fechamento total de bares e discotecas.

O ministro do Trabalho e do Social, Hubertus Neil, é o único que permanece no cargo, muito importante para um partido que tem sua base eleitoral nos trabalhadores.

O chefe da Chancelaria Federal será Wolfgang Schmidt. Este ministério coordena o trabalho entre os diversos setores do governo.

Os dois demais ministros do FDP são Volker Wissing (Transportes e Digitalização) e Marco Buschmann (Justiça).

Mais jovem

A idade média do novo chanceler federal e de seus 16 ministros e ministras é de 50,4 anos – menor do que as médias de todos os inícios de legislatura dos quatro governos anteriores, liderados por Merkel. O mandato mais recente de Merkel teve uma média de idade de 51,4 anos.

Aos 63 anos, o mais velho do governo é o próprio Scholz. As ministras mais jovens são as verdes Baerbock e Spiegel, que fazem aniversário no mesmo dia e completerão 41 anos em 15 de dezembro. (rk/as (DPA, Reuters, AFP, OTS - Deutsche Welle)

Leia também:

Após a saída de Angela Merkel, Europa busca um novo líder
Powell, do Fed, vê persistência da inflação e riscos da covid-19
Japão fecha fronteiras e G7 convoca reunião de urgência
Senado sabatina onze servidores para chefiar embaixadas
Áustria impõe lockdown para todos e vacinação obrigatória
Limite diário de entrada no Japão passará para 5 mil viajantes
Biden e Xi tentam esfriar tensão, mas divergem sobre Taiwan
Xi e Biden fazem cúpula virtual em meio a tensão diplomática
Rascunho de conclusão da COP26 adia metas mais ambiciosas
Barack Obama critica China, Rússia e republicanos na COP26

TAGS:
EUROPA | ANGELA MERKEL | ALEMANHA | MULHERES | MINISTÉRIOS | OLAF SCHOLZ