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Na Turquia, homens protestam de saia para apoiar a mulheres
Nas redes sociais, a resposta, então majoritariamente feminina, foi quase imediata.
Em 23/02/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
As ruas da Turquia foram tomadas por protestos nesta segunda-feira depois que uma jovem de 20 anos foi assassinada em uma tentativa de estupro. A diferença entre esta e tantas outras manifestações sobre o tema é que a maioria dos participantes eram homens vestindo saias.
Tudo começou na semana passada, quando o corpo de Ozgecan Aslan foi encontrado próximo da margem de um rio em Mersin, cidade localizada cerca de 500 quilômetros de Ancara. De acordo com o jornal britânico The Telegraph, ela foi esfaqueada e espancada na cabeça com um cano de ferro ao se defender com um spray de pimenta.
Nas redes sociais, a resposta, então majoritariamente feminina, foi quase imediata. Assim que a notícia do assassinato bárbaro da jovem veio à tona, a hashtag #OzgecanAslan viralizou e centenas de mulheres saíram de casa para protestar por seus direitos.
Logo em seguida, as mulheres ganharam um interessante reforço nessa luta contra a desigualdade: a classe masculina da Turquia e também do Azerbaijão, país vizinho cuja população também se mostrou solidária ao problema.
Agora, no Twitter, por exemplo, centenas de perfis estão compartilhando imagens de homens usando saias. A maioria deles segura ainda uma placa com a hashtag #Ozgecanicinminietekgiy, que significa algo como “use uma minissaia por Ozegan”.
A curiosa e emocionante manifestação ganhou o reconhecimento de milhões de pessoas em todo o planeta. Até Emma Watson, a eterna Hermione da saga Harry Potter e notória porta-voz da igualdade de gênero, foi ao Twitter apoiar a atitude dos turcos.
Para Hulya Gulbahar, advogada e ativista turca de direitos das mulheres ouvida pela rede de notícias CNN, o protesto encabeçado pelos homens é de extrema importância no atual contexto político da Turquia. Segundo ela, é a primeira vez que a luta pela igualdade de gênero é tão apoiada no país.
“O movimento feminista está tentando dizer para a sociedade ’minha roupa não é justificativa para estupro ou assédio sexual’. Mas ninguém quer ouvir estas vozes”, constatou Hulya. “Essa manifestação mostra que usar uma saia curta não é uma desculpa para violência sexual”.
De acordo com dados do “The Gender Gap Report” da Organização das Nações Unidas (ONU), a igualdade de gênero na Turquia ainda tem muito para caminhar. O país está na 125ª posição entre os lugares que mais tratam homens e mulheres como iguais na edição 2014 do relatório que avaliou 142 países.
Fonte: Exame