CIDADE
Município de Domingos Martins (ES) decreta situação de emergência.
Estima-se uma perda geral de 30% a 40% na produção.
Em 10/02/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
A Prefeitura de Domingos Martins decretou situação de emergência por conta da estiagem prolongada. O decreto do prefeito Luiz Carlos Prezoti Rocha tem validade de 180 dias e autoriza a mobilização de todos os órgãos municipais sob o comando da Defesa Civil Municipal e Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural nas ações de resposta ao desastre, construção, reconstrução e reabilitação de cenário.
Apesar de haver chovido nos últimos dias, a quantidade não é considerada suficiente para reverter os danos já causados. Segundo relatório feito pelas equipes da Secretaria de Desenvolvimento Rural e do Incaper do município, estima-se uma perda geral de 30% a 40% na produção, processamento e comercialização dos produtos agropecuários no município, com prejuízo estimado em R$ 40 milhões.
Nos mais de 60 dias sem chuva, constatou-se a redução do volume das nascentes, avaliada pelos produtores rurais em 60% e detectada pelos órgãos de monitoramento e concessionárias de captação de água na Bacia do Rio Jucu − Braços Norte e Sul. Além disso, a redução de água compromete safras e/ou ciclo de produção e tem consequências sociais e econômicas.
O prefeito Luiz Carlos Prezoti Rocha destacou os motivos para a promulgação do decreto de situação de emergência hídrica. "Sabemos da importância do meio rural para a sociedade martinense, onde reside aproximadamente 80% de sua população e da relevância da atividade agropecuária de base familiar para a economia do município. A publicação do decreto vai possibilitar que o governo municipal busque recursos e apoio junto aos governos estadual e federal para amparar os produtores rurais prejudicados pela seca, além de unir forças para estipular ações e estratégias", explicou o prefeito.
A publicação do decreto é o primeiro passo para se discuta a criação de mecanismos que disponibilizem água para a produção agrícola e, ao mesmo tempo, atenda às necessidades básicas da população. O objetivo é acelerar os debates e a construção de medidas para que, num futuro próximo (temporada de inverno, período em que historicamente chove menos), seja os prejuízos sejam recuperados e o abastecimento de água normalizado.
Impactos na agricultura e pecuária no município
O estudo avaliou os efeitos da estiagem nas principais culturas agrícolas do município. A produção do café, por exemplo, teve uma perda média de 30% e como consequência da falta de água apresenta baixa qualidade, incidência de broca, bicho vermelho e ácaro vermelho. Outros reflexos para este cultivo são: a maturação desigual, diminuição da carga de frutos, capacidade reduzida de brotação. “O estresse hídrico força a florada, podendo ser observada uma grande presença pinhas para abertura de flor, onde, sem água para o pegamento dessas flores pode aumentar ainda mais as perdas” revela o estudo.
O cultivo de banana teve perdas principalmente em propriedades da Sede, Melgaço, Paraju e Biriricas. Alguns produtores falam em 50% e queda de 40% na qualidade do fruto que se torna fino, queimado e pequeno, com maturação antecipada. Nota-se o tombamento de cachos e planta (alguns arrancam fora até com raízes). A perda de novos plantios pode chegar a 100%, causando prejuízos com insumos e mão-de-obra. Lavouras mais velhas de 3º cacho não estão resistindo. Isso reflete na queda nos preços por causa da importação.
Nas plantações de laranja e tangerina a perda estimada é de mais de 30%. Nesta cultura observa-se a queda dos frutos, fruto seco e com tamanho reduzido, além de folhas murchas. Há perdas da qualidade e produção devido à falta de adubação. O gengibre no fim de janeiro contabilizava prejuízos de 10%, com perda de lavouras novas. A qualidade do produto se compromete nos critérios de tamanho/peso, diâmetro e textura da casca das raízes/rizomas.
O morango também tem como impacto a queda da produção. A floração das lavouras atuais inibiu em torno de 70% e pode ter como consequência: o amolecimento dos frutos, diminuição do calibre, aumento de ácaros e mortandade de plantas. A baroa não está desenvolvendo a raiz e o desenvolvimento está atrasado. A área de plantio das folhosas em geral pode chegar até 60%. Já se prevê para elas o aumento do preço da semente e, consequentemente, o custo. Há dificuldade na produção de mudas, mesma situação do tomate. Este último apresenta aparência ruim, metade dos produtores relataram o fundo preto como principal variação.
Produtores de palmito relatam que há atraso no corte e redução do tamanho e formação das hastes. Quem cultiva milho e feijão destacou que a falta de água afeta a fase da formação do grão e o atraso da colheita reduz a qualidade por causa da quebra dos grãos. As espigas formadas estão secando. Há também aceleração da maturação com formação de plantas pequenas, espigas anormais e grãos reduzidos.
A falta de milho para fazer a silagem e outros fatores como pastagem seca refletem na criação do gado leiteiro. Com isso, há redução da produção de leite e derivados e encarecimento do produto. Em Aracê, por exemplo, a situação está crítica: há casos de nascentes secas. As vacas estão perdendo volume corporal e a fonte de proteína para o gado está sendo apenas ração formulada, aumentando ainda mais o custo de produção. No caso da piscicultura, foram detectados casos de mortalidade de peixes por falta de oxigênio e temperatura elevada da água.
Além da projeção de aumento de preços dos produtos de origem vegetal e animal, os reflexos estão sendo sentidos na agroindústria e no agroturismo. Cascatas, cachoeiras e nascentes com redução significativa de água, paisagens devastadas e secas, incidência de queimadas, impactos no processamento de leite, frutas e outros produtos influenciam diretamente nas atividades.
Fonte: Secom/DM