EDUCAÇÃO
Nota mil na redação do Enem, aluno do ES tem facilidade é com números.
Vinícius se formou no curso técnico em mecânica e quer fazer engenharia.
Em 20/01/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
A facilidade do jovem Vinícius Alves, de 17, anos, é com os números, mas a dedicação em 2016 foi com as palavras, atualidades, argumentação e dissertação. O resultado não poderia ser outro, mas ainda assim surpreendeu: ele foi um dos 77 candidatos no Brasil que tirou nota 1.000 na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O rapaz sonha em ser engenheiro.
Morador de Cariacica, município da Grande Vitória, Vinícius se formou no curso técnico em mecânica integrado ao ensino médio, no campus Vitória do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), no ano passado. Ele foi aluno cotista.
O jovem contou que a leitura sempre foi um hobby, mas sabia que se quisesse ter uma boa nota no Enem, deveria também saber escrever bem. Esse foi o foco em 2016.
"Pra fazer uma boa redação, a pessoa não tem necessariamente que ser boa em humanas, tem que saber dissertar bem, argumentar bem, ter um bom vocabulário. Tem que treinar muito, escrever muitas redações, saber o que está acontecendo no Brasil e no mundo. Foi isso que fiz e gostar de ler ajudou bastante, eu lia muito todos os dias", contou.
Dedicado, Vinícius fez três vezes a prova do Enem até tentar para valer. Segundo ele, para ver como era o exame, perceber o tempo que iria gastar para terminar. Em meio à rotina de estudos, a escola se tornou uma segunda casa.
"Ficava o dia inteiro estudando e minha família sempre entendeu isso, sempre me apoiou. Isso foi muito importante para mim. Sempre fui de aproveitar as oportunidades, como as atividades extracurriculares da escola. Participei de coral, Minionu, olimpíada de matemática, Reditec, WFCP, e isso tudo sempre me ajudou muito."
Ajudou, inclusive, na própria redação do Enem. Duas semanas antes da prova, Vinícius foi para Belo Horizonte participar da 17ª edição do Modelo Intercolegial da Organização das Nações Unidas (Minionu). Ele até cogitou não ir, por causa da proximidade do Exame.
"Eu pensei em não ir, mas no final decidi que valia a pena. E valeu até mais, porque o tema era liberdade religiosa, então eu estudei muito para poder discutir bem na Minionu. Pude também ouvir a opinião de outras pessoas e assim aprender mais. Também acabamos caindo na discussão da intolerância religiosa, que foi justamente o tema da redação", lembrou.
Segredo para um bom desempenho
Para o jovem, o segredo para ter um bom desempenho nas provas - e também na vida - é não deixar nada para depois, sempre investir em algo produtivo.
"Tem que sentar e estudar de verdade. Se tem um tempo livre, pode usar para investir nos estudos, assistindo as notícias ou a um bom filme. Normalmente as pessoas arranjam muitas desculpas e isso atrapalha muito. Não fazem ou ficam procurando empecilho. Tem que estudar para atingir o que se quer alcançar", aconselhou.
Futuro
Formado em Técnico em Mecânica, Vinícius continua inclinado para a área de Exatas, nas engenharias. Recentemente ele tentou as provas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a da Fuvest, que direciona para a Universidade de São Paulo (USP); as duas ainda mantém o modelo tradicional de vestibular.
"Tentei a prova de engenharia, mas ainda não sei qual, porque nas duas universidades o aluno faz dois anos de matérias gerais e depois escolhe o que quer. Estou mais inclinado a escolher mecatrônica ou computação. Também tentei outras universidades pelo Sisu", disse.
Para Vinícius, escrever bem é algo que todos deveriam saber, independente da área de atuação. "Para conseguir emprego em algumas empresas, já exigem prova de redação. Engenheiros também precisam fazer relatórios, então não dá para escrever cheio de erros. Todo brasileiro tem que saber bem o português", acredita.
Vida
Filho único de pais separados, o jovem mora com a mãe em uma casa simples no bairro Flexal I, em Cariacica, município que faz parte da Grande Vitória. Ele contou que sempre estudou em escolas públicas e foi esforçado, mas que depois que começou a estudar no Ifes precisou se dedicar mais.
Como o curso no Ifes não oferecia preparação específica para o Enem e vestibular, Vinícius precisou buscar a ajuda de um cursinho preparatório particular, onde conseguiu bolsa de estudos.
É o orgulho da mãe Virgínia Reis Alves, de 37 anos, que é caixa de supermercado.
"O Vinícius é autodidata. Passava o dia inteiro estudando no quarto. Fiquei muito emocionado com o desempenho dele, pois esse ano que passou foi muito difícil para nós. Somos só nós dois e eu estava desempregada. Então, qualquer trabalho que eu conseguia, era direcionado a almoço, lanche, passagens e cópias de material de estudo para ele. Eu estou muito feliz com tudo o que está acontecendo, de saber que ele veio de escola pública e conseguiu muita coisa por méritos próprios. Estou muito orgulhosa, me realizo com ele", falou a mãe.