MEIO AMBIENTE
Nova usina solar flutuante vai atender 9,5 mil famílias até 2017, no Amazonas.
Usina solar flutuante será construída no lago da hidrelétrica de Balbina (Foto: Ive Rylo / G1 AM).
Em 05/03/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Uma usina solar flutuante será construída até 2017 no lago da hidrelétrica de Balbina, no município de Presidente Figueiredo, a 107 km de Manaus. O lançamento do projeto, que prevê atender quase dez mil famílias, foi realizado na manhã de sexta-feira (4). De acordo com o Ministério de Minas e Energia,a ideia é investir na geração híbrida de energia em busca de maior eficiência energética e redução das tarifas para os consumidores.
Segundo a Eletrobras, esta será a primeira usina solar flutuante do mundo. O sistema é utilizado em vários países, mas será implantado pela primeira vez dentro de uma hidrelétrica.
A tecnologia já começou a ser implantada em Balbina - que fornece energia ao município de Presidente Figueiredo, a Manaus, e está conectada ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) - a fim de utilizar a infraestrutura ociosa da subestação de energia e rede de transmissão, nos períodos de estiagem, bem como compensar as perdas energéticas. Em condições normais, Balbina atende até 15% da necessidade energética da capital, contudo, com a forte seca do rio Uatumã, está suprindo apenas 5%, atualmente.
Com investimentos de aproximadamente R$ 55 milhões, a previsão é que até o primeiro semestre de 2017, a usina seja concluída fornecendo para a rede 5 megawatts, o que corresponde ao abastecimento de 9.500 famílias. A primeira etapa do projeto deve ficar pronta em agosto de 2015, quando será construído o primeiro hectare, o que corresponde a um campo de futebol, que irá gerar 01 (um) megawatt.
Ao todo, no país, o projeto vai custar aproximadamente RS 112 milhões, com a construção da usina solar no Amazonas e outra na Bahia, na hidrelétrica de Sobradinho.
De acordo com o diretor da Sunlution, a segurança energética e a redução dos custos da tarifa são os principais benefícios que a população deve sentir com o adoção do sistema de geração de energia solar. "Normalmente a substituição da água, quando não tiver (em períodos de estiagem), é feita por óleo ou por diesel, e é muito oneroso, fora que é poluente. A redução pode vir de várias formas, não tenho um cálculo efetivo de qual percentual, mas essa geração de energia vai reduzir", disse Orestes Gonçalves.
De acordo com o presidente da Eletrobras, José da Costa, a redução dos custos com a geração de energia solar, comparada a termoelétrica, deve impactar diretamente o bolso do consumidor. "Ainda é difícil avaliar em quanto pode ficar a redução, mas de qualquer maneira, a gente sabe que pode ter uma redução substancial. Hoje, a participação da solar na matriz energética brasileira é muito pequena, mas a gente julga que nos próximos anos ela vai subir e pode chegar a até 10% ou mais. Cada vez mais estes painéis estão reduzindo [preço], então a energia solar vai ficar muito barata e então esta economia vai ser repassada para as tarifas que beneficiam o consumidor brasileiro", afirmou o presidente.
Após a finalização do sistema em 2017 - em que os 5 megawatts irão abastecer 9.500 famílias - a ideia é ampliar o investimento e aproveitar as condições favoráveis do Lago. Com isto, dependendo dos resultados obtidos, a ideia é saltar de 5 megawatts para 300 megawatts, abastecendo 540 mil famílias.
Os recursos utilizados no projeto são oriundos de fundos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O projeto é fruto de um edital lançado pelo Ministério de Minas e Energia, vencido pela empresa Sunlution que irá fornecer flutuadores com placas fotovoltaicas e estudos sobre a geração híbrida de energia.
Tecnologia
Para o lançamento do projeto, foram instalados 16 paineis fotovoltaveis sobre o lago, o que corresponde a 65 metros quadrados. O sistema piloto já começou a produzir aproximadamente 4 quilowatts. Ao final da implantação do projeto, serão instaladas 20 mil placas fotovoltaicas que irão produzir 5 megawatts.
De acordo com Gonçalves, a geração solar flutuante é uma inovação com tecnologia francesa, alocada pela primeira vez no mundo em uma hidrelétrica. "Nosso grande objetivo é trabalhar com geração híbrida, tendo duas fontes em uma única infraestrutura. O que vai baratear a conta do consumidor final e dar maior segurança energética", disse.
Ele explicou que para a produção elétrica com esta nova tecnologia, são utilizadas placas fotovoltaicas que captam a radiação solar. "A placa tem um cilício, que, por movimento, produz energia que é transferida por cabos até o eletrocentro, duas caixas vermelhas. Estas caixas transformam energia de corrente contínua para corrente alternada, para entrar para o Sistema Nacional, que é a subestação da usina e dela vai para as residências", explicou.
O custo da geração de energia solar em usina flutuante fica próximo de RS 6,5 milhões por megawatts instalados. Preço similar ao da geração solar em terra, explicou o diretor. "A gente considera que após um tempo de produção, vamos ser mais competitivos que a geração solar em terra", observou o diretor Orestes Gonçalves.
Estratégia
A ideia de inserir a usina flutuante no lago da hidrelétrica de Balbina é uma e estratégia para reduzir custos, uma vez que serão utilizadas estruturas da subestação. "Isto aqui é muito importante, porque você já tem o aproveitamento hidrelétrico. Você já tem o lago para colocar as placas, a subestação do outro lado e a linha de transmissão. Então muitas vezes neste lago, como neste período, a água está baixa e a usina que tem condições de gerar 260 megawatts, está gerando só 50 megawatts. Então, a instalação não está sendo completamente utilizada. Se tiver essa complementação solar, você deixa de usar geração térmica, mais cara. Isso vai fazer com que baratear para o consumidor final", disse o presidente da Eletrobrás, José da Costa.
O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, apontou as vantagens da geração híbrida utilizando a infraestrutura ociosa dos reservatórios. "Aqui em Balbina é um caso bastante típico, em que temos uma subestação de 300 MVA, que poderia estar transmitido algo como 250 megawatts, hoje usa 50 megawatts e que vamos poder suplementar com energia solar e com custo muito reduzido. Fazendo com que tenhamos eficiência energética, gestão energética, melhor gestão hídrica dentro dos reservatórios e ao mesmo tempo baratear energia, para que tarifa seja mais barata em nosso país", disse.
O ministro apontou também que além de Camaçari na Bahia, as placas flutuantes também devem ser fabricadas no Polo Industrial de Manaus.