ESPORTE INTERNACIONAL
Neymar, lesão de Messi e pressão dão tom à moda antiga a Brasil x Argentina.
Em 12/11/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Há quase um consenso em Buenos Aires, palco do jogaço desta quinta-feira à noite entre Brasil e Argentina: podem esquecer espetáculo, plástica, arte, espaços... O clássico deverá ser disputado à moda antiga. Ou seja: salvem-se as canelas que puderem. A situação dos anfitriões está bem longe de ser confortável. O início das eliminatórias da Copa de 2018 foi pior que o brasileiro. Juntaram-se a Messi, no departamento médico, os outros principais atacantes, Agüero e Tevez. Portanto, o "estreante" Neymar e companhia podem esperar por 90 minutos doloridos. A partida começa às 22h (de Brasília), com transmissão ao vivo da TV Globo, do SporTV e do GloboEsporte.com, que começará a acompanhar a movimentação às 20h30.
Neymar será o primeiro do considerado melhor ataque do mundo a estrear na competição, depois de cumprir suspensão pela briga com o árbitro Enrique Osses durante a Copa América. Estrear mesmo. O camisa 10 jamais disputou um jogo de eliminatórias. Seus companheiros de Barcelona só jogarão em 2016. Suárez ainda paga pela mordida em Chiellini, no Mundial do ano passado, e o favorito a conquistar pela quinta vez a Bola de Ouro, Messi, está lesionado.
Essa lesão, somada a outros fatores, torna a partida no Monumental de Nuñez muito mais ríspida do que foram os últimos jogos, com craques a rodo dos dois lados. Veja a seguir cinco razões que tornam ainda mais imperdível o Brasil x Argentina desta quinta-feira.
Desfalques
Sem a genialidade de Messi, os gols de Aguero e a habilidade de Tevez, a referência da seleção argentina passa a ser Mascherano, grande jogador, porém muito mais duro, com foco na destruição e não na criação. Órfão de seus principais atacantes, o técnico Tata Martino deverá manter o sistema tático com três homens de frente, mas muito mais preocupados com a marcação do que seriam os titulares, além de um meio-campo batalhador, fechado, compacto. Os jornalistas que acompanham a seleção local não estão lá muito otimistas em relação ao desempenho dessa equipe, e garantem: será um time mais ríspido.
Craque do jogo
Se a Argentina sofre com perdas grandiosas, o Brasil comemora a volta de seu maior craque. Neymar fará sua estreia em jogos de eliminatórias de Copa do Mundo, depois de ter sido mero telespectador da derrota para o Chile e da vitória sobre a Venezuela. Em momento brilhante no Barcelona, onde assumiu a responsabilidade de liderar tecnicamente com a lesão de Messi, ele tem índices animadores. Fez gols em sua estreia pela Seleção (2010 contra os Estados Unidos), e nas estreias das Olimpíadas (2012 contra o Egito), Copa das Confederações (2013 contra o Japão) e Copa do Mundo (2014 contra a Croácia). Só passou em branco na Copa América, no empate sem gols com a Venezuela. Será possível manter a escrita na casa dos hermanos?
Freguesia
O Brasil não pode se gabar de muita coisa no panorama recente do futebol mundial, mas um fato é difícil de ser contraposto: a superioridade nos confrontos diante do maior rival. A Argentina tem sofrido bastante. Lembrem-se das finais das edições de 2004 e 2007 da Copa América, quando a Seleção venceu sem ter seus principais jogadores, ou do baile na final da Copa das Confederações de 2005, por exemplo. Mais recentemente, os três Superclássicos das Américas, em 2011, 2012 e 2014, foram conquistados pelo Brasil, sendo que o último apenas três meses depois do 7x1, e com direito a Messi e todos os vice-campeões do mundo em campo.
A última vitória brasileira fora de casa pelas eliminatórias foi, adivinhem contra quem? Argentina, em 2009, na cidade de Messi: 3x1. Dunga era o comandante, e ele, aliás, nunca perdeu o clássico como técnico da equipe principal: são quatro vitórias e um empate.
Eles não admitem, mas se incomodam, e bastante com o jejum, principalmente por também não se tratar de um dos melhores momentos da história do futebol pentacampeão.
Um pontinho
Derrotada pelo Equador em casa na estreia das eliminatórias, a Argentina tem, depois de duas rodadas, um mísero ponto conquistado no Paraguai, graças a um 0x0. A seleção, aliás, ainda não fez gols, o que aumenta a impressão da dependência de Messi, menosprezado por parte da torcida no país. Não é só no Brasil que há crise. Tata Martino também é questionado, há sugestões para a contratação de um substituto e novo revés diante do fanático povo argentino, dessa vez para o maior adversário, causará danos bastante graves.
Vale lembrar que na semana que vem a Argentina enfrentará a Colômbia, fora de casa, novamente sem seus principais atacantes. Por isso, se impor dentro de casa passou a ser ainda mais fundamental para os atuais vice-mundiais.
Rivalidade
O tom da partida foi dado pelo "Olé", principal jornal esportivo da Argentina. Sua capa, na última quarta-feira, não foi dedicada a nenhum jogador argentino. Nem Di Maria nem Lavezzi nem o artilheiro Higuaín ou o capitão Mascherano. A edição estampava David Luiz e uma suposta declaração, desmentida pelo jogador, sobre a perda de poder do adversário sem Lionel Messi em campo. A manchete "Só cabelo", seguida da pergunta no subtítulo "O que David Luiz tem na cabeça?", não foi dos ataques mais leves, como não deverão ser as divididas em campo.
Afinal de contas, trata-se de Brasil x Argentina, meus amigos. Não interessa quem jogue, quem torça, quem sejam os desfalques, quem comande as equipes ou quem apite. É um dos maiores jogos, senão o maior, entre seleções do futebol mundial.
FICHA TÉCNICA
BRASIL: Alisson (Jefferson), Daniel Alves, Miranda, David Luiz e Filipe Luís; Luiz Gustavo, Elias, Oscar (Ricardo Oliveira), Willian e Douglas Costa; Neymar. Técnico: Dunga
ARGENTINA: Romero, Roncaglia, Otamendi, Funes Mori e Rojo; Mascherano, Biglia e Banega; Di Maria, Lavezzi e Higuaín. Técnico: Tata Martino
Data: 12/11/2015
Horário: 22h (de Brasília)
Local: Estádio Monumental de Nuñez, em Buenos Aires (Argentina)
Árbitro: Antonio Arias (PAR)
Auxiliares: Eduardo Cardozo (PAR) e Milciades Saldívar (PAR)
Fonte: GE